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Microsoft oferecerá navegador rival na UE
Para evitar nova e dispendiosa disputa judicial, empresa, que anteriormente pagou multa de US$ 2,4 bi, faz acordo com autoridades
Especialistas dizem que acordo mostra a crescente influência da Europa no estabelecimento de padrões antitruste mundiais
Olivier Hoslet/Efe
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A comissária europeia para concorrência, Neelie Kroes, fala, em Bruxelas, sobre acordo com Microsoft
DO "NEW YORK TIMES"
As autoridades regulatórias
europeias abandonaram o processo antitruste contra a Microsoft, depois que a empresa
concordou em oferecer aos
consumidores a opção de usar
navegadores de companhias rivais. O acordo evitou uma segunda e dispendiosa batalha judicial para a gigante norte-americana do software.
O acordo dispõe que a Microsoft ofereça aos usuários do
Windows a opção de adotar até
11 outros navegadores oferecidos por empresas rivais, como
Mozilla, Apple e Google.
Os usuários europeus do onipresente sistema operacional
Windows que tenham optado
pelo Explorer como seu navegador padrão receberão a opção de mudar para um rival em
uma próxima atualização de
software, a partir de 2010.
"Milhões de consumidores
europeus se beneficiarão dessa
decisão ao ter liberdade de escolher o navegador que utilizam", afirmou, em comunicado, Neelie Kroes, a comissária
europeia para concorrência.
A Microsoft, por sua vez, declarou que estava "satisfeita"
com a decisão. Jesse Verstraete, porta-voz da empresa em
Bruxelas, disse que não há planos de estender a oferta a outros países que não os 27 integrantes da UE mais Noruega,
Islândia e Liechtenstein.
Ainda assim, o acordo coloca
em destaque, de acordo com especialistas jurídicos, a atitude
cada vez mais conciliatória que
as empresas norte-americanas
vêm adotando para evitar sanções e assim poder continuar
atuando na Europa.
Para a Microsoft, o acordo representa um contraste gritante
com o seu primeiro e acrimonioso confronto judicial com as
autoridades europeias, que resultou em multas de US$ 2,4 bilhões e em uma ordem judicial
para que alterasse algumas de
suas práticas de negócios.
O caso,que durou quase uma
década, foi encerrado em outubro de 2007, quando a Microsoft desistiu de recorrer de uma
decisão da comissão, segundo a
qual a empresa havia abusado
da posição dominante do Windows no mercado para beneficiar seu software de mídia e seu
negócio de servidores.
Dois meses após a desistência da Microsoft, a Opera, fabricante de navegadores, apresentou queixa quanto a esse tipo de
software, o que resultou no segundo processo.
O Google, produtor do Chrome, e a Mozilla, que criou o Firefox, assinaram como oponentes no processo. A comissão
anunciou em janeiro que a integração do Explorer ao Windows prejudicava a concorrência. Em julho, a Microsoft propôs um plano de distribuição
para navegadores, que, depois
de ajustes propostos pelos rivais, conduziu ao acordo.
Os produtores rivais disseram que o acordo representava
uma oportunidade importante
para seus softwares. Isso, afirmam, dará mais liberdade de
escolha aos europeus e também permitirá que eles comparem os diferentes navegadores.
"Acredito que esse acordo tenha o potencial de mudar a situação atual", disse Sundar Pichai, diretor da equipe do navegador Chrome, do Google. "A
maioria dos consumidores, no
passado, teria escolhido o Explorer porque ele veio em seus
computadores. Agora, a decisão
será tomada pelos méritos."
O Windows, da Microsoft, está presente em mais de 90%
dos computadores do planeta.
Pelos termos do acordo, a
Microsoft oferecerá telas de
opção de navegadores como
parte das atualizações de software fornecidas a mais de 100
milhões de usuários dos sistemas operacionais Windows XP,
Vista e 7 na Europa que optaram pelo Explorer como seu
navegador principal.
O Explorer detinha 62% do
mercado europeu de navegadores em setembro, de acordo
com a consultoria AT Internet
Institute. O segundo lugar cabe
ao Firefox, com 28,4%, seguido
pelo Apple Safari, com 4,3%, o
Google Chrome, com 2,8%, e o
Opera, com 2,2%.
Além dos efeitos sobre o
mercado, especialistas disseram que a anuência da Microsoft em distribuir produtos rivais era uma confirmação da
crescente influência da Europa
no estabelecimento de padrões
antitruste mundiais.
Nos 12 últimos meses, a comissão, sob a liderança de
Kroes, conquistou concessões
da Oracle (que queria a aprovação da aquisição da Sun Microsystems), da Rambus (que
concordou em reduzir seus royalties sobre certos chips de
memória) e agora da Microsoft.
No mês passado, a comissão
encerrou um inquérito -iniciado quatro anos atrás- sobre
a política de descontos praticada pela Qualcomm depois que a
fabricante americana de chips
para celulares fechou acordos
com sete rivais.
Em todas essas ocasiões, as
empresas norte-americanas
decidiram que era preciso mudar a forma como operam na
União Europeia a fim de evitar
novas multas, custos judiciais e
má publicidade.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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