São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2008

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Alta em NY não salva Bovespa, que cai 1%

Com a Petrobras e os bancos em queda, reação do mercado acionário dos EUA teve impacto reduzido sobre a Bolsa de SP

Queda da Bovespa neste mês alcança os 26,4%; ação da Petrobras lidera perdas no pregão, com petróleo depreciado no exterior

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As ações da Petrobras não permitiram que a Bovespa escapasse de mais um dia de perdas, mesmo com a reação do mercado acionário norte-americano no fim do dia. A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o pregão com desvalorização de 1,06%, aos 36.441 pontos.
O dólar, após muita oscilação, encerrou com pequena baixa diante do real, de 0,14%, vendido a R$ 2,163.
Com o petróleo abaixo de US$ 70 -recuou 6,3%, a US$ 69,85 em NY-, os papéis da Petrobras não tiveram força para encerrar as operações com ganhos. A depreciação da ação ordinária da estatal foi a maior do índice Ibovespa ontem, ficando em 8,67%. Sua ação preferencial recuou 7,50%. Os papéis da Petrobras foram responsáveis por cerca de 25% da movimentação total da Bovespa ontem.
O período da manhã foi bem ruim para o mercado de ações. Resultados negativos de instituições como Merrill Lynch e Citigroup se somaram a dados decepcionantes da economia norte-americana -como os da produção industrial- e aceleraram as vendas de ações.
Em Wall Street, o índice Dow Jones chegou a cair mais de 4% na mínima do dia, mas se recuperou no fim e subiu 4,68%.
A Bovespa marcou baixa de 8,36% no pior momento. Com mais um dia de queda, a Bolsa está com perdas de 26,4% no mês e de 42,96% no ano.
Na Europa, onde as operações foram encerradas antes da melhora nos EUA, houve baixas expressivas, como as das Bolsas de Londres (5,35%) e de Frankfurt (4,91%).
"Ainda teremos um bom tempo de incertezas e dúvidas, com os mercados oscilando bastante. Dados econômicos que têm saído vão formando um quadro recessivo cada vez mais real, o que vai manter os mercados em sobressalto", avalia Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos. "Neste período de balanços em que estamos entrando vai ser possível ter uma idéia melhor dos estragos que a crise tem causado nos resultados das companhias", diz.
Dentre as grandes instituições financeiras brasileiras, a primeiro a divulgar resultados do terceiro trimestre será o Bradesco, no próximo dia 27. Mesmo que os bancos nacionais não tenham enfrentado momentos críticos como os americanos e europeus, analistas esperam que seus balanços tragam algum impacto da crise, como uma diminuição no retorno das carteiras de crédito.
Ontem as ações dos bancos não escaparam das perdas: Unibanco UNT caiu 6,12%; Itaú PN recuou 6,09%; Banco do Brasil ON, 4,71%; e Bradesco PN teve baixa de 3,83%.
Dos papéis de maior peso na composição do índice Ibovespa -principal referência da Bolsa-, destaque para as perdas de BM&FBovespa ON (-2,89%) e Vale PNA (-2,12%).
Quem evitou que a Bolsa tivesse um dia pior foram os papéis da Gol PN, que dispararam 24,32%, e da Siderúrgica Nacional ON, que ganharam 17,28%. A ação da Gol subiu amparada na depreciação do petróleo. E o papel da CSN foi impulsionado por rumores de que negocia a venda de parte de uma unidade de minério de ferro com um grupo japonês.

Ação contínua
As atuações constantes do Banco Central evitaram que o dólar se apreciasse ontem. Durante as operações, a moeda norte-americana bateu em R$ 2,262, alta de 4,43%. De sua parte, o BC realizou primeiro um leilão de linha, no qual vendeu US$ 1 bilhão. No começo da tarde, vendeu mais dólares no mercado à vista e, por fim, colocou mais cerca de US$ 1,8 bilhão em "swaps" cambiais, que são títulos que acompanham a oscilação da moeda.
Porém, a baixa de ontem pouco efeito teve sobre a apreciação do dólar acumulada no mês, que está em 13,6%.


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