São Paulo, sábado, 18 de março de 2006

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TV DIGITAL

Ministro afirma que padrão japonês, de sua preferência, é defendido por todas as emissoras

TV Globo não precisa de padrinho, diz Costa

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

"A TV Globo não precisa de padrinho", afirmou o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao justificar, ontem, sua posição em relação à TV digital. Ele apóia o sistema japonês ISDB, que é defendido pelas emissoras de televisão, em movimento liderado pelas Organizações Globo.
"Não preciso defender a TV Globo. A TV Globo não precisa de padrinho. Estou defendendo o modelo que é bom para o telespectador (...) Todas as redes de televisão apóiam o sistema japonês, inclusive a TV Cultura, que é pública", disse ele.
Disse que tem sido interpretado erroneamente como um defensor do padrão japonês. ""Defendo o sistema que garanta a recepção da TV aberta nos celulares. No sistema japonês, a transmissão é de graça. No europeu, o consumidor tem de pagar", declarou.

Financiamento
Segundo Hélio Costa, o governo estuda abrir uma linha de crédito no Banco Popular do Brasil para financiar o consumidor na compra do decodificador de sinais. O equipamento -que permitirá que os aparelhos de televisão analógicos captem a programação digital transmitida pelas emissoras de TV- deve ser vendido no mercado interno por cerca de R$ 100, disse o ministro.
Costa disse que o governo não pretende subvencionar (bancar parte do custo) a compra do decodificador, como fizeram os EUA, que, segundo afirmou, gastaram US$ 1,5 bilhão em subsídios.
Surpreendentemente, o ministro amenizou o discurso, ontem, ao falar da disputa entre os padrões de TV digital europeu e japonês, que se acirrou na última semana.
A decisão do governo era aguardada na sexta-feira passada, mas o comitê de nove ministérios que participam da discussão pediu mais tempo para examinar as contrapartidas oferecidas pelos países fornecedores das tecnologias: EUA, Japão e União Européia. A Folha informou, na semana passada, que o presidente Lula já se decidiu pelo sistema japonês, mas, nos últimos dias, os europeus acenaram com a possibilidade de implantar uma fábrica de semicondutores no país, igualando-se aos japoneses, que fizeram a oferta primeiro.
Na última segunda-feira, em Belo Horizonte (MG), Costa acusou as companhias telefônicas de serem monopolistas e de comprarem consciências na mídia. As teles defendem o europeu DVB, que abre espaço para que elas entrem, indiretamente, no mercado de radiodifusão.
Questionado sobre o motivo da declaração feita em Minas, Costa limitou-se a dizer que ""a carapuça serviu" e quem tinha de vender a consciência já o teria feito, sem explicar a que empresas ou pessoas se referia.
Em relação à acusação de reserva de mercado para a indústria japonesa, afirmou que, com um chip de R$ 8, o Brasil poderá produzir televisores para os padrões ISDB, DVB ou ATSC. Com isso, segundo afirmou, o país poderia exportar TVs nos três padrões.


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