São Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009

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Empreendedorismo "por necessidade" deve crescer

Com crise, movimento neste ano deve ser inverso ao de 2008

NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Após onze anos trabalhando com sistemas de refrigeração -sem carteira assinada-, Jorge Alves, 25, abriu no ano passado uma empresa de venda de ar-condicionado em Guarulhos. Mas a Frost, com foco no pós-venda, não tem um "diferencial". "É arroz-com-feijão."
Segundo a pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor), divulgada ontem com o Sebrae, Alves se encaixa no perfil do empreendedor brasileiro em 2008: jovem, abriu negócio por oportunidade (não por necessidade) e não investe em inovação. A taxa de empreendedores iniciais atingiu 12,02% da população; mais da metade têm até 34 anos, 2/3 empreendem por oportunidade e 3,3% apostam no novo. Ante 2007, a taxa diminuiu 0,70 ponto; em 2009, com a piora do nível de emprego, deve crescer.
O Brasil é o 13º maior empreendedor do mundo e o 3º maior do G20. O que não quer dizer muito, já que a Bolívia (29,82%) está no topo da lista, um dos menores é a Alemanha (3,77%) e os EUA ficam no intermédio (10,76%). O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, diz que a taxa do Brasil (semelhante à de Índia e México) tem de ser maior que a de países desenvolvidos "porque estamos num país de muitas oportunidades". Taxa alta demais, diz, significa empregos de menos.
Pela primeira vez houve inversão no número dos que empreendem por oportunidade e por necessidade no Brasil. Mas, para Sebrae e GEM, devido à piora do mercado de trabalho, espera-se taxa maior em 2009, mas com relação oportunidade/necessidade desfavorável.
O economista da FGV Marcelo Neri afirma que no Brasil o sonho da "carteira assinada" ainda é maior do que o de abrir negócio próprio. O empreendedorismo, diz, tem peso de R$ 20 bilhões mensais na economia (renda de 24,9% da população).


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