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Planalto avalia que BC não deve mudar juro
Para membros do governo, Selic deverá ficar inalterada na reunião do final do mês para que Banco Central acompanhe reflexos da crise
Para Mantega, taxa deveria
cair, mas há diretores do BC
que gostariam de elevá-la
mais um pouco e, então,
parar o processo de alta
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na avaliação do Palácio do
Planalto, o Banco Central deverá manter a taxa básica de juros
(Selic) inalterada na reunião do
final do mês. Segundo a Folha
apurou, essa é a hipótese considerada mais provável, levando
em conta os últimos debates
internos no governo sobre a
crise econômica mundial.
Para a cúpula do governo, é
menor a chance de uma alta
dos juros -algo como 0,25
ponto percentual. E o Planalto
descarta uma eventual queda,
apesar da torcida de alguns integrantes do governo por isso.
A Selic está hoje em 13,75%
ao ano. O Copom, órgão do BC
que se reúne a cada 45 dias para fixar a Selic, terá encontro
nos dias 28 e 29 deste mês.
Na visão do Planalto, o BC
deverá manter a taxa inalterada a fim de avaliar melhor
eventuais efeitos inflacionários
da volátil e aguda variação do
câmbio -o dólar se valorizou
rapidamente na comparação
com o real no último mês, período em que a crise econômica
internacional se agravou.
Para o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, e alguns conselheiros econômicos de Lula,
o BC deveria reduzir os juros.
Dentro do BC, há diretores que
gostariam de elevar a taxa mais
um pouco -talvez 0,25 ponto-
e, então, parar o processo de alta. Com debate intenso no governo sobre o rumo dos juros, o
Planalto vem assumindo posição mais cautelosa. Daí sua
avaliação de que a tendência do
BC é deixar a Selic como está
para ver como ficará a inflação.
Um dos motivos para o governo se esforçar para frear a
valorização do dólar é o temor
de retorno de uma forte pressão inflacionária num momento em que haverá desaceleração do crescimento. O Banco
Central poderia ser obrigado a
elevar os juros numa hora em
que a maioria dos BCs do planeta joga suas taxas para baixo.
Reservadamente, Lula já disse que deseja manter o crescimento do PIB de pelo menos
4% em 2009. Integrantes do
governo admitem taxa menor,
por volta de 3,5%. No mês que
vem, na revisão dos parâmetros da proposta de Orçamento
da União para 2009, o governo
deverá fixar uma projeção entre 3,8% e 4%, como antecipou
ontem a Folha. A atual previsão é de 4,5%, índice considerado irrealista pelo governo.
Ministros dizem, reservadamente, que uma taxa de crescimento do PIB acima de 3% em
2009 manterá a sensação de
força econômica porque se dará sobre bases anteriores fortes
(2007 e 2008) e se recuperará
em 2010. O crescimento do PIB
em 2007 foi de 5,4%. O governo
espera número superior a 5%
em 2008 e acredita que a taxa
de 2010 será superior a 4%.
Obviamente, essa avaliação
do governo leva em conta um
cenário no qual o Brasil será
afetado pela crise mundial, mas
bem menos do que outros países emergentes. Por ora, Lula
mantém tom otimista nas conversas reservadas.
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