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Distribuidora rejeita repasse de reajuste do gás boliviano
Aumento de preço foi negociado entre
as administrações Lula e Evo Morales
Independentemente do
acordo, gás boliviano deve
subir 6,5% em janeiro, mas
Petrobras não deve repassar
aumento para distribuidoras
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado) informou ontem que "nem cogita"
ter a tarifa de gás natural boliviano reajustada devido ao novo acordo entre a Petrobras e a
YPFB, estatal do país andino.
Segundo a entidade, o aumento
do custo na importação do insumo não deve ser pago pelos
consumidores de gás natural.
Ela avalia que a Petrobras
não tem como argumentar que
está pagando mais pelo insumo
importado após a assinatura do
termo aditivo ao contrato. Até
hoje, a estatal não pagava esse
prêmio, que foi incluído como
parte de negociação política entre os governos Lula e Morales.
O gás natural importado da
Bolívia não tem em sua composição apenas metano, molécula
que forma a maior parte do gás
importado pelo Brasil. O insumo contém outras frações, como propano e butano (moléculas usadas como gás de cozinha), além de gasolina natural.
Esses componentes, apesar
de estarem contidos no gás exportado pela Bolívia, não tinham uma tarifação especial.
Para aproveitar esses líquidos, a Petrobras construiu uma
unidade de processamento de
gás natural a partir da qual separa esses componentes da
molécula de metano que é entregue às distribuidoras para
ser comercializado com indústria, comércio, postos de GNV e
residências. As demais frações
são negociadas em mercados
como o de GLP.
A Abegás defende que os consumidores do insumo utilizam
o gás natural já processado,
sem as frações líquidas que justificaram a negociação para o
desembolso de mais US$ 1,2 bilhão para a Bolívia até 2019. Se
houver necessidade de repasse,
defende que seja aplicado esse
sobrecusto nos mercados que
são atendidos por essas frações
mais nobres do gás natural.
Aumento de preço
O preço do gás boliviano
comprado pela Petrobras deverá ser reajustado em janeiro.
Segundo cálculos preliminares
de técnicos do governo, o aumento poderá ser de aproximadamente 6,5%. A Petrobras deverá arcar com o custo, sem repasse para as distribuidoras.
Esse aumento não está relacionado com as negociações
entre os governos brasileiro e
boliviano. O reajuste de janeiro
é contratual e acontece a cada
três meses. Com base em uma
cesta de cotações de derivados
de petróleo e na taxa de câmbio,
o preço do gás varia. O governo
brasileiro avalia que a alta poderá ser absorvida sem problemas pela Petrobras por conta
da valorização do real, o que diminui o peso do reajuste no
mercado interno.
Colaborou HUMBERTO MEDINA ,
da Sucursal de Brasília
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