|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dívida federal cresce R$ 470 bi com Lula
Primeiro mandato fecha com dívida total de R$ 1,1 tri, puxada pelos juros altos e pela troca de papel externo por interno
Pagamento de juros da dívida chega a R$ 142 bi em 2006; governo espera que, com queda da Selic, gasto seja menor neste ano
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida contraída pelo governo com a emissão de títulos
públicos cresceu R$ 470 bilhões no primeiro mandato do
governo Lula, chegando a R$
1,094 trilhão no final de 2006.
O aumento de 75% se explica
pelos elevados juros praticados
no país e pela estratégia do Tesouro Nacional de substituir
parte de seu endividamento externo por mais dívida interna.
Comparações com o governo
FHC (1995-2002) são difíceis
porque a metodologia usada foi
alterada em dezembro de 1999.
Naquela época, os títulos públicos em circulação no mercado
interno representavam 42% do
PIB e caíram para 40% no final
de 2002. Entre janeiro de 2000
e dezembro de 2002, a dívida
cresceu R$ 182 bilhões.
Ainda não existe um número
oficial, mas se estima que a relação entre títulos públicos e
PIB tenha subido para cerca de
51% no final do ano passado.
Só em 2006, a carga de juros
que incidiu sobre os títulos públicos em circulação no mercado foi de R$ 142 bilhões, 17 vezes mais do que o valor destinado, no mesmo período, aos beneficiários do Bolsa Família.
Em 2005, os encargos da dívida
somaram R$ 140,9 bilhões.
Para Ronnie Tavares, coordenador-geral da Dívida Pública do Tesouro, os gastos com
juros, em reais, crescem ano a
ano porque a dívida também
cresce. Ainda assim, ele ressalta
que, com a queda dos juros (Selic), a expectativa é que o governo comece a economizar um
pouco na gestão da dívida.
A taxa Selic corrige diretamente 40,2% dos títulos públicos no mercado, mas também
serve de referência para as taxas que remuneram os outros
papéis emitidos pelo governo.
A redução no volume de títulos corrigidos pela Selic é um
dos aspectos positivos mais citados pelo governo ao avaliar a
evolução da dívida pública. No
fim de 2005, essa proporção estava em 53,3%. "Isso ajuda a aumentar a previsibilidade da
gestão da dívida", diz Tavares.
Mas há quem seja mais cético. "Dizer que está melhor do
que uns anos atrás não é muito
refresco. A despeito dos avanços que de fato existiram, muito precisa ser feito", afirma Roberto Padovani, economista-chefe do WestLB.
O economista afirma que é
preciso uma redução nos gastos
e um aumento na meta de superávit primário (economia
feita pelo governo para o pagamento de juros) para que se
possa criar condições de aproximar os indicadores de endividamento do país dos observados em outros emergentes.
Já a substituição da dívida
externa por dívida interna é
vista como algo positivo pelo
economista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz. "Com
isso o governo passa a dever na
sua própria moeda e não fica
sujeito a mudanças na taxa de
câmbio ou no risco-país."
Lintz diz que a manutenção
da meta de superávit primário
num valor equivalente a 4,25%
do PIB -ou mesmo sua redução para algo pouco abaixo de
4%, caso o governo decida aumentar seus investimentos a
partir deste ano- já é suficiente para garantir uma queda gradual da relação dívida/PIB.
Para Lintz, o importante é
que a inflação siga sob controle
para que os juros continuem
caindo e os investidores tenham cada vez mais confiança
para aplicar em títulos prefixados de prazos mais longos.
Texto Anterior: Internet: Consumidor vai ter conexão mais barata Próximo Texto: Investidores recomendam ações do Brasil Índice
|