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Caixa lança crédito imobiliário com juro fixo
Empréstimos à classe média terão taxas predefinidas, o que permite ao comprador saber o valor de todas as prestações
Linha de crédito financiará imóveis novos, usados ou
na planta, no prazo de 180 meses; empréstimo cobre até 80% do valor do imóvel
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A Caixa Econômica Federal
anunciou ontem as taxas da nova modalidade de empréstimo
imobiliário para a classe média.
Com juros prefixados (que permitem ao comprador saber o
valor da prestação do começo
ao fim do financiamento), as
alíquotas da novidade no setor
de crédito habitacional variam
de 11,9% ao ano, no caso de
imóveis de até R$ 130 mil, a
14,5% ao ano, para imóveis acima de R$ 350 mil.
A TR (Taxa Referencial) foi
retirada do cálculo nessa modalidade. O índice corrige os
depósitos de poupança e gira
em torno de 2,5% ao ano.
As novas taxas são menores
que as de planos de parcelas fixas já existentes no mercado,
que têm juro de até 18% ao ano.
A linha de crédito financiará
imóveis novos, usados ou na
planta, no prazo de 180 meses
(15 anos). O empréstimo cobre
até 80% do valor do imóvel escolhido. As novas taxas estarão
disponíveis nas agências da
Caixa até o final da semana.
A nova linha de crédito, que
utilizará recursos da própria
Caixa (poupança e captados no
mercado), foi anunciada ontem
pela presidente da instituição,
Maria Fernanda Coelho.
Taxa pré ou pós-fixada
"O principal benefício é a
oportunidade de escolha: você
tanto pode escolher a taxa de
juros prefixada como a pós-fixada", disse Coelho, durante
solenidade na Vila do Pan (zona
oeste do Rio).
Segundo Coelho, as operações para financiamento imobiliário eram realizadas por
contratos em que as prestações
são reajustadas usado a TR,
mais juros de 6% a 12%, dependendo da renda do interessado
e o valor do imóvel. As operações com TR permanecem.
""O objetivo da taxa de juros
prefixada é potencializar e alavancar ainda mais essa operação do crédito habitacional",
disse Coelho.
O secretário-geral da Abecip
(Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário
e Poupança), Carlos Eduardo
Duarte Fleury, prevê que a iniciativa da Caixa vai mexer no
mercado.
"As instituições vão ter a
oportunidade de apresentar
produtos diferenciados em
classe de renda e tipos de imóvel a partir de agora. O mercado
era muito travado", disse o executivo, acrescentando que novos bancos deverão anunciar linhas parecidas com as apresentadas ontem pela Caixa.
Segundo Fleury, o fim da TR
""ajudará o mutuário". ""É interessante para o consumidor saber que a sua mensalidade será
sempre igual. Mostra também
que estamos deixando a cultura
inflacionária", afirmou o secretário-geral da associação.
Medida "é ruim"
O presidente da Camerj
(Central de Atendimento ao
Mutuário do Estado do Rio de
Janeiro), Romeu Carvalho, não
aprovou a nova modalidade de
crédito imobiliário anunciada
pela Caixa.
"É tão ruim quanto as outras
formas. Os juros vão continuar
se multiplicando de uma forma
astronômica. A TR já não era
mais o monstro do sistema",
disse Carvalho.
"Para ter idéia, o mutuário
que fizer um empréstimo de R$
100 mil vai devolver esse valor
ao banco e pagar mais cerca de
R$ 116 mil à instituição no final
de 180 meses. Assim é demais",
acrescentou o presidente da
Camerj.
R$ 14 bi é a meta
Para essa nova linha de financiamento, o banco, líder em
empréstimos para a compra de
imóveis, destinará cerca de R$ 1
bilhão até o final deste ano.
A Caixa informou ontem já
ter emprestado mais de R$ 11
bilhões para habitação em
2006 -a meta em 12 meses é de
R$ 14 bilhões, recorde histórico, dos quais 75% são destinados a famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos (hoje, R$ 1.750).
Outra mudança prevista no
pacote foi a utilização do crédito com desconto em folha para
a compra da casa própria.
Especialistas do setor, entretanto, alertam os interessados
nesse tipo de crédito que terão
o desconto das parcelas feito
diretamente no salário e não
poderão contar com esse dinheiro por prazos longos, uma
vez que financiamentos habitacionais têm prazos de pagamento que alcançam até 20
anos.
Colaborou CLARICE SPITZ ,
da Folha Online, no Rio
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