São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2008

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Em dia de forte oscilação, Bolsa de NY volta a subir

Dados, porém, continuam a apontar para o aprofundamento de uma recessão

Para dirigente do BC dos EUA, o atual cenário econômico tende a ser pior do que a recessão sofrida pelo país em 1990-1991

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Em um pregão tenso e de fortes oscilações, os mercados norte-americanos se recuperaram ontem pela primeira vez em três dias. Mas uma série de más notícias continua alimentando a expectativa do aprofundamento de uma recessão.
As Bolsas finalmente fecharam em alta, mas a forte recuperação veio apenas na última hora do pregão. Até então, novos indicadores de vendas e produção industrial pareciam realimentar o contínuo pessimismo dos investidores.
Os principais índices da Bolsa de Nova York chegaram a cair quase 5% ontem, para se recuperarem no final, impulsionados pelo fechamento do preço do barril do petróleo abaixo de US$ 69,85 (menor valor em 14 meses e 51,9% inferior ao pico histórico de julho, de US$ 145,29) e por boas notícias no terreno da inflação.
Os preços dos combustíveis têm impacto considerável na renda disponível dos consumidores americanos. A notícia levou a alguma recuperação nos preços das ações de grandes cadeias de lojas, que vinham sendo castigadas nos últimos dias.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 4,68%, e o S&P 500, 4,25%. A Bolsa eletrônica Nasdaq terminou o dia com alta de 5,49%.
No inicio do dia, o mercado também foi influenciado negativamente por más notícias entre os lucros dos bancos no terceiro trimestre do ano. O Citigroup, por exemplo, anunciou um prejuízo de US$ 2,8 bilhões.
O sistema bancário e de crédito nos EUA está no centro da atual crise, que já exigiu uma série de intervenções bilionárias em instituições e um plano de emergência de US$ 700 bilhões que prevê a compra, pelo Tesouro dos EUA, de participações diretas em bancos.
Um novo relatório do Fed (o banco central dos EUA) mostrou que a produção das principais fábricas americanas caiu 2,8% em setembro. Boa parte da queda, a maior desde 1974, foi atribuída à influência da temporada de furacões na região do golfo do México. Mesmo assim o dado surpreendeu analistas. Outro indicador da produção industrial na região da Filadélfia mostrou o pior resultado dos últimos 18 meses.
Ontem, a GM anunciou que cortará 1.500 trabalhadores temporários de suas fábricas nos Estados de Michigan e Delaware, onde fabrica picapes e outros veículos de grande porte. Em setembro, a montadora teve queda de 18% nas vendas.
Os novos sinais de recessão vieram no dia seguinte à divulgação de que as vendas comerciais nos EUA caíram, no último trimestre, pela primeira vez em 16 anos. A notícia provocou a maior queda na Bolsa de Nova York, anteontem, desde o crash de 1987. As más notícias foram compensadas parcialmente pelo fato de os preços do chamado núcleo da inflação ao consumidor (exclui energia e alimentos) em agosto terem subido 0,1%, abaixo do previsto.
"O resultado da inflação abre o caminho para uma nova redução de juros por parte do Fed", disse John Ryding, da RDQ Economics, à Bloomberg Television. A próxima reunião ocorre no fim do mês e a expectativa é que o Fed reduzirá a taxa de 1,5% para 1%, ou menos.
Para Gary Stern, presidente do Fed regional de Mineápolis, o atual cenário econômico nos EUA tende a ser pior do que a recessão sofrida pelo país em 1990-91, quando a economia teve crescimento negativo durante dois trimestres e expansão apenas morna nos dois anos seguintes. No pior momento daquele período, o PIB chegou a cair 3%.


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