São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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Economia japonesa entra em recessão

Com queda de 0,4% no PIB do terceiro trimestre, maior do que a esperada, país registra a sua primeira recessão desde 2001

Desempenho repete o de outros países desenvolvidos, como os da zona do euro, atingidos pelos efeitos da crise financeira internacional

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

A economia japonesa, a segunda maior do mundo, encolheu mais do que o esperado no terceiro trimestre. Com contração de 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto), o Japão entrou oficialmente em recessão -no trimestre anterior, a queda já tinha sido de 3,7%. Apesar do PIB estagnado por mais de uma década, é a primeira recessão real no país desde 2001. O governo estimava avanço de 0,1% no terceiro trimestre.
Outros países desenvolvidos estão oficialmente em recessão, como os da zona euro, que divulgaram números de queda do PIB na última semana.
De acordo com estimativas da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o PIB japonês vai cair 0,1% em 2009, menos do que o previsto 0,9% dos Estados Unidos e o 0,5% da União Européia.
Algumas das maiores empresas japonesas dependem de exportações. Além da contração da economia em seus principais mercados, como Estados Unidos e União Européia, elas são atingidas pela apreciação do iene, que deixa seus produtos ainda mais caros no exterior.
Para tentar reanimar a economia, o Banco Central do Japão cortou sua taxa de juros no mês passado pela primeira vez em sete anos. É uma das mais baixas taxas de juros do mundo -passou de 0,5% ao ano para 0,3%. O Banco Central também diminuiu a taxa básica de empréstimos para as instituições financeiras, de 0,75% para 0,50%.
"Ajustes na economia mundial a partir das crises financeiras dos Estados Unidos e da Europa aumentaram em gravidade", disse em nota o Banco Central japonês.
O presidente do banco, Masaaki Shirakawa, disse que a crise global e a apreciação da moeda criam um ambiente "severo" para os lucros das empresas japonesas.

Queda nas exportações
A Toyota tem três quartos de suas vendas no exterior e prevê queda de 70% nas vendas ao final de seu ano fiscal, em março. A empresa deve demitir mais de 3.000 empregados.
A Canon também divulgou previsão de queda nas vendas, assim como a Nissan (50%).
Os bônus de inverno, que as grandes empresas dão e que normalmente equivalem a 10% do salário anual, devem cair 2,9% neste ano.
Exportações e demanda privada doméstica enfraqueceram. A produção caiu 1,2% no trimestre julho a setembro em comparação com o anterior.
A Bolsa de Tóquio teve seu pior mês em 58 anos de história, no mês passado. Em outubro, o índice Nikkei caiu 24%.
O primeiro-ministro japonês, Taro Arso, propôs um pacote de estímulo de US$ 52 bilhões, que prevê créditos para pequenas e médias empresas, além de restituições fiscais a cada família japonesa.
O pacote fiscal colocará mais pressão sobre o orçamento público, cujo déficit já supera 180% do PIB, segundo afirmou na semana passada a ex-ministra de Política Fiscal e Econômica Hiroko Ota.


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