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Bancos suíços recebem socorro de governo e países estrangeiros
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI
A absoluta estiagem de crédito derrubou mais uma fortaleza: os até ontem inexpugnáveis
e sólidos bancos suíços tiveram
que ser socorridos pelo governo de seu próprio país e também pelos governos de países
(Qatar e Cingapura) pelos quais
os suíços não morrem de amores, por seus regimes fechados.
O governo suíço ficou com
9,3% do capital da UBS (União
de Bancos Suíços), a mais formidável grife no mundo de gerenciamento de fortunas, ao
colocar 6 bilhões de francos
(US$ 5,3 bilhões) nessa entidade que, no ano passado, foi uma
das primeiras vítimas da crise.
A UBS tinha uma coleção do
que hoje se chama "ativos tóxicos". Na operação anunciada,
livrou-se de todos eles, no valor
de cerca de US$ 60 bilhões.
Já o Credit Suisse foi forçado
a levantar algo em torno de 10
bilhões de francos suíços (US$
8,8 bilhões) não só de investidores privados mas também da
"Qatar Investment Authority",
o braço de investimento do governo desse país árabe.
O presidente do Conselho
Federal suíço, Pascal Couchepin, explicou a operação em entrevista ao jornal "Le Temps":
"Nas últimas semanas, o refinanciamento [intrabancos] se
tornara mais difícil. A UBS e o
Credit Suisse são atualmente
muito bem capitalizados, mas
eles podem ter problemas de liquidez em vista das dificuldades no tráfico bancário".
Couchepin não vê motivos de
inquietação com a entrada do
Qatar no capital da UBS e de
Cingapura no Credit Suisse.
"Por que deveríamos nos inquietar? Nós temos necessidade de parceiros no mundo todo,
nós somos uma praça financeira internacional. Se os bancos
escolhem parceiros sólidos,
que, além disso, já demonstraram sua responsabilidade, não
vejo motivo para me inquietar".
As dificuldades da UBS não
se deveram apenas à estiagem
de crédito, mas também a uma
corrida ao banco. No terceiro
trimestre do ano, clientes retiraram perto de 50 bilhões de
francos suíços (US$ 44 bilhões)
de suas contas.
(CLÓVIS ROSSI)
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