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Banco quer dividir com governo risco de crédito
Proposta visa diminuir taxas cobradas em empréstimos para pequenas e médias empresas
BNDES estuda mudar regras de fundo já existente, que cobre em até 80% a inadimplência para suas linhas de financiamento
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Os bancos negociam com o
governo uma forma de reduzir
as taxas cobradas nos empréstimos para pequenas e médias
empresas, setor punido pelo
aperto no crédito. Para isso,
propõem dividir com o governo
o eventual risco de inadimplência, o maior componente do
custo do "spread" (a diferença
entre o custo de captação do dinheiro para os bancos e a taxa
cobrada do cliente).
A proposta deve ser discutida
hoje, em reunião do ministro
da Fazenda, Guido Mantega,
com os banqueiros. Segundo o
presidente da Febraban, Fábio
Barbosa, a ideia é viabilizar
uma alternativa de financiamento com custo menor para
as empresas que perderam espaço no crédito doméstico para
outras de maior porte, que se financiavam no exterior. "Tentamos buscar soluções. Essa é
uma das possibilidades a serem
exploradas. O setor financeiro
tem o maior interesse em emprestar", disse Barbosa, em entrevista à Folha.
O primeiro desenho do fundo foi encaminhado no final do
ano passado pela Febraban,
mas a proposta foi considerada
cara pelo governo. A Febraban
rechaça a consideração e afirma que se trata de um incentivo mais barato do que outros
adotados, como colocar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal para assumirem financiamentos de maior risco.
Pela proposta, a inadimplência seria bancada por uma espécie de seguro de crédito, gerido por um fundo de aval capitalizado pelo BNDES. O governo assumiria aporte de 100%
desse fundo. Por outro lado, os
empréstimos teriam embutido
um prêmio para esse seguro.
Os financiamentos seriam garantidos por meio do recebimento do pagamento de vendas que essas empresas acertarem com seus clientes.
Segundo Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, o banco assumiria parte do risco de inadimplência,
por exemplo, com o ônus sozinho do primeiro atraso em um
pagamento. O modelo, afirma o
economista, é mais fácil de
equacionar do que constituir
um fundo como o FGC (Fundo
Garantidor de Crédito), que cobre até R$ 60 mil dos depósitos, ou outro com recursos público-privados, como defende
integrantes do governo.
"A crítica que vem a essa proposta é que os bancos querem
passar o risco para o governo.
Mas se o governo está dizendo
que está tudo bem -e que os
bancos estão exagerando-, ele
[governo] dá o seguro, pega
uma "fee" [comissão] e uma garantia. Só vai ter problema se
tiver inadimplência", disse.
Segundo a Folha apurou, o
BNDES está reformulando o
seu FGPC (Fundo de Garantia
para a Promoção da Competitividade), um fundo de aval com
o objetivo de mitigar riscos em
operações para micro, pequenas e médias empresas. No formato atual, ele funciona como
um seguro, e as operações devem envolver a utilização de
suas linhas de financiamento.
Hoje, em operações inferiores a R$ 500 mil com cobertura
do fundo não são exigidas garantias reais. Acima disso, o
banco exige garantias iguais ao
valor do financiamento. Segundo o BNDES, o risco máximo
assumido pelo fundo varia de
70% a 80%.
Consignado
Os bancos decidiram aceitar
a proposta da Força Sindical de
diminuir as parcelas de empréstimos consignados para as
empresas que negociarem redução de salário com seus funcionários.
As parcelas menores gerarão
um resíduo, que será pago no final do financiamento.
Colaborou SHEILA D'AMORIM ,
da Sucursal de Brasília
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