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Reservas já estão baixas por causa do frio do início do ano
Consumo de óleo nos EUA preocupa mais que conflito
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Uma guerra rápida e restrita ao
Iraque não causaria danos irreparáveis ao mercado de petróleo nos
EUA, mas há uma preocupação
que será inevitável nos próximos
meses: o aumento da demanda no
mercado interno.
Isso porque o mês que vem
marca o início do que os analistas
chamam de "driving season", algo como "temporada para dirigir". É quando os americanos,
após o fim do inverno, passam a
tirar seus carros da garagem com
maior frequência.
"No segundo trimestre, isso
causa um aumento diário no consumo entre 1,5 milhão e 2 milhões
de barris", diz Paul Chen, analista
de petróleo da Lehman Brothers.
Uma nota técnica do JP Morgan
obtida pela Folha ajuda a explicar
a importância dessa pressão. "A
demanda global cai no segundo
trimestre, mas a americana sobe",
diz o texto. "As percepções de
preço [no mercado de petróleo"
são determinadas pelos EUA, onde há dados acurados, não pelo
mercado mundial, onde as informações são atrasadas e frequentemente inconfiáveis."
Além de Saddam Hussein, o
complicador, neste ano, é o frio
além do normal no inverno, que
fez os americanos gastarem mais
óleo que o usual com aquecimento. Resultado: as reservas americanas estão agora abaixo dos 270
milhões de barris que o governo
estima como necessários para as
operações normais.
Chen diz que este número é superestimado. "Com os ganhos
tecnológicos, é possível viver com
uma reserva menor."
De qualquer forma, aponta o JP
Morgan, o problema é saber se ele
parará de diminuir, e para isso é
preciso aumentar a importação.
É aqui que a guerra tem potencial para complicar a situação, segundo apontam analistas, já que
poderia interferir no aumento,
necessário, das importações americanas a partir de agora.
Ontem, por exemplo, mesmo
com o anúncio do fim das negociações diplomáticas para evitar a
guerra, o preço do petróleo caiu
em Nova York -o galão caiu
1,27%, para US$ 34,93. O pico histórico da Guerra do Golfo foi de
US$ 41,15. "O mercado acredita
que a guerra será rápida e curta",
disse à agência Reuters o analista
Charlie Luke, da Aberdeen Asset
Management. "Mas definitivamente será de maneira diferente
caso se alongue", emendou Steve
Turner, do banco Commerzbank,
em Londres.
Segurança
Ontem, um grupo de 20 a 25
manifestantes pacifistas invadiu a
Bolsa Internacional de Petróleo
de Londres, paralisando as negociações da commodity.
Bolsas de Valores de todo o
mundo vêm reforçando seus sistemas de segurança, especialmente depois dos atentados terroristas
de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.
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