São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2007

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Bolsa cai 2% sob impacto de discurso de Bernanke

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas da penúltima reunião do Copom deste ano, a Bovespa teve um dia fraco e registrou queda de 1,99%, após operar no vermelho durante todo o pregão de ontem. Os investidores não receberam muito bem as declarações de Ben Bernanke, presidente do banco central dos EUA, feitas na noite de segunda-feira -as Bolsas de Valores caíram nas principais praças financeiras.
Ao menos a baixa de ontem não engoliu os ganhos acumulados no mês pela Bovespa, que estão em 2,07%. Ontem, a Bolsa divulgou que o saldo dos investimentos de estrangeiros neste mês, até o dia 10, está negativo em R$ 2,12 bilhões, o que mostra que eles mais venderam do que compraram ações de companhias brasileiras no período. Isso aponta que é o investidor doméstico que está sustentando a Bovespa em terreno positivo neste mês.
Em seu discurso de segunda, o presidente do Fed (o banco central americano) avaliou que a crise no segmento de crédito imobiliário dos EUA, que abalou os mercados mundiais especialmente em agosto, ainda não acabou por completo. Além disso, Bernanke disse que ainda pode ser cedo para avaliar o alcance do impacto dessa crise imobiliária na economia real.
Em Wall Street, o índice Dow Jones, importante referência para o mercado acionário mundial, caiu 0,51%. A Bolsa eletrônica Nasdaq recuou 0,58%.
Notícias corporativas e mais um avanço no preço do barril de petróleo no exterior colaboraram para o resultado negativo dos mercados.
Uma das empresas que desapontaram os investidores foi a Ericsson, que revisou para baixo a projeção de seu lucro para o terceiro trimestre.
Na Europa, o ritmo foi parecido. A Bolsa de Londres perdeu 0,45%, enquanto a de Paris teve baixa de 0,57%.
No mercado financeiro, começa-se a discutir a possibilidade de o BC americano não voltar a reduzir os juros básicos do país em sua próxima reunião, no fim deste mês. No encontro de setembro, a taxa básica dos EUA foi reduzida de 5,25% para 4,75%, surpreendendo e animando o mercado.
No Brasil, a maioria dos investidores espera que a taxa básica da economia, a Selic, seja reduzida de 11,25% para 11% anuais na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que acaba hoje. Uma parcela menor de investidores aguarda a manutenção da taxa básica da economia.
"O BC deve reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual, para 11%. Novamente, a previsão é de uma decisão não unânime, dado o discurso recente do BC, claramente na direção de uma interrupção do afrouxamento monetário", diz Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management.
Ontem, no pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), a taxa do contrato DI -que traz as projeções para os juros futuros- de prazo mais curto oscilou de 11,05% para 11,06% ao ano.
A última pesquisa feita pelo BC com as instituições financeiras mostrou que o mercado projeta que a Selic estará em 11% no fim de 2007 -ou seja, o corte de 0,25 ponto esperado para hoje seria o último do ano.
Defensores da redução da taxa alegam que o IPCA de setembro, que ficou em 0,18%, mostrou estar controlado.
Além disso, o dólar voltou a ser negociado em seus menores níveis do ano -quando a cotação da moeda estrangeira se eleva, como ocorreu em agosto, crescem as pressões inflacionárias decorrentes dos produtos importados.
O dólar fechou estável, vendido a R$ 1,815 ontem. O BC voltou a atuar no mercado de câmbio, promovendo mais um leilão para comprar dólares das instituições financeiras.


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