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Economia japonesa entra em recessão
Com queda de 0,4% no PIB do terceiro trimestre, maior do que a esperada, país registra a sua primeira recessão desde 2001
Desempenho repete o de outros países desenvolvidos, como os da zona do euro, atingidos pelos efeitos da crise financeira internacional
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A economia japonesa, a segunda maior do mundo, encolheu mais do que o esperado no
terceiro trimestre. Com contração de 0,4% do PIB (Produto
Interno Bruto), o Japão entrou
oficialmente em recessão -no
trimestre anterior, a queda já
tinha sido de 3,7%. Apesar do
PIB estagnado por mais de uma
década, é a primeira recessão
real no país desde 2001. O governo estimava avanço de 0,1%
no terceiro trimestre.
Outros países desenvolvidos
estão oficialmente em recessão, como os da zona euro, que
divulgaram números de queda
do PIB na última semana.
De acordo com estimativas
da OCDE (Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o PIB japonês
vai cair 0,1% em 2009, menos
do que o previsto 0,9% dos Estados Unidos e o 0,5% da União
Européia.
Algumas das maiores empresas japonesas dependem de exportações. Além da contração
da economia em seus principais mercados, como Estados
Unidos e União Européia, elas
são atingidas pela apreciação
do iene, que deixa seus produtos ainda mais caros no exterior.
Para tentar reanimar a economia, o Banco Central do Japão cortou sua taxa de juros no
mês passado pela primeira vez
em sete anos. É uma das mais
baixas taxas de juros do mundo
-passou de 0,5% ao ano para
0,3%. O Banco Central também
diminuiu a taxa básica de empréstimos para as instituições
financeiras, de 0,75% para
0,50%.
"Ajustes na economia mundial a partir das crises financeiras dos Estados Unidos e da Europa aumentaram em gravidade", disse em nota o Banco
Central japonês.
O presidente do banco, Masaaki Shirakawa, disse que a
crise global e a apreciação da
moeda criam um ambiente "severo" para os lucros das empresas japonesas.
Queda nas exportações
A Toyota tem três quartos de
suas vendas no exterior e prevê
queda de 70% nas vendas ao final de seu ano fiscal, em março.
A empresa deve demitir mais
de 3.000 empregados.
A Canon também divulgou
previsão de queda nas vendas,
assim como a Nissan (50%).
Os bônus de inverno, que as
grandes empresas dão e que
normalmente equivalem a 10%
do salário anual, devem cair
2,9% neste ano.
Exportações e demanda privada doméstica enfraqueceram. A produção caiu 1,2% no
trimestre julho a setembro em
comparação com o anterior.
A Bolsa de Tóquio teve seu
pior mês em 58 anos de história, no mês passado. Em outubro, o índice Nikkei caiu 24%.
O primeiro-ministro japonês, Taro Arso, propôs um pacote de estímulo de US$ 52 bilhões, que prevê créditos para
pequenas e médias empresas,
além de restituições fiscais a
cada família japonesa.
O pacote fiscal colocará mais
pressão sobre o orçamento público, cujo déficit já supera
180% do PIB, segundo afirmou
na semana passada a ex-ministra de Política Fiscal e Econômica Hiroko Ota.
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