São Paulo, terça-feira, 17 de novembro de 2009

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ANÁLISE

Emprego na indústria sinaliza alta do investimento

FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A evolução do emprego formal em outubro foi amplamente positiva. O saldo entre admissões e demissões (231 mil) foi um pouco menor do que em setembro (253 mil), mas historicamente o recuo das contratações líquidas entre esses dois meses costuma ser mais significativo. Ou seja, descontadas as influências sazonais, o que se observou de setembro para outubro foi uma aceleração da abertura líquida de vagas formais de trabalho. Combinando as informações do Caged com as da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), estimamos que o estoque de celetistas tenha aumentado 0,67% no mês (ante 0,47% no mês anterior).
Assim como em agosto e em setembro, em outubro o desempenho do emprego formal foi favorável em todos os grandes setores da economia, refletindo a melhora da confiança empresarial que variados levantamentos vêm constatando. Mesmo na agropecuária, setor em que as demissões superaram em 12 mil as admissões, o resultado não foi ruim (pois geralmente nos meses de outubro observa-se uma queda mais pronunciada do emprego no setor).
Os resultados mais relevantes, do ponto de vista analítico, foram os da indústria. Embora o setor responda por apenas 25% do estoque de trabalhadores celetistas -proporção similar à do comércio (23%) e bem inferior à dos serviços (cerca de 40%)-, ele vem sendo o grande responsável pela dinâmica do emprego formal como um todo.
Entre novembro do ano passado e março deste ano, no auge do impacto da crise financeira global, a indústria fechou 507 mil postos de trabalho formal. A partir de abril, as contratações voltaram a superar as demissões, resultando, até outubro, numa "recuperação" parcial, de 291 mil empregos industriais.
Os segmentos industriais que amargam a maior "perda" líquida de empregos formais são aqueles dedicados à produção de máquinas e de bens de consumo duráveis. Esses segmentos são também, claro que não por acaso, os mais dependentes da confiança, do crédito e das exportações.
Em outubro, o número de empregados formais desses segmentos (metalurgia, mecânica, material elétrico e de comunicações e de material de transporte) ainda se situou entre 7% e 10% abaixo do nível de outubro de 2008. Mas foi o terceiro mês consecutivo em que esses segmentos contrataram mais do que demitiram -reforçando os indícios de que os investimentos e as exportações industriais já voltaram a se expandir.


FERNANDO SAMPAIO , economista, é sócio-diretor da LCA Consultores.


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