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Fiscos têm "presente" de R$ 1 tri antes do Natal
Receita tributária alcançará marca recorde, pela primeira vez dentro do mesmo ano, em 13 de dezembro
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
No próximo dia 13 de dezembro, 348º dia do ano, os contribuintes brasileiros terão pagado o valor recorde de R$ 1 trilhão em tributos aos governos
federal, estaduais e municipais.
Esse valor nunca foi alcançado
antes no país dentro de um
mesmo ano -em 2007, a receita foi de R$ 921 bilhões; no ano
anterior, de R$ 812,7 bilhões. A
arrecadação de R$ 1 trilhão em
2008 foi antecipada pela Folha
ao final do ano passado.
Como comparação, o R$ 1
trilhão corresponde a 71 vezes
o lucro líquido somado dos
bancos Bradesco, Itaú e Unibanco (R$ 14,1 bilhões) nos primeiros nove meses deste ano.
Quando o R$ 1 trilhão for
atingido, a média de tributos
pagos será de R$ 2,87 bilhões
por dia. Na virada do ano, o Impostômetro -painel eletrônico
instalado no prédio da Associação Comercial de São Paulo,
que mostra, em tempo real, o
total da arrecadação tributária
no país- marcará pelo menos
R$ 1,06 trilhão. Se esse número
se confirmar, haverá aumento
de 15% sobre a receita de 2007.
As estimativas são do advogado Gilberto Luiz do Amaral,
presidente do IBPT (Instituto
Brasileiro de Planejamento
Tributário), entidade que reúne profissionais do setor que se
dedicam a estudos tributários
de natureza institucional, setorial e empresarial.
Segundo Amaral, há quatro
fatores que explicam os sucessivos recordes de receita obtidos no país: crescimento econômico, redução da inadimplência, maior fiscalização e reflexos residuais do aumento de
tributos em anos anteriores.
Com o crescimento econômico deste ano, as empresas
vendem mais e faturam mais.
Com isso, pagam mais IR e
CSLL. Também por conta do
maior faturamento, as empresas não só mantiveram em dia
o pagamento dos tributos como ainda colocaram em dia
eventuais débitos.
Pela análise do IBPT, a crise
financeira ainda não afetou a
arrecadação tributária de outubro -os dados devem ser divulgados hoje pela Receita Federal. Amaral diz que ainda não
houve queda no ritmo de crescimento da arrecadação, que se
mantém acima de 14% em termos nominais e acima de 8,5%
em termos reais (descontada a
inflação pelo IPCA).
Para o último bimestre do
ano, a previsão é que haja queda no ritmo de crescimento da
receita, mas ainda não significativo. "Haverá desaceleração
no ritmo de alta do IOF, do Imposto de Importação, do PIS e
da Cofins, do IR das empresas e
da CSLL. Para os Estados, a desaceleração será no ICMS."
R$ 900 bilhões
Do início do ano até as 19h de
ontem, 321º dia do ano, os contribuintes brasileiros já pagaram R$ 900 bilhões em tributos. Esse valor equivale a R$ 2,8
bilhões por dia, em média, ou
R$ 116,8 milhões por hora.
A cada ano, aumenta a velocidade da arrecadação tributária.
No quadro ao lado o leitor pode
constatar isso. Em 2006, a marca de R$ 800 bilhões, por exemplo, só foi alcançada em 26 de
dezembro; no ano passado,
mais de um mês antes, em 24
de novembro; neste ano, bem
mais cedo, em 13 de outubro.
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