São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2007

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Brasil cai 5 posições em lista de investimento

Unctad diz que país recuou do 14º para o 19º posto em 2006, mesmo com aumento de 25% do fluxo de aportes externos

No ano passado, entraram US$ 18,8 bilhões e saíram US$ 28 bilhões do país, resultando num saldo negativo pela primeira vez

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Apesar de ter recebido quase US$ 19 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED) em 2006, com aumento de 25% em relação ao ano anterior, o Brasil caiu no ranking dos maiores receptores do mundo -da 14ª para a 19ª colocação.
A informação faz parte do relatório anual sobre investimentos da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), divulgado ontem em Genebra.
Pelo terceiro ano consecutivo, o investimento estrangeiro direto no mundo teve crescimento em 2006. Chegou a US$ 1,3 trilhão, ficando perto do recorde registrado em 2000, quando atingiu a marca de US$ 1,4 trilhão.
De acordo com o relatório da Unctad, o aumento do IED em termos globais foi de 38% em relação a 2005. Na América Latina, o crescimento foi bem mais baixo, de 11%. O Brasil saiu do patamar de US$ 15,1 bilhões de 2005 e chegou a US$ 18,8 bilhões, praticamente empatando na liderança do continente com o México, que recebeu US$ 19 bilhões, pouco menos que os US$ 19,7 bilhões do ano anterior.
No ranking global, entretanto, o Brasil perdeu cinco posições, ficando em 19º lugar entre os maiores receptores de IED do mundo (ver tabela nesta página). No ranking anterior, divulgado pela Unctad em outubro de 2005, o país já havia caído quatro posições.
O relatório destaca ainda que pela primeira vez na história o fluxo de investimento brasileiro no exterior foi maior que o recebido, atingindo a marca de US$ 28 bilhões.
Em grande parte, isso foi resultado da compra da mineradora canadense Inco pela Vale do Rio Doce, em outubro do ano passado, na maior aquisição já realizada por uma empresa latino-americana.
A Unctad, órgão da ONU criado em 1964, cuja meta principal é promover a integração dos países em desenvolvimento à economia mundial, atribui o crescimento dos fluxos de IED a fatores como o aumento cada vez mais significativo dos lucros das empresas, que fez subir o preço de suas ações e possibilitou maior número de aquisições e fusões de empresas estrangeiras.
Outro fator destacado pelo relatório é a crescente importância dos fundos de investimento na economia mundial. Em 2006, segundo a Unctad, esses fundos participaram de fusões e aquisições de empresas estrangeiras no total de US$ 158 bilhões -aumento de 18% em relação a 2005.

Descrença
Na apresentação do relatório, na sede européia da ONU, em Genebra, o tailandês Supachai Panitchpakdi, secretário-geral da Unctad, demonstrou ceticismo em relação ao efeito que esses fundos de investimento podem ter na economia mundial.
"O relatório recomenda que os países tenham um entendimento melhor do papel desses fundos, para que criem uma estratégia que estimule os investimentos de longo prazo", disse Supachai, ressaltando o risco de desestabilização inerentes aos investimentos estrangeiros de curto prazo.
O relatório de investimento da Unctad, que neste ano tem como foco as empresas multinacionais e as indústrias extrativistas, mostra o retorno dos Estados Unidos ao topo do ranking dos maiores recebedores de IED do mundo, com US$ 175 bilhões. Em 2005, a primeira posição havia ficado com o Reino Unido, que agora ocupa a vice-liderança, com US$ 139 bilhões de IED.


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