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Para empresários,
aumento pedido por sindicatos é "irreal"
Principal alegação é que a crise econômica teve impactos diferenciados na produção dos setores
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes da indústria,
do comércio e do setor de serviços consideram que o aumento
real reivindicado por categorias profissionais com data-base neste semestre é "irreal".
"Pedir 5% a 10% de aumento
acima da inflação é algo irreal.
Não dá para negociar esses percentuais nem que a vaca tussa",
diz Roberto Della Mana, diretor do Departamento Sindical
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Como a crise econômica teve
impactos diferenciados na produção dos setores, há sindicatos patronais que têm condição
de conceder reajustes melhores e "outros que não vão conseguir conceder nem a reposição da inflação" -caso dos que
dependem principalmente do
mercado externo, afirma Della
Manna.
Em agosto, a produção industrial brasileira apresentou
expansão em 7 das 14 regiões
pesquisadas pelo IBGE. A recuperação foi puxada pelos Estados com atividades relacionadas à cadeia do setor automotivo -como São Paulo, Bahia e
Rio Grande do Sul.
Na análise de alguns empresários, a recuperação da atividade econômica não é motivo
para pressionar por reajustes
superiores à inflação.
"Aumento de salário pode
significar aumento de custo, o
que não é bom. A negociação
com os sindicatos tem de considerar o longo prazo de modo a
garantir a competitividade da
empresa", diz Jackson Schneider, presidente da Anfavea, associação que representa as
montadoras de veículos.
Para Schneider, os ganhos
reais de salários que ocorreram
no ramo metalúrgico foram resultado de greves. "A pressão
por aumento real de salário é
legítima, mas tem de haver um
entendimento. Há situações diferentes entre as empresas do
setor, até porque estão em regiões diferentes ou enfrentam
grande competição no mercado
externo", afirma.
Rafael Cervone, presidente
do Sinditêxtil (reúne as empresas têxteis), diz que, apesar de a
economia dar indícios de retomada, é "prematuro" achar que
a indústria está produzindo e
faturando mais. "A produção de
vestuário está praticamente estável em relação a 2008. A negociação salarial no nosso setor
tem de ser consciente e discutir
a reposição da inflação."
No setor comercial, as negociações superaram a expectativa dos próprios empresários.
"Concedemos 2,45% de aumento real, o maior percentual
dos últimos dez anos", diz Ivo
Dall'Acqua, presidente do Conselho de Relações do Trabalho
da Fecomercio-SP.
Um dos fatores que impulsionaram o comércio neste ano
e permitiu ao setor patronal
atender o pedido dos comerciários foi o reajuste dado ao salário mínimo (descontada a inflação, o aumento chegou a 6,39%
neste ano). "A classe C teve
mais acesso ao consumo, o que
incrementou as vendas."
Para Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, os patrões
deram o reajuste pedido para
evitar greves e poder negociar o
trabalho dos comerciários durante os feriados e os domingos.
(CR e FF)
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