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Estrangeiros querem anistia e mudança na Lei de Imigração
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Imigrantes latino-americanos reunidos ontem na praça
da Sé em São Paulo pediram
mudanças na Lei de Imigração,
medidas para combater condições degradantes de trabalho e
anistia aos ilegais. O evento
marcou o Dia Internacional do
Imigrante, instituído pela
ONU, e reuniu 2 mil pessoas,
segundo os organizadores.
Em São Paulo, bolivianos,
chilenos, peruanos e paraguaios se submetem a condições análogas às de escravos em
oficinas de costura. "Eles trabalham até 14 horas por dia e ficam com menos da metade do
preço de qualquer mercadoria
que produzem", afirma Daniel
Andrade, gerente da Associação dos Costureiros Bolivianos,
no bairro paulistano do Pari.
Andrade é um dos coordenadores de um movimento que,
juntamente com outros sindicatos do gênero, pretende que o
governo brasileiro modifique a
Lei de Imigração para que os
documentos de permanência
provisória concedam o direito
de trabalho ao imigrantes.
Segundo Paulo Illes, coordenador do Cami (Centro de
Apoio ao Migrante), essa mudança ajudaria a resolver o problema de exploração do trabalho do imigrante.
A idéia das comunidades latino-americanas é criar cooperativas chefiadas por imigrantes
com documentação definitiva.
Esses "líderes" poderiam dar
emprego a trabalhadores com
documentação provisória. "Assim acabaríamos com o medo
dos imigrantes de serem denunciados à polícia", afirma
Andrade. "É por isso que eles se
submetem à exploração."
Outra medida seria estabelecer preços da hora de trabalho
nas cooperativas. "Hoje, as oficinas que exploram os trabalhadores ficam, por exemplo,
com quase R$ 2 de uma camiseta que eles vendem por R$ 3."
A anistia geral a todos os imigrantes clandestinos no país foi
outra reivindicação. "A última
foi concedida em 1999", diz
Illes. Com a anistia, esse grupo
poderia obter a documentação
definitiva de permanência e
conseguir um trabalho formal.
Também seria possível contribuir com a Previdência.
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