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Governo toma medidas para evitar apagão
Petrobras irá reduzir consumo próprio de gás, e será contratada energia de reserva para garantir o abastecimento
Bagaço de cana pode ser mais usado como fonte energética; Lobão, novo ministro, diz que não haverá escassez neste ano
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embora negue o risco de racionamento, o governo anunciou ontem duas medidas para
aumentar a segurança no abastecimento de energia e evitar
um apagão.
São elas: 1) regulamentou a
contratação de energia de reserva -espécie de "seguro-apagão", adotado em 2002 no fim
do racionamento e extinto em
2005-, cuja conta será paga
por todos os consumidores, e 2)
confirmou a redução do consumo de gás da Petrobras para
elevar a oferta do produto para
as termelétricas, em estudo
desde o começo do mês.
O governo não trata a situação dessa forma, mas as duas
medidas compõem um pacote
que vem sendo anunciado desde dezembro, quando o governo percebeu que as chuvas não
estavam caindo na quantidade
esperada.
Desde então, já foram acionadas termelétricas a óleo, e foi
elevada a oferta de energia enviada do Sul para o Sudeste e do
Sudeste para o Nordeste.
A energia de reserva deverá
ser contratada pelas distribuidoras por meio de leilão a partir
de volumes definidos pelo governo. O custo será pago pelos
consumidores, como ocorreu
no passado. A expectativa do
governo é que seja contratada
energia de termelétrica produzida a partir de bagaço de cana.
Na época do racionamento a
fonte foi óleo, e o "seguro" teve
um custo muito mais alto do
que se espera agora.
A energia que for contratada
como reserva só será gerada caso haja escassez de chuvas, problemas nas outras usinas ou
um crescimento maior da demanda. O custo da "disponibilidade", ou aluguel da sua capacidade de geração, é pago por todos os consumidores, mesmo
que a energia não seja gerada.
O Ministério de Minas e
Energia negou que a regulamentação da medida esteja vinculada ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Segundo o governo, a energia de
reserva já estava prevista no
novo modelo do setor. O primeiro leilão para comprar
energia de reserva deve acontecer no fim de abril.
O governo, no entanto, se diz
tranqüilo e nega risco de racionamento. "Em março os reservatórios das hidrelétricas estarão vertendo", afirmou o novo
ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão. "Para este ano
não há problemas, para o próximo, estamos tomando as providências para que não haja", disse. Lobão, que ainda não tomou
posse, falou após reunião com o
ex-ministro, Nelson Hubner, e
técnicos do setor.
Gás da Petrobras
O governo espera que a redução do consumo de gás pela Petrobras permita às usinas termelétricas aumentarem a geração de energia em 750 MW
(megawatts). A estatal, que usa
gás nas refinarias como parte
do processo de produção de derivados, irá substituir o combustível por óleo. A medida pode amenizar um pouco o gargalo do gás -as termelétricas que
usam esse combustível poderiam, em tese, gerar aproximadamente 8.000 MW, mas não
há gás para tudo isso.
Em maio do ano passado, a
Petrobras, fornecedora do gás,
assinou um termo de compromisso com a Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica).
De acordo com o documento,
para o primeiro semestre deste
ano só há garantia para a geração de 3.900 MW em termelétricas a gás. Até o final de 2011, a
estatal se comprometeu a aumentar essa quantidade para
6.737 MW.
Para dar segurança ao abastecimento em 2009, o Ministério de Minas e Energia já informou que as termelétricas a gás
deverão continuar gerando
energia ao longo de todo o ano.
Já as termelétricas a óleo, mais
caras e mais poluentes, deverão
ser desligadas tão logo a quantidade de chuvas aumente e os
reservatórios encham.
Além do gás, o governo está
tentando resolver problemas
de logística de entrega de óleo
para usinas. A termelétrica de
Cuiabá (MT) vai gerar 195 MW
com óleo. Essa usina tem capacidade para gerar até 390 MW a
gás, mas teve o suprimento de
combustível cortado pela Bolívia.
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