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TRABALHO
Folha de pagamento avança 5,3% em janeiro, após quatro meses de retração; ocupação fica estável, apura IBGE
Indústria paga mais, mas emprego não sobe
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE NO RIO
Embora o emprego na indústria
tenha se mantido estagnado em
janeiro, o rendimento no setor se
recuperou, com o avanço de 5,3%
na folha de pagamento na comparação livre de influências sazonais
com a dezembro, depois de quatro meses consecutivos de queda.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o resultado foi influenciado positivamente pelo pagamento de benefícios extraordinários
na indústria, especialmente na indústria extrativa, cuja folha de pagamento subiu 23,7%. Na indústria de transformação, o aumento
foi de 3,7%.
O crescimento de janeiro anulou o efeito negativo dos quatro
meses seguidos de retração, período no qual houve uma perda
acumulada de 5,3%.
De acordo com Denise Cordovil, economista da Coordenação
da Indústria do IBGE, o bom desempenho é resultado especialmente do pagamento de 13º e de
férias na indústria do petróleo,
que puxou o desempenho do Rio
de Janeiro para cima -alta de 9%
em média e de 61,1% na indústria
extrativa.
Na comparação com janeiro de
2005, a folha de pagamento caiu
0,2%. No acumulado dos últimos
12 meses, houve alta de 2,9%.
Diferentemente da renda, o emprego não teve um desempenho
positivo. Houve queda de 1,3% no
nível de ocupação em relação a janeiro de 2005. Já na comparação
com dezembro, a taxa com ajuste
sazonal mostrou estabilidade. Foi
o quinto resultado negativo consecutivo na comparação anual.
Para o Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial), câmbio valorizado e juros
altos são os responsáveis pela onda de desemprego na indústria. O
primeiro, diz, prejudica ramos
como calçados e artigos de couro
e madeira, ao retirar a competitividade das exportações desses setores. Já os juros altos, que desestimulam o investimento, estão
por trás da retração dos postos de
trabalho no setor de máquinas e
equipamentos.
Segundo Cordovil, do IBGE, o
emprego industrial ainda manteve os sinais de desaceleração apresentados no final do ano passado
e até agora o indicador não reagiu
ao período de queda de juros, iniciado em setembro.
Regionalmente, a principal contribuição para a queda de 1,3% no
nível de emprego industrial em
relação a janeiro do ano passado
veio do Rio Grande do Sul (-9,4%). Também trouxeram impactos negativos a região Nordeste (-3,7%) e o Paraná (-3,4%).
Em todo o país, 12 dos 18 setores
industriais apresentaram resultados negativos no nível de emprego. Os ramos que dependem ou
de câmbio para exportar ou de juros para ampliar as vendas foram
os que mais sentiram. Calçados e
artigos de couro teve queda de
14,7%. Já máquinas e equipamentos registrou retração 9,3%. No
caso do setor de madeira, o declínio chegou a 15,6%.
Horas pagas
Mais um indicador revelou a
piora do mercado de trabalho industrial em janeiro: o número de
horas pagas aos trabalhadores da
indústria teve queda de 0,7% em
janeiro na comparação com dezembro. Apesar do resultado negativo, nos últimos 12 meses houve crescimento de 0,5%.
As horas pagas são uma espécie
de indicador antecedente às novas contratações. É que, quando o
empresário se vê obrigado a pagar
muitas horas extras, cresce a probabilidade de que o aumento da
produção se transforme também
em expansão da mão-de-obra.
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