São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INTEGRAÇÃO

Assessor de Lula diz que dependência mútua garante o entendimento e nega que país busque liderança regional

País recupera confiança na Bolívia, diz Garcia

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que "se restabeleceu o clima de confiança" entre o Brasil e a Bolívia, "passados os excessos verbais de algumas autoridades bolivianas".
"Os dois países dependem um do outro. O Brasil depende do gás boliviano tanto quanto a Bolívia depende crucialmente do mercado brasileiro [para vender o gás]", afirmou Garcia, durante o Fórum Nacional, ontem no Rio.
Garcia negou que países liderados por movimentos étnico-sociais, como a Bolívia, dificultem o projeto de união sul-americana, uma das prioridades da diplomacia brasileira, e disse que a eleição de Evo Morales representa uma "revolução social" no país feita "pelo voto". "Nenhum presidente boliviano [nas últimas décadas] conseguiu a legitimidade eleitoral que ele [Morales] obteve", disse.
Garcia disse ainda que, apesar de o Brasil, com a Argentina, estar no eixo prioritário do Mercosul, o tema "liderança" não deve preocupar o país. Garcia citou a participação da Venezuela no Mercosul e disse que prefere o país "aliado ao Brasil do que solto".
"A liderança vem sendo questionada por setores que acham que o Brasil está no projeto [de união sul-americana] em busca da liderança. Só quem tem que buscar a liderança são os times de futebol. As lideranças vão ser reconhecidas, não autoproclamadas", afirmou Garcia.
Para ele, o Mercosul não está indo bem, sofre "um problema institucional gravíssimo" e viveu problemas de sincronia macroeconômica, porque não havia entendimento efetivo entre os governos.
"A simples constituição de uma união aduaneira não resolve porque [há] países com economia mais complexas e outros, com menos complexas. O principal é enfrentar as assimetrias econômicas. A simples associação comercial não dá conta do Mercosul.", Ele destacou, no entanto, que a "capacidade de atração" de países é uma das virtudes do Mercosul, com o ingresso de todos os países da América do Sul.

Alca
Garcia disse ainda que o governo tem grandes expectativas de resolver, ainda neste ano, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e União Européia, mas que as negociações com a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) ainda estão com muitas dificuldades, mas não está inviabilizada.
"No momento atual, nossas atenções estão voltadas para a rodada da OMC", disse.


Texto Anterior: Anac suspende a distribuição de espaço e horário
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.