São Paulo, quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Índice

Distribuidora rejeita repasse de reajuste do gás boliviano

Aumento de preço foi negociado entre as administrações Lula e Evo Morales

Independentemente do acordo, gás boliviano deve subir 6,5% em janeiro, mas Petrobras não deve repassar aumento para distribuidoras

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado) informou ontem que "nem cogita" ter a tarifa de gás natural boliviano reajustada devido ao novo acordo entre a Petrobras e a YPFB, estatal do país andino.
Segundo a entidade, o aumento do custo na importação do insumo não deve ser pago pelos consumidores de gás natural.
Ela avalia que a Petrobras não tem como argumentar que está pagando mais pelo insumo importado após a assinatura do termo aditivo ao contrato. Até hoje, a estatal não pagava esse prêmio, que foi incluído como parte de negociação política entre os governos Lula e Morales.
O gás natural importado da Bolívia não tem em sua composição apenas metano, molécula que forma a maior parte do gás importado pelo Brasil. O insumo contém outras frações, como propano e butano (moléculas usadas como gás de cozinha), além de gasolina natural.
Esses componentes, apesar de estarem contidos no gás exportado pela Bolívia, não tinham uma tarifação especial.
Para aproveitar esses líquidos, a Petrobras construiu uma unidade de processamento de gás natural a partir da qual separa esses componentes da molécula de metano que é entregue às distribuidoras para ser comercializado com indústria, comércio, postos de GNV e residências. As demais frações são negociadas em mercados como o de GLP.
A Abegás defende que os consumidores do insumo utilizam o gás natural já processado, sem as frações líquidas que justificaram a negociação para o desembolso de mais US$ 1,2 bilhão para a Bolívia até 2019. Se houver necessidade de repasse, defende que seja aplicado esse sobrecusto nos mercados que são atendidos por essas frações mais nobres do gás natural.

Aumento de preço
O preço do gás boliviano comprado pela Petrobras deverá ser reajustado em janeiro.
Segundo cálculos preliminares de técnicos do governo, o aumento poderá ser de aproximadamente 6,5%. A Petrobras deverá arcar com o custo, sem repasse para as distribuidoras.
Esse aumento não está relacionado com as negociações entre os governos brasileiro e boliviano. O reajuste de janeiro é contratual e acontece a cada três meses. Com base em uma cesta de cotações de derivados de petróleo e na taxa de câmbio, o preço do gás varia. O governo brasileiro avalia que a alta poderá ser absorvida sem problemas pela Petrobras por conta da valorização do real, o que diminui o peso do reajuste no mercado interno.


Colaborou HUMBERTO MEDINA , da Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Vaivém das commodities
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.