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INTEGRAÇÃO
Assessor de Lula diz que dependência mútua garante o entendimento e nega que país busque liderança regional
País recupera confiança na Bolívia, diz Garcia
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência
da República, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que "se restabeleceu o clima de confiança" entre o
Brasil e a Bolívia, "passados os excessos verbais de algumas autoridades bolivianas".
"Os dois países dependem um
do outro. O Brasil depende do gás
boliviano tanto quanto a Bolívia
depende crucialmente do mercado brasileiro [para vender o gás]",
afirmou Garcia, durante o Fórum
Nacional, ontem no Rio.
Garcia negou que países liderados por movimentos étnico-sociais, como a Bolívia, dificultem o
projeto de união sul-americana,
uma das prioridades da diplomacia brasileira, e disse que a eleição
de Evo Morales representa uma
"revolução social" no país feita
"pelo voto". "Nenhum presidente
boliviano [nas últimas décadas]
conseguiu a legitimidade eleitoral
que ele [Morales] obteve", disse.
Garcia disse ainda que, apesar
de o Brasil, com a Argentina, estar
no eixo prioritário do Mercosul, o
tema "liderança" não deve preocupar o país. Garcia citou a participação da Venezuela no Mercosul e disse que prefere o país "aliado ao Brasil do que solto".
"A liderança vem sendo questionada por setores que acham
que o Brasil está no projeto [de
união sul-americana] em busca
da liderança. Só quem tem que
buscar a liderança são os times de
futebol. As lideranças vão ser reconhecidas, não autoproclamadas", afirmou Garcia.
Para ele, o Mercosul não está indo bem, sofre "um problema institucional gravíssimo" e viveu
problemas de sincronia macroeconômica, porque não havia entendimento efetivo entre os governos.
"A simples constituição de uma
união aduaneira não resolve porque [há] países com economia
mais complexas e outros, com
menos complexas. O principal é
enfrentar as assimetrias econômicas. A simples associação comercial não dá conta do Mercosul.",
Ele destacou, no entanto, que a
"capacidade de atração" de países
é uma das virtudes do Mercosul,
com o ingresso de todos os países
da América do Sul.
Alca
Garcia disse ainda que o governo tem grandes expectativas de
resolver, ainda neste ano, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e União Européia, mas que
as negociações com a Alca (Área
de Livre Comércio das Américas)
ainda estão com muitas dificuldades, mas não está inviabilizada.
"No momento atual, nossas
atenções estão voltadas para a rodada da OMC", disse.
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