São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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Starbucks ensaia desembarque no Brasil

Maior cafeteria do mundo, que investe em variedade de grãos, diz que país está nos planos, assim como Índia e Rússia

LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

A maior rede de cafeterias do mundo está de olho no Brasil. O país foi citado nesta semana pela americana Starbucks como um dos três novos mercados visados para expansão -os outros são Índia e Rússia. Mas, apesar de incessantes rumores no sentido contrário, os planos não são de curto prazo.
"Estamos animados com as oportunidades no Brasil, mas neste momento não temos anúncios a serem feitos sobre o mercado de vocês", afirmou à Folha Pablo Arizmendi, vice-presidente de desenvolvimento e marketing para a América Latina da Starbucks Coffee International. "Não temos um acordo assinado com nenhuma organização no país para desenvolver a marca."
A rede, que começou em 1971, em Seattle, só chegou em agosto do ano passado à América do Sul, com lojas no Peru e no Chile. É uma presença modesta na região, se considerado que a Starbucks tem mais de 1.500 lojas espalhadas por 31 países. Somadas as existentes nos EUA, o número salta para 8.337 (nenhuma franquia). O objetivo, ainda sem prazos definidos, é chegar a 30 mil.
Os números da Starbucks são todos superlativos. No ano fiscal de 2003, a receita líquida consolidada chegou a US$ 4,1 bilhões, um crescimento de 24% sobre o ano anterior.
"Estamos atentos ao alto potencial do mercado brasileiro", afirmou Katherine Chang, porta-voz da rede. "Mas ainda estamos no etapa de exploração. Levamos tempo para termos certeza de que temos o parceiro certo para uma joint venture, com a experiência adequada em varejo."
Outra questão crucial é se a Starbucks "se insere culturalmente" no mercado brasileiro. Pode soar estranho, já que o negócio principal da empresa é café, produto largamente consumido no país. Mas café é só o começo. O que se vende ali, diz o anúncio, é a "experiência Starbucks".

Internet, CD e 42 cafés
A Starbucks cresceu nos anos 90 em progressão geométrica. Hoje, em cidades como Nova York, é possível encontrar três lojas no mesmo quarteirão.
Desde 1992, a Starbucks tem ações negociadas na Bolsa eletrônica Nasdaq. A marca está tão institucionalizada nos EUA que até cartão de fidelidade tem. Também é possível comprar cartões pré-pagos e vale-presentes de até US$ 100. Para levar para casa, há cafeteiras, os pós de café da casa, sorvete de café e o indefectível frappuccino engarrafado.
A última novidade da rede, anunciada nesta semana, é um "media bar". Tradução: os clientes, entre um cappuccino e um "mocha", poderão criar CDs personalizados e gravá-los na própria cafeteria, a partir de um amplo arquivo musical digitalizado. Inicialmente, 45 lojas nos EUA oferecerão o serviço.
O atrativo é só um dos que explicam o que leva tanta gente a pagar mais de US$ 3,50 (R$8,50) por um cappuccino -um preço amargo mesmo nos EUA.
A variedade do menu há de ser levada em conta: para uma xicrinha (que aqui é um copo de pelo menos 300 ml), é possível escolher entre 42 tipos de grãos moídos pela empresa. Parece muito? Pois entre o velho café com leite, frappuccinos e coisas com nomes como "pumpkin spice latte" (algo como leite com café aromatizado com abóbora e especiarias), há mais 47 bebidas à base do grão. Para quem não gosta de café, 23 achocolatados e outras bebidas com leite ou chá.
Com tanta coisa para experimentar, o cliente pode passar horas na loja. Muita gente realmente passa. Laptops em punho, lá estão eles a transformar as mesinhas da cafeteria em seu escritório ou sala de estudos itinerante, sem serem incomodados.
A maioria das Starbucks hoje oferece internet sem fio de alta velocidade gratuitamente, mantendo os clientes na loja às vezes por manhãs ou tardes inteiras. E haja café, cappuccino, frappuccino...


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