São Paulo, sábado, 18 de março de 2006

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TRABALHO

Folha de pagamento avança 5,3% em janeiro, após quatro meses de retração; ocupação fica estável, apura IBGE

Indústria paga mais, mas emprego não sobe

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE NO RIO

Embora o emprego na indústria tenha se mantido estagnado em janeiro, o rendimento no setor se recuperou, com o avanço de 5,3% na folha de pagamento na comparação livre de influências sazonais com a dezembro, depois de quatro meses consecutivos de queda.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o resultado foi influenciado positivamente pelo pagamento de benefícios extraordinários na indústria, especialmente na indústria extrativa, cuja folha de pagamento subiu 23,7%. Na indústria de transformação, o aumento foi de 3,7%.
O crescimento de janeiro anulou o efeito negativo dos quatro meses seguidos de retração, período no qual houve uma perda acumulada de 5,3%.
De acordo com Denise Cordovil, economista da Coordenação da Indústria do IBGE, o bom desempenho é resultado especialmente do pagamento de 13º e de férias na indústria do petróleo, que puxou o desempenho do Rio de Janeiro para cima -alta de 9% em média e de 61,1% na indústria extrativa.
Na comparação com janeiro de 2005, a folha de pagamento caiu 0,2%. No acumulado dos últimos 12 meses, houve alta de 2,9%.
Diferentemente da renda, o emprego não teve um desempenho positivo. Houve queda de 1,3% no nível de ocupação em relação a janeiro de 2005. Já na comparação com dezembro, a taxa com ajuste sazonal mostrou estabilidade. Foi o quinto resultado negativo consecutivo na comparação anual.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), câmbio valorizado e juros altos são os responsáveis pela onda de desemprego na indústria. O primeiro, diz, prejudica ramos como calçados e artigos de couro e madeira, ao retirar a competitividade das exportações desses setores. Já os juros altos, que desestimulam o investimento, estão por trás da retração dos postos de trabalho no setor de máquinas e equipamentos.
Segundo Cordovil, do IBGE, o emprego industrial ainda manteve os sinais de desaceleração apresentados no final do ano passado e até agora o indicador não reagiu ao período de queda de juros, iniciado em setembro.
Regionalmente, a principal contribuição para a queda de 1,3% no nível de emprego industrial em relação a janeiro do ano passado veio do Rio Grande do Sul (-9,4%). Também trouxeram impactos negativos a região Nordeste (-3,7%) e o Paraná (-3,4%).
Em todo o país, 12 dos 18 setores industriais apresentaram resultados negativos no nível de emprego. Os ramos que dependem ou de câmbio para exportar ou de juros para ampliar as vendas foram os que mais sentiram. Calçados e artigos de couro teve queda de 14,7%. Já máquinas e equipamentos registrou retração 9,3%. No caso do setor de madeira, o declínio chegou a 15,6%.

Horas pagas
Mais um indicador revelou a piora do mercado de trabalho industrial em janeiro: o número de horas pagas aos trabalhadores da indústria teve queda de 0,7% em janeiro na comparação com dezembro. Apesar do resultado negativo, nos últimos 12 meses houve crescimento de 0,5%.
As horas pagas são uma espécie de indicador antecedente às novas contratações. É que, quando o empresário se vê obrigado a pagar muitas horas extras, cresce a probabilidade de que o aumento da produção se transforme também em expansão da mão-de-obra.


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