São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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DIAS DE TENSÃO

Ásia registra as maiores quedas; mercado americano fecha no pior patamar do ano; Bovespa recua 2,6%

Tensão política e petróleo derrubam Bolsas

DA REDAÇÃO

Tensões políticas e a alta do petróleo voltaram a derrubar os mercados pelo mundo ontem. As Bolsas asiáticas já iniciaram o dia com perdas, que se alastraram pela Europa e pela América com a notícia do atentado terrorista que matou o então presidente do Conselho de Governo do Iraque, Izzedin Salim, em Bagdá.
Em Nova York, os principais índices da Bolsa voltaram a fechar nos menores níveis deste ano. O Dow Jones caiu 1,06%, para 9.906,91 pontos, e o Nasdaq, das empresas de alta tecnologia, 1,45%, para 1.876,64 pontos, menor patamar desde outubro.
Nas principais Bolsas européias, as maiores quedas ocorreram com ações de empresas que dependem do petróleo, como companhias aéreas, e daquelas afetadas pelo risco de terrorismo, como as seguradoras. Em Londres, o índice FTSE 100 perdeu 0,87%; Frankfurt, Paris e Milão fecharam com queda superior a 1%.
A vitória da oposição na Índia, na semana passada, continuou a repercutir nos mercados asiáticos, e a principal Bolsa do país, a de Mumbai (ex-Bombaim), caiu 11%, o maior tombo de sua história. No Japão, o índice Nikkei fechou em baixa de 3,2%.
"Medo é o que tem dominado o mercado no último mês e meio, seja o do Iraque, o da taxa de juros ou o da inflação. Qualquer novo sinal de violência terá efeito negativo no mercado", afirmou Brian Pears, operador-chefe da Victory Capital Management.
A esperada elevação da taxa de juros nos EUA, devido aos sinais cada vez mais freqüentes da recuperação econômica do país, e a alta do petróleo são duas das principais causas para a queda das Bolsas desde o fim de janeiro.
A elevação dos juros nos Estados Unidos significa a melhora da remuneração dos títulos americanos, o que causa a fuga de capital das Bolsas e de mercados emergentes -que, embora ofereçam retornos maiores, também apresentam riscos elevados.
Só a Bovespa, a principal Bolsa brasileira, já perdeu cerca de 25% desde que atingiu seu pico histórico, no dia 26 de janeiro (24.349 pontos). Ontem, a Bovespa teve queda de 2,6%, fechando aos 18.122 pontos. O dólar subiu 1,07% e fechou a R$ 3,125. O risco-país subiu 2,5%, para 728 pontos.
Também no fim de janeiro, os índices Dow Jones e Nasdaq alcançaram os maiores níveis desde meados de 2001 (pouco após o estouro da bolha inflada pela expansão da internet). Desde então, acumulam perdas próximas a 7% e 13%, respectivamente.
O atentado que resultou na morte do líder iraquiano evidenciou ainda mais as tensões no Iraque, onde instalações petrolíferas também foram alvos de ataque nas últimas semanas -assim como na Arábia Saudita.
Em meio a esse cenário, o preço do barril do petróleo voltou a ser negociado no maior valor de sua história em Nova York. Ontem, o barril para entrega em junho fechou cotado a US$ 41,55, alta de 0,41% ante sexta-feira. Neste ano, o barril já ganhou 27,8%.
Afetadas pela alta da commodity, as companhias aéreas tiveram desvalorização. As ações da British Airways, segunda maior empresa européia no setor, caíram 1,4%, apesar de ela ter anunciado lucros maiores que o esperado no último ano. As ações da Air France perderam 2%.
A Swiss Re, segunda maior resseguradora do mundo, viu suas ações caírem 4,3%. Os papéis da quarta maior, a alemã Hannover Re, perderam 5,8%, mesmo com o anúncio de alta de 36% no lucro líqüido no primeiro trimestre.


Com agências internacionais

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