São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2008

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Planalto avalia que BC não deve mudar juro

Para membros do governo, Selic deverá ficar inalterada na reunião do final do mês para que Banco Central acompanhe reflexos da crise

Para Mantega, taxa deveria cair, mas há diretores do BC que gostariam de elevá-la mais um pouco e, então, parar o processo de alta

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na avaliação do Palácio do Planalto, o Banco Central deverá manter a taxa básica de juros (Selic) inalterada na reunião do final do mês. Segundo a Folha apurou, essa é a hipótese considerada mais provável, levando em conta os últimos debates internos no governo sobre a crise econômica mundial.
Para a cúpula do governo, é menor a chance de uma alta dos juros -algo como 0,25 ponto percentual. E o Planalto descarta uma eventual queda, apesar da torcida de alguns integrantes do governo por isso.
A Selic está hoje em 13,75% ao ano. O Copom, órgão do BC que se reúne a cada 45 dias para fixar a Selic, terá encontro nos dias 28 e 29 deste mês.
Na visão do Planalto, o BC deverá manter a taxa inalterada a fim de avaliar melhor eventuais efeitos inflacionários da volátil e aguda variação do câmbio -o dólar se valorizou rapidamente na comparação com o real no último mês, período em que a crise econômica internacional se agravou.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e alguns conselheiros econômicos de Lula, o BC deveria reduzir os juros. Dentro do BC, há diretores que gostariam de elevar a taxa mais um pouco -talvez 0,25 ponto- e, então, parar o processo de alta. Com debate intenso no governo sobre o rumo dos juros, o Planalto vem assumindo posição mais cautelosa. Daí sua avaliação de que a tendência do BC é deixar a Selic como está para ver como ficará a inflação.
Um dos motivos para o governo se esforçar para frear a valorização do dólar é o temor de retorno de uma forte pressão inflacionária num momento em que haverá desaceleração do crescimento. O Banco Central poderia ser obrigado a elevar os juros numa hora em que a maioria dos BCs do planeta joga suas taxas para baixo.
Reservadamente, Lula já disse que deseja manter o crescimento do PIB de pelo menos 4% em 2009. Integrantes do governo admitem taxa menor, por volta de 3,5%. No mês que vem, na revisão dos parâmetros da proposta de Orçamento da União para 2009, o governo deverá fixar uma projeção entre 3,8% e 4%, como antecipou ontem a Folha. A atual previsão é de 4,5%, índice considerado irrealista pelo governo.
Ministros dizem, reservadamente, que uma taxa de crescimento do PIB acima de 3% em 2009 manterá a sensação de força econômica porque se dará sobre bases anteriores fortes (2007 e 2008) e se recuperará em 2010. O crescimento do PIB em 2007 foi de 5,4%. O governo espera número superior a 5% em 2008 e acredita que a taxa de 2010 será superior a 4%.
Obviamente, essa avaliação do governo leva em conta um cenário no qual o Brasil será afetado pela crise mundial, mas bem menos do que outros países emergentes. Por ora, Lula mantém tom otimista nas conversas reservadas.


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