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Governo volta a cogitar IOF maior para entrada de dólares
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para tentar compensar o
efeito da recente alta de juros
sobre o câmbio, o governo poderá adotar algumas medidas
tópicas. Segundo a Folha apurou, a principal em estudo seria
novo aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiros) no ingresso de investimentos estrangeiros para a compra de títulos da dívida pública brasileira.
O governo descarta adotar
medidas bruscas no câmbio.
No Planalto, fala-se em medidas tópicas para tentar frear
uma enxurrada de ingresso de
dólares no Brasil após a alta da
taxa básica de juros. No ano
passado, os investimentos externos em títulos da dívida foram de US$ 20,5 bilhões. Só até
fevereiro deste ano, o ingresso
foi de US$ 4,7 bilhões. Com juros mais altos, a tendência é essa entrada se avolumar.
Desde março, cobra-se 1,5%
de IOF de investidores estrangeiros que queiram comprar títulos da dívida pública. Esse
percentual tende a subir significativamente se o real se mantiver valorizado em relação ao
dólar no patamar de R$ 1,60.
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
se disse surpreendido pela intensidade da elevação da Selic
anteontem pelo Banco Central.
A taxa básica subiu meio ponto
percentual e passou a 11,75% ao
ano. A contrariedade de Lula é
maior nos bastidores do que
em público.
Lula cobrará explicações do
presidente do BC, Henrique
Meirelles. E também pretende
avaliar com ele o efeito sobre o
crescimento. Lula teme o comprometimento da meta de
crescimento de 5% neste ano.
Assim como a maior parte
dos analistas, Lula esperava
ajuste menos intenso nos juros, seguido de novas altas nas
reuniões seguintes. De acordo
com um auxiliar, Lula já via como inevitável uma elevação de
0,25 ponto percentual em três
reuniões seguidas, levando a
taxa a 12%.
Mostrar os dentes
Nas palavras de um ministro,
o BC quis "mostrar os dentes"
para Lula e para o ministro da
Fazenda, Guido Mantega.
Ou seja, a decisão unânime
de elevar os juros em meio ponto teria sido um recado para
Mantega diminuir as tentativas
de interferência na política
cambial.
Após um período de calmaria
(em 2006 e 2007), o Planalto
voltou a fazer pressão nos bastidores sobre Meirelles. A preocupação principal é com a valorização do real.
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