São Paulo, sábado, 17 de outubro de 2009

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Produção de cana cresce mais fora do Estado de SP

Área de canaviais sobe 49,7% em GO e 31,8% em MS, ante 16,8% em São Paulo

Exemplo da expansão rumo ao Centro-Oeste, Rio Brilhante (MS) passa a ser o segundo maior produtor de cana do país

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Estimulado pelo desenvolvimento do mercado nacional de carros bicombustíveis, o cultivo da cana-de-açúcar ganhou força em 2008 em Estados próximos a São Paulo, principal produtor do país. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o crescimento foi maior principalmente nos Estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste.
Enquanto em São Paulo a área destinada aos canaviais aumentou 16,8% no ano passado, em Mato Grosso do Sul o incremento foi de 31,8%, e, em Goiás, de 49,7%. Minas Gerais, na região Sudeste, teve alta de 22,84%.
Localizado no sudoeste de Mato Grosso do Sul, Rio Brilhante foi o município que mais se destacou, passando da 13ª colocação no ranking dos maiores produtores de cana para a 2ª posição, atrás apenas de Morro Agudo (SP). Em relação a 2007, o crescimento da produção no local foi de 109,8%, e os 6,2 milhões de toneladas colhidos representaram 1% do total nacional.
Uberaba, em Minas Gerais, foi outro destaque. Com uma produção 64,9% superior à de 2007, o município passou da 7ª para a 4ª posição. Os municípios que completam a lista dos dez maiores produtores de cana-de-açúcar são todos do Estado de São Paulo.

Preços acessíveis
Segundo o técnico da Coordenação de Agropecuária do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, a expansão rumo ao Centro Oeste é motivada pela maior disponibilidade de terras, o que torna os preços mais acessíveis nessa região.
Ele destaca ainda que o avanço dos canaviais não é significativo na área do entorno do Pantanal, que o governo pretende proteger de novos projetos sucroalcooleiros com o plano de zoneamento enviado ao Congresso.
Mesmo com a expansão rumo ao interior do país, porém, a liderança paulista no cultivo da cana segue absoluta - em 2008, o Estado respondeu por 59,8% da produção nacional. Em seguida vêm Paraná (7,9%) e Minas Gerais (7,4%).
Apesar de terem apresentado as maiores taxas de crescimento na área cultivada, Goiás e Mato Grosso do Sul ainda ocupam a quarta e a sexta posições, respondendo, respectivamente, por 5,1% e 3,3% do total produzido no país. Mas o avanço já se faz notar: em 2007, esses percentuais eram de 4,1% e 2,9%.

Queda no preço
A expansão da safra nacional, no entanto, não foi acompanhada por um crescimento similar no valor recebido pelos agricultores. Enquanto a produção subiu 17,3% em 2008, atingindo nível recorde, o valor recebido por ela aumentou apenas 2%.
A redução do preço recebido por tonelada foi influenciada pela grande quantidade de açúcar produzido na Índia e pela queda do preço do barril de petróleo, que, depois de chegar a US$ 147, fechou o ano em torno de US$ 40, tornando o álcool combustível menos atraente.
Segundo Guedes, porém, a conjuntura em 2009 está mais favorável para o produtor brasileiro que decidiu investir na cana. Além de uma redução na produção indiana de açúcar, a oferta interna sofreu redução e os preços já apresentaram alta.


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