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Governo tenta evitar prejuízo com terceirização
Norma permite a órgãos federais criação
de conta só para depósito de 13º e FGTS
Governo age após arcar com perdas decorrentes
de golpes aplicados
por empresas de
terceirização de serviços
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Alvo de sucessivos golpes, o
governo federal editou nesta
semana uma norma para tentar
se livrar dos calotes de empresas de terceirização de mão de
obra.
Decisões judiciais têm obrigado sistematicamente a União
a arcar com as dívidas trabalhistas das empresas com os
seus trabalhadores.
A norma, assinada pelo ministro Paulo Bernardo (Planejamento), permite aos órgãos
federais incluir nos contratos
de terceirização a exigência de
criação de uma conta bancária
separada somente para o depósito de obrigações como férias,
13º salário e FGTS.
Essa conta só poderá ser movimentada com a autorização
do órgão contratante.
O governo decidiu agir depois de perceber que o que parecia ocorrer em decorrência
de problemas financeiros das
terceirizadoras na verdade
eram golpes praticados em série, como mostraram reportagens da Folha em abril.
Oferecendo serviços a preços
aquém da realidade, empresas
(muitas vezes de fachada) vencem os pregões, cumprem parte do contrato e depois quebram ou simplesmente desaparecem, deixando para a União a
fatura das dívidas trabalhistas.
Com isso, o governo paga a
conta duas vezes: depois de arcar com parte dos contratos,
tem de assumir salários atrasados e outros encargos.
O governo não sabe exatamente o tamanho do prejuízo.
Com base em dados da Procuradoria-Geral da União, estima
que seja alvo pelo menos 10 mil
ações de cobrança de dívidas
trabalhistas herdadas de terceirizadoras.
Hoje, o governo gasta R$ 530
milhões com 2.482 fornecedores em toda a administração
pública federal.
Paulo Bernardo informou
que a norma pode ser usada
por todos os órgãos da administração direta. Mas, segundo
ele, o ministério editará uma
circular recomendando que os
órgãos da administração indireta e estatais façam o mesmo.
Donos ocultos
A Folha revelou que duas
das maiores empresas de terceirização de mão de obra (em
valores recebidos do governo)
utilizam laranjas para ocultar
seus verdadeiros donos.
As empresas pertenciam, no
papel, a ex-funcionários com
remuneração máxima de dois
salários mínimos.
Desde 2006, elas receberam
cerca de R$ 200 milhões de órgãos federais, Senado e do Tribunal de Contas da União.
Depois das reportagens, as
empresas passaram a ser investigadas pela CGU (Controladoria-Geral da União), e foram
proibidas de fechar novos contratos com o governo.
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