São Paulo, sábado, 17 de outubro de 2009

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Para empresários, aumento pedido por sindicatos é "irreal"

Principal alegação é que a crise econômica teve impactos diferenciados na produção dos setores

DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes da indústria, do comércio e do setor de serviços consideram que o aumento real reivindicado por categorias profissionais com data-base neste semestre é "irreal".
"Pedir 5% a 10% de aumento acima da inflação é algo irreal. Não dá para negociar esses percentuais nem que a vaca tussa", diz Roberto Della Mana, diretor do Departamento Sindical da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Como a crise econômica teve impactos diferenciados na produção dos setores, há sindicatos patronais que têm condição de conceder reajustes melhores e "outros que não vão conseguir conceder nem a reposição da inflação" -caso dos que dependem principalmente do mercado externo, afirma Della Manna.
Em agosto, a produção industrial brasileira apresentou expansão em 7 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE. A recuperação foi puxada pelos Estados com atividades relacionadas à cadeia do setor automotivo -como São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul.
Na análise de alguns empresários, a recuperação da atividade econômica não é motivo para pressionar por reajustes superiores à inflação.
"Aumento de salário pode significar aumento de custo, o que não é bom. A negociação com os sindicatos tem de considerar o longo prazo de modo a garantir a competitividade da empresa", diz Jackson Schneider, presidente da Anfavea, associação que representa as montadoras de veículos.
Para Schneider, os ganhos reais de salários que ocorreram no ramo metalúrgico foram resultado de greves. "A pressão por aumento real de salário é legítima, mas tem de haver um entendimento. Há situações diferentes entre as empresas do setor, até porque estão em regiões diferentes ou enfrentam grande competição no mercado externo", afirma.
Rafael Cervone, presidente do Sinditêxtil (reúne as empresas têxteis), diz que, apesar de a economia dar indícios de retomada, é "prematuro" achar que a indústria está produzindo e faturando mais. "A produção de vestuário está praticamente estável em relação a 2008. A negociação salarial no nosso setor tem de ser consciente e discutir a reposição da inflação."
No setor comercial, as negociações superaram a expectativa dos próprios empresários. "Concedemos 2,45% de aumento real, o maior percentual dos últimos dez anos", diz Ivo Dall'Acqua, presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Fecomercio-SP.
Um dos fatores que impulsionaram o comércio neste ano e permitiu ao setor patronal atender o pedido dos comerciários foi o reajuste dado ao salário mínimo (descontada a inflação, o aumento chegou a 6,39% neste ano). "A classe C teve mais acesso ao consumo, o que incrementou as vendas."
Para Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, os patrões deram o reajuste pedido para evitar greves e poder negociar o trabalho dos comerciários durante os feriados e os domingos. (CR e FF)


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