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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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Reservas já estão baixas por causa do frio do início do ano

Consumo de óleo nos EUA preocupa mais que conflito

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Uma guerra rápida e restrita ao Iraque não causaria danos irreparáveis ao mercado de petróleo nos EUA, mas há uma preocupação que será inevitável nos próximos meses: o aumento da demanda no mercado interno.
Isso porque o mês que vem marca o início do que os analistas chamam de "driving season", algo como "temporada para dirigir". É quando os americanos, após o fim do inverno, passam a tirar seus carros da garagem com maior frequência.
"No segundo trimestre, isso causa um aumento diário no consumo entre 1,5 milhão e 2 milhões de barris", diz Paul Chen, analista de petróleo da Lehman Brothers.
Uma nota técnica do JP Morgan obtida pela Folha ajuda a explicar a importância dessa pressão. "A demanda global cai no segundo trimestre, mas a americana sobe", diz o texto. "As percepções de preço [no mercado de petróleo" são determinadas pelos EUA, onde há dados acurados, não pelo mercado mundial, onde as informações são atrasadas e frequentemente inconfiáveis."
Além de Saddam Hussein, o complicador, neste ano, é o frio além do normal no inverno, que fez os americanos gastarem mais óleo que o usual com aquecimento. Resultado: as reservas americanas estão agora abaixo dos 270 milhões de barris que o governo estima como necessários para as operações normais.
Chen diz que este número é superestimado. "Com os ganhos tecnológicos, é possível viver com uma reserva menor."
De qualquer forma, aponta o JP Morgan, o problema é saber se ele parará de diminuir, e para isso é preciso aumentar a importação.
É aqui que a guerra tem potencial para complicar a situação, segundo apontam analistas, já que poderia interferir no aumento, necessário, das importações americanas a partir de agora.
Ontem, por exemplo, mesmo com o anúncio do fim das negociações diplomáticas para evitar a guerra, o preço do petróleo caiu em Nova York -o galão caiu 1,27%, para US$ 34,93. O pico histórico da Guerra do Golfo foi de US$ 41,15. "O mercado acredita que a guerra será rápida e curta", disse à agência Reuters o analista Charlie Luke, da Aberdeen Asset Management. "Mas definitivamente será de maneira diferente caso se alongue", emendou Steve Turner, do banco Commerzbank, em Londres.

Segurança
Ontem, um grupo de 20 a 25 manifestantes pacifistas invadiu a Bolsa Internacional de Petróleo de Londres, paralisando as negociações da commodity.
Bolsas de Valores de todo o mundo vêm reforçando seus sistemas de segurança, especialmente depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.


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