São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Governo volta a cogitar IOF maior para entrada de dólares

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para tentar compensar o efeito da recente alta de juros sobre o câmbio, o governo poderá adotar algumas medidas tópicas. Segundo a Folha apurou, a principal em estudo seria novo aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiros) no ingresso de investimentos estrangeiros para a compra de títulos da dívida pública brasileira.
O governo descarta adotar medidas bruscas no câmbio. No Planalto, fala-se em medidas tópicas para tentar frear uma enxurrada de ingresso de dólares no Brasil após a alta da taxa básica de juros. No ano passado, os investimentos externos em títulos da dívida foram de US$ 20,5 bilhões. Só até fevereiro deste ano, o ingresso foi de US$ 4,7 bilhões. Com juros mais altos, a tendência é essa entrada se avolumar.
Desde março, cobra-se 1,5% de IOF de investidores estrangeiros que queiram comprar títulos da dívida pública. Esse percentual tende a subir significativamente se o real se mantiver valorizado em relação ao dólar no patamar de R$ 1,60.
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disse surpreendido pela intensidade da elevação da Selic anteontem pelo Banco Central. A taxa básica subiu meio ponto percentual e passou a 11,75% ao ano. A contrariedade de Lula é maior nos bastidores do que em público.
Lula cobrará explicações do presidente do BC, Henrique Meirelles. E também pretende avaliar com ele o efeito sobre o crescimento. Lula teme o comprometimento da meta de crescimento de 5% neste ano.
Assim como a maior parte dos analistas, Lula esperava ajuste menos intenso nos juros, seguido de novas altas nas reuniões seguintes. De acordo com um auxiliar, Lula já via como inevitável uma elevação de 0,25 ponto percentual em três reuniões seguidas, levando a taxa a 12%.

Mostrar os dentes
Nas palavras de um ministro, o BC quis "mostrar os dentes" para Lula e para o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Ou seja, a decisão unânime de elevar os juros em meio ponto teria sido um recado para Mantega diminuir as tentativas de interferência na política cambial.
Após um período de calmaria (em 2006 e 2007), o Planalto voltou a fazer pressão nos bastidores sobre Meirelles. A preocupação principal é com a valorização do real.


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