São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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VINICIUS TORRES FREIRE

Debates mortos governam os vivos

Polêmica do real forte e da "desindustrialização" lembra anos FHC; país gira em falso em euforias e nas depressões

"AS EMPRESAS mais velhas, mais obsoletas, que não investiram, podem morrer nesse processo, normal em todo setor da economia." Trata-se de Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, entrando no debate sobre "desindustrialização" e câmbio.
"Há setores do empresariado que estão chiando, porque estão perdendo. Você falou da indústria têxtil. Parte vai dançar, outra não vai", dizia FHC a esta Folha em 1996, outra era de euforia, real forte e capitais "sobrantes" no mundo. Delfim Netto comentaria assim a entrevista de FHC: "Interessante não é que "alguns vão dançar e outros não", mas quem determina quais serão os expulsos do baile! Se a resposta for o "mercado" que determina quem "vai dançar", cabe a pergunta: "Quem faz o mercado"?
Se a resposta for o "Estado", temos aí o grande demiurgo da realidade.
Se a resposta for "ninguém", porque o mercado seria produto de uma ordem natural endógena que gera eficiência e justiça, estamos no pleno reino da fantasia...".
"O Estado construiu um mercado viesado contra dançarinos nacionais e tenta justificar-se em nome de um "mercado abstrato" que seria obra do Espírito Santo. Como é possível imaginar que com câmbio sobrevalorizado, um sistema tarifário irresponsável e mutante e a maior taxa real de juros do mundo possa se falar no "mercado" como selecionador dos vencedores?"

Difusão, desindustrialização
Leitores pediram dados sobre o índice de difusão do crescimento na indústria, citado ontem na coluna. O índice associa a taxa de setores industriais que cresceram em certo ano ao crescimento total da indústria. É um modo de observar quantos setores industriais ficam para trás, um meio simples de captar sinais de "desindustrialização".
Em anos de forte alta de indústria e PIB, o índice tende a ser alto: muitos setores industriais crescem (vide 2004). Ocorreria o inverso em anos de PIB baixo (vide 1992).
Pelo gráfico, 2006 ficou na zona do medíocre, onde por ora está 2007.


vinit@uol.com.br

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