São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2008

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Bancos suíços recebem socorro de governo e países estrangeiros

DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

A absoluta estiagem de crédito derrubou mais uma fortaleza: os até ontem inexpugnáveis e sólidos bancos suíços tiveram que ser socorridos pelo governo de seu próprio país e também pelos governos de países (Qatar e Cingapura) pelos quais os suíços não morrem de amores, por seus regimes fechados.
O governo suíço ficou com 9,3% do capital da UBS (União de Bancos Suíços), a mais formidável grife no mundo de gerenciamento de fortunas, ao colocar 6 bilhões de francos (US$ 5,3 bilhões) nessa entidade que, no ano passado, foi uma das primeiras vítimas da crise.
A UBS tinha uma coleção do que hoje se chama "ativos tóxicos". Na operação anunciada, livrou-se de todos eles, no valor de cerca de US$ 60 bilhões.
Já o Credit Suisse foi forçado a levantar algo em torno de 10 bilhões de francos suíços (US$ 8,8 bilhões) não só de investidores privados mas também da "Qatar Investment Authority", o braço de investimento do governo desse país árabe.
O presidente do Conselho Federal suíço, Pascal Couchepin, explicou a operação em entrevista ao jornal "Le Temps": "Nas últimas semanas, o refinanciamento [intrabancos] se tornara mais difícil. A UBS e o Credit Suisse são atualmente muito bem capitalizados, mas eles podem ter problemas de liquidez em vista das dificuldades no tráfico bancário".
Couchepin não vê motivos de inquietação com a entrada do Qatar no capital da UBS e de Cingapura no Credit Suisse. "Por que deveríamos nos inquietar? Nós temos necessidade de parceiros no mundo todo, nós somos uma praça financeira internacional. Se os bancos escolhem parceiros sólidos, que, além disso, já demonstraram sua responsabilidade, não vejo motivo para me inquietar".
As dificuldades da UBS não se deveram apenas à estiagem de crédito, mas também a uma corrida ao banco. No terceiro trimestre do ano, clientes retiraram perto de 50 bilhões de francos suíços (US$ 44 bilhões) de suas contas.
(CLÓVIS ROSSI)



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