São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 2006

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Caixa lança crédito imobiliário com juro fixo

Empréstimos à classe média terão taxas predefinidas, o que permite ao comprador saber o valor de todas as prestações

Linha de crédito financiará imóveis novos, usados ou na planta, no prazo de 180 meses; empréstimo cobre até 80% do valor do imóvel

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A Caixa Econômica Federal anunciou ontem as taxas da nova modalidade de empréstimo imobiliário para a classe média. Com juros prefixados (que permitem ao comprador saber o valor da prestação do começo ao fim do financiamento), as alíquotas da novidade no setor de crédito habitacional variam de 11,9% ao ano, no caso de imóveis de até R$ 130 mil, a 14,5% ao ano, para imóveis acima de R$ 350 mil.
A TR (Taxa Referencial) foi retirada do cálculo nessa modalidade. O índice corrige os depósitos de poupança e gira em torno de 2,5% ao ano.
As novas taxas são menores que as de planos de parcelas fixas já existentes no mercado, que têm juro de até 18% ao ano.
A linha de crédito financiará imóveis novos, usados ou na planta, no prazo de 180 meses (15 anos). O empréstimo cobre até 80% do valor do imóvel escolhido. As novas taxas estarão disponíveis nas agências da Caixa até o final da semana.
A nova linha de crédito, que utilizará recursos da própria Caixa (poupança e captados no mercado), foi anunciada ontem pela presidente da instituição, Maria Fernanda Coelho.

Taxa pré ou pós-fixada
"O principal benefício é a oportunidade de escolha: você tanto pode escolher a taxa de juros prefixada como a pós-fixada", disse Coelho, durante solenidade na Vila do Pan (zona oeste do Rio).
Segundo Coelho, as operações para financiamento imobiliário eram realizadas por contratos em que as prestações são reajustadas usado a TR, mais juros de 6% a 12%, dependendo da renda do interessado e o valor do imóvel. As operações com TR permanecem. ""O objetivo da taxa de juros prefixada é potencializar e alavancar ainda mais essa operação do crédito habitacional", disse Coelho.
O secretário-geral da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), Carlos Eduardo Duarte Fleury, prevê que a iniciativa da Caixa vai mexer no mercado.
"As instituições vão ter a oportunidade de apresentar produtos diferenciados em classe de renda e tipos de imóvel a partir de agora. O mercado era muito travado", disse o executivo, acrescentando que novos bancos deverão anunciar linhas parecidas com as apresentadas ontem pela Caixa.
Segundo Fleury, o fim da TR ""ajudará o mutuário". ""É interessante para o consumidor saber que a sua mensalidade será sempre igual. Mostra também que estamos deixando a cultura inflacionária", afirmou o secretário-geral da associação.

Medida "é ruim"
O presidente da Camerj (Central de Atendimento ao Mutuário do Estado do Rio de Janeiro), Romeu Carvalho, não aprovou a nova modalidade de crédito imobiliário anunciada pela Caixa.
"É tão ruim quanto as outras formas. Os juros vão continuar se multiplicando de uma forma astronômica. A TR já não era mais o monstro do sistema", disse Carvalho.
"Para ter idéia, o mutuário que fizer um empréstimo de R$ 100 mil vai devolver esse valor ao banco e pagar mais cerca de R$ 116 mil à instituição no final de 180 meses. Assim é demais", acrescentou o presidente da Camerj.

R$ 14 bi é a meta
Para essa nova linha de financiamento, o banco, líder em empréstimos para a compra de imóveis, destinará cerca de R$ 1 bilhão até o final deste ano.
A Caixa informou ontem já ter emprestado mais de R$ 11 bilhões para habitação em 2006 -a meta em 12 meses é de R$ 14 bilhões, recorde histórico, dos quais 75% são destinados a famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos (hoje, R$ 1.750). Outra mudança prevista no pacote foi a utilização do crédito com desconto em folha para a compra da casa própria.
Especialistas do setor, entretanto, alertam os interessados nesse tipo de crédito que terão o desconto das parcelas feito diretamente no salário e não poderão contar com esse dinheiro por prazos longos, uma vez que financiamentos habitacionais têm prazos de pagamento que alcançam até 20 anos.


Colaborou CLARICE SPITZ , da Folha Online, no Rio



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