São Paulo, quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

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outro lado

Só divulguei fato, diz representante de associação

DA REPORTAGEM LOCAL

"Não tenho dinheiro na Bolsa. Por que teria interesse em alterar a cotação da Telebrás?", disse à Folha Marcelo Branco, representante da Associação Software Livre.
No último dia 2, Branco divulgou, em seu Twitter, frases de Lula no sentido de que a Telebrás vai se transformar numa estatal da banda larga. Em dois dias, o papel da empresa subiu 33%.
"As ações da Telebrás já vinham se valorizando aos milhares. Meu único objetivo foi o de democratizar informações que poderiam ter ficado nos bastidores. Se o governo errou ao falar o que não deveria, ou se existem declarações contraditórias, o problema não é meu, mas do governo. Eu fiz o que jornalistas como vocês fariam. Divulguei o fato."
Rogério Santanna, secretário de Logística e Tecnologia do Ministério do Planejamento, recusou-se a comentar o assunto, alegando que foi conselheiro da Telebrás.
No entanto, em entrevista à editora tele.síntese, concedida em 2009, ele declarou: "Pela avaliação técnica, a decisão pela Telebrás fará com que as coisas aconteçam mais rápido. Porque toda a parte jurídica e societária já foi estudada. Se optar por outra empresa pública, esse estudo terá que ser feito para ver se há implicações no estatuto delas. O estatuto da Telebrás é compatível com a atribuição, a empresa é bem estruturada, tem funcionários da área, tem tudo para assumir esse papel."
Em nota divulgada no dia 11, em resposta a reportagem publicada pela Folha, Hélio Costa informou que, "em nenhum momento, o governo afirmou que a Telebrás será reativada".
Segundo ele, "não é possível determinar, por ora, quais seriam as atribuições da Telebrás e o escopo de sua atuação na hipótese de sua eventual participação no Plano Nacional de Banda Larga".
Estatais como a Eletrobrás (dona da rede de fibras óticas) e a Telebrás remetem quaisquer pedidos de declarações ao Planalto, a quem caberá decidir o plano da tele estatal e o eventual papel da Telebrás dentro dele.
Em janeiro de 2010, em resposta a um pedido da Bovespa, o presidente da Telebrás, Jorge da Motta e Silva, informou: "A diretoria da Telebrás desconhece fatos que possam justificar as oscilações referenciadas com as ações da companhia. Não temos nenhum documento oficial sobre a questão".
Em novembro de 2007, declarações de Motta e Silva ajudaram a Telebrás a se valorizar em mais de 500% em dois dias. Em setembro de 2009, o próprio Motta e Silva recebeu uma advertência da CVM por não ter obtido informações a respeito do papel da Telebrás no projeto de banda larga. A CVM não quis comentar o assunto.


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