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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Empresário já sente retração do consumo
A economia real já dá sinais
de que a crise internacional
chegou ao Brasil. De acordo
com o estudo da rede de alavancagem de negócios Integra Global Business Networks, 57%
dos empresários perceberam
uma redução moderada no ritmo de compra de seus clientes
recentemente. A Integra entrevistou cerca de 300 empresários, investidores e executivos
entre os dias 10 e 15 deste mês.
Cerca de 7% deles notaram
forte diminuição do consumo e
36% disserem que o movimento foi normal. No entanto, ninguém respondeu que houve aumento nas vendas.
Apesar dos sinais negativos, a
maioria dos empresários ouvidos mantém as ações planejadas antes do agravamento da
turbulência financeira. Mesmo
com o cenário de retração leve
do consumo, 75% deles disseram que estão agindo conforme
seu planejamento -11% revêem investimentos, mas mantêm o pessoal e outros 14% estão enxugando o quadro. Assim, 82% esperam manter ou
expandir seus negócios nos
próximos 12 meses.
"O que nos surpreendeu nesta pesquisa é que o ambiente de
pessimismo não está presente
ainda", disse o sócio-diretor da
Integra, Francisco Martinez.
Para ele, até o momento, a crise
abalou mais os setores dependentes de crédito e da importação de matérias-primas e produtos importados.
Apenas 7% dos empresários
disseram que estão obtendo financiamentos normalmente.
Cerca de 14% admitiram ter dificuldades para emprestar, e
32% encontram crédito disponível, mas com juros mais altos.
"É fato. Quem toma crédito está tendo mais dificuldade de
captar recursos e pagando mais
caro", avalia Martinez.
A valorização do dólar, outra
conseqüência imediata da crise, é um aspecto considerado
mais negativo do que positivo
pelos empresários. De acordo
com a pesquisa, 71% deles afirmam que a alta da moeda prejudica seus negócios -contra
29% que se dizem beneficiados.
Porém, para a maioria deles
(36%), a crise financeira será de
médio prazo, e deve se estender
por 12 a 18 meses.
Profissional de investimento tem baixa
qualidade de vida, diz estudo
A qualidade de vida dos analistas do mercado de investimentos não anda boa, e deve
piorar com os desdobramentos
da crise.
Entre os problemas mais comuns estão deficiências visuais, dores na coluna, travamento dos dentes e gastrite, segundo pesquisa realizada pela
Apimec SP (associação de analistas e profissionais do mercado de capitais) em parceria com
a Unifesp, com profissionais de
investimentos e analistas.
O levantamento foi feito em
maio e junho e questionou 162
profissionais.
Em geral, os pesquisados tomam algum medicamento.
Para Lucy Sousa, presidente
da entidade, os analistas "estão
sendo submetidos a pressões e,
se a pesquisa fosse feita neste
exato momento, o resultado
tenderia a ser pior".
Segundo Sousa, os profissionais seniores, em geral mais velhos e com renda mais alta, registram qualidade de vida um
pouco superior à dos jovens iniciantes, que são submetidos a
cobranças sobre avaliações e
prazos de entrega de relatórios
sobre companhias abertas.
Sintomas de depressão são
mais comuns entre os que possuem cerca de 35 anos. A média
de idade entre os pesquisados é
de 41 anos, e 75% são homens.
VETERANA
Veterana em crises, a Veuve Clicquot, fundada em 1772, espera sobreviver a esta avalanche
na economia mundial. A marca de champanhe
trouxe ao Brasil nesta semana Jacques Péters,
atual chefe de cave, e Dominique Demarville,
que toma o comando em 2009. Para Demarville, "como o ciclo é longo, de 4 a 8 anos da elaboração ao consumo, o efeito da crise é dissolvido". Péters diz que, "como o Brasil é um dos
Brics, tem espaço para crescer na marca em
meio à crise que afeta o resto do mundo com
mais força".
RELEITURA
A crise já fez crescer na Alemanha as vendas da obra "O
Capital", de Karl Marx, segundo a agência Ansa. A obra, do
século 19, analisa o mercado de
produção capitalista. Segundo
a editora Karl-Dietz, de Berlim,
que publica as obras de Marx e
Friedrich Engels em alemão,
Marx está na moda. As vendas
do primeiro volume da obra triplicaram desde 2005. Para dezembro, a editora espera alta
ainda maior na demanda. No
fim de setembro, o ministro das
finanças alemão, Peer Steinbrueck, afirmou que "algumas
partes da teoria marxista não
estavam tão erradas".
POR ACASO
A Sadia teria descoberto
as perdas com as operações
de alto risco no câmbio quase que por acaso. Quando foi
sacar R$ 1,2 bilhão do caixa
para comprar a Frangosul, o
então diretor financeiro da
empresa, Adriano Ferreira,
barrou o negócio. O dinheiro
teria que ser utilizado para
cobrir as perdas de R$ 1,8 bilhão com os derivativos de
câmbio. A diretoria financeira tinha feito essas operações sem o consentimento
do conselho.
BATE-BOLA
A Amway anuncia hoje
que sua marca Nutrilite, de
suplementos vitamínicos,
minerais e alimentícios, será
patrocinadora do clube de
futebol italiano Milan. A Nutrilite também doará US$ 10
mil à Fundação Milan por
cada gol feito por Ronaldinho Gaúcho, jogador do time e garoto-propaganda da
empresa.
CRÉDITO
Guido Mantega (Fazenda)
se encontra hoje com Fábio
Barbosa (Febraban). Na mesa,
a reativação do crédito no país.
TIMIDEZ
Os bancos brasileiros começaram a registrar, ainda
que de forma tímida, algumas
operações de empréstimos
mais parrudas.
BEM-SUCEDIDOS
Antônio Ermírio de Moraes, Cauby Peixoto, Eike
Batista, Ana Paula Arósio e
Luiz Inácio Lula da Silva. Esses são alguns dos 21 brasileiros que relatam lições de
vida no livro "Eles me Disseram - Idéias e Valores de 21
Brasileiros de Sucesso", do
jornalista Thales Guaracy
(editoras Saraiva e Versar,
174 páginas).
PELO BRASIL
"Não faço isso pelo dinheiro. Faço isso pelo Brasil",
disse Antônio Ermírio de
Moraes ao jornalista, em novembro de 2007. Ele justificava a manutenção de uma
pesada rotina de trabalho no
grupo Votorantim e no hospital Beneficência Portuguesa mesmo com o lucro
bilionário de sua empresa.
ESPÍRITO DE LUTA
"Ficar em primeiro é algo
que não depende de nós.
Mas temos o dever de ser os
melhores", afirmou Abilio
Diniz, em 1987, quando a rede de supermercados Pão-de-Açúcar tentava recuperar a liderança do setor, atingida pelo Carrefour. Apaixonado por esporte, tentava
passar aos filhos e aos funcionários um "espírito de luta", diz o jornalista.
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI
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