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Bolsa cai 2% sob impacto de discurso de Bernanke
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas da penúltima
reunião do Copom deste ano, a
Bovespa teve um dia fraco e registrou queda de 1,99%, após
operar no vermelho durante
todo o pregão de ontem. Os investidores não receberam muito bem as declarações de Ben
Bernanke, presidente do banco
central dos EUA, feitas na noite
de segunda-feira -as Bolsas de
Valores caíram nas principais
praças financeiras.
Ao menos a baixa de ontem
não engoliu os ganhos acumulados no mês pela Bovespa, que
estão em 2,07%. Ontem, a Bolsa
divulgou que o saldo dos investimentos de estrangeiros neste
mês, até o dia 10, está negativo
em R$ 2,12 bilhões, o que mostra que eles mais venderam do
que compraram ações de companhias brasileiras no período.
Isso aponta que é o investidor
doméstico que está sustentando a Bovespa em terreno positivo neste mês.
Em seu discurso de segunda,
o presidente do Fed (o banco
central americano) avaliou que
a crise no segmento de crédito
imobiliário dos EUA, que abalou os mercados mundiais especialmente em agosto, ainda
não acabou por completo. Além
disso, Bernanke disse que ainda
pode ser cedo para avaliar o alcance do impacto dessa crise
imobiliária na economia real.
Em Wall Street, o índice Dow
Jones, importante referência
para o mercado acionário mundial, caiu 0,51%. A Bolsa eletrônica Nasdaq recuou 0,58%.
Notícias corporativas e mais
um avanço no preço do barril
de petróleo no exterior colaboraram para o resultado negativo dos mercados.
Uma das empresas que desapontaram os investidores foi a
Ericsson, que revisou para baixo a projeção de seu lucro para
o terceiro trimestre.
Na Europa, o ritmo foi parecido. A Bolsa de Londres perdeu 0,45%, enquanto a de Paris
teve baixa de 0,57%.
No mercado financeiro, começa-se a discutir a possibilidade de o BC americano não
voltar a reduzir os juros básicos
do país em sua próxima reunião, no fim deste mês. No encontro de setembro, a taxa básica dos EUA foi reduzida de
5,25% para 4,75%, surpreendendo e animando o mercado.
No Brasil, a maioria dos investidores espera que a taxa básica da economia, a Selic, seja
reduzida de 11,25% para 11%
anuais na reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária)
que acaba hoje. Uma parcela
menor de investidores aguarda
a manutenção da taxa básica da
economia.
"O BC deve reduzir a Selic em
0,25 ponto percentual, para
11%. Novamente, a previsão é
de uma decisão não unânime,
dado o discurso recente do BC,
claramente na direção de uma
interrupção do afrouxamento
monetário", diz Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset
Management.
Ontem, no pregão da BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros), a taxa do contrato DI
-que traz as projeções para os
juros futuros- de prazo mais
curto oscilou de 11,05% para
11,06% ao ano.
A última pesquisa feita pelo
BC com as instituições financeiras mostrou que o mercado
projeta que a Selic estará em
11% no fim de 2007 -ou seja, o
corte de 0,25 ponto esperado
para hoje seria o último do ano.
Defensores da redução da taxa alegam que o IPCA de setembro, que ficou em 0,18%,
mostrou estar controlado.
Além disso, o dólar voltou a
ser negociado em seus menores
níveis do ano -quando a cotação da moeda estrangeira se
eleva, como ocorreu em agosto,
crescem as pressões inflacionárias decorrentes dos produtos
importados.
O dólar fechou estável, vendido a R$ 1,815 ontem. O BC
voltou a atuar no mercado de
câmbio, promovendo mais um
leilão para comprar dólares das
instituições financeiras.
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