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Em dia de forte oscilação, Bolsa de NY volta a subir
Dados, porém, continuam a apontar para o aprofundamento de uma recessão
Para dirigente do BC dos EUA, o atual cenário econômico tende a ser pior do que a recessão sofrida pelo país em 1990-1991
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Em um pregão tenso e de fortes oscilações, os mercados
norte-americanos se recuperaram ontem pela primeira vez
em três dias. Mas uma série de
más notícias continua alimentando a expectativa do aprofundamento de uma recessão.
As Bolsas finalmente fecharam em alta, mas a forte recuperação veio apenas na última
hora do pregão. Até então, novos indicadores de vendas e
produção industrial pareciam
realimentar o contínuo pessimismo dos investidores.
Os principais índices da Bolsa de Nova York chegaram a
cair quase 5% ontem, para se
recuperarem no final, impulsionados pelo fechamento do
preço do barril do petróleo
abaixo de US$ 69,85 (menor valor em 14 meses e 51,9% inferior ao pico histórico de julho,
de US$ 145,29) e por boas notícias no terreno da inflação.
Os preços dos combustíveis
têm impacto considerável na
renda disponível dos consumidores americanos. A notícia levou a alguma recuperação nos
preços das ações de grandes cadeias de lojas, que vinham sendo castigadas nos últimos dias.
O índice Dow Jones, da Bolsa
de Nova York, subiu 4,68%, e o
S&P 500, 4,25%. A Bolsa eletrônica Nasdaq terminou o dia
com alta de 5,49%.
No inicio do dia, o mercado
também foi influenciado negativamente por más notícias entre os lucros dos bancos no terceiro trimestre do ano. O Citigroup, por exemplo, anunciou
um prejuízo de US$ 2,8 bilhões.
O sistema bancário e de crédito nos EUA está no centro da
atual crise, que já exigiu uma
série de intervenções bilionárias em instituições e um plano
de emergência de US$ 700 bilhões que prevê a compra, pelo
Tesouro dos EUA, de participações diretas em bancos.
Um novo relatório do Fed (o
banco central dos EUA) mostrou que a produção das principais fábricas americanas caiu
2,8% em setembro. Boa parte
da queda, a maior desde 1974,
foi atribuída à influência da
temporada de furacões na região do golfo do México. Mesmo assim o dado surpreendeu
analistas. Outro indicador da
produção industrial na região
da Filadélfia mostrou o pior resultado dos últimos 18 meses.
Ontem, a GM anunciou que
cortará 1.500 trabalhadores
temporários de suas fábricas
nos Estados de Michigan e Delaware, onde fabrica picapes e
outros veículos de grande porte. Em setembro, a montadora
teve queda de 18% nas vendas.
Os novos sinais de recessão
vieram no dia seguinte à divulgação de que as vendas comerciais nos EUA caíram, no último trimestre, pela primeira vez
em 16 anos. A notícia provocou
a maior queda na Bolsa de Nova
York, anteontem, desde o crash
de 1987. As más notícias foram
compensadas parcialmente pelo fato de os preços do chamado
núcleo da inflação ao consumidor (exclui energia e alimentos) em agosto terem subido
0,1%, abaixo do previsto.
"O resultado da inflação abre
o caminho para uma nova redução de juros por parte do
Fed", disse John Ryding, da
RDQ Economics, à Bloomberg
Television. A próxima reunião
ocorre no fim do mês e a expectativa é que o Fed reduzirá a taxa de 1,5% para 1%, ou menos.
Para Gary Stern, presidente
do Fed regional de Mineápolis,
o atual cenário econômico nos
EUA tende a ser pior do que a
recessão sofrida pelo país em
1990-91, quando a economia
teve crescimento negativo durante dois trimestres e expansão apenas morna nos dois
anos seguintes. No pior momento daquele período, o PIB
chegou a cair 3%.
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