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VINICIUS TORRES FREIRE
Debates mortos governam os vivos
Polêmica do real forte e da "desindustrialização" lembra anos FHC; país gira em falso em euforias e nas depressões
"AS EMPRESAS mais velhas,
mais obsoletas, que não
investiram, podem morrer nesse processo, normal em todo
setor da economia." Trata-se de Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, entrando no debate sobre
"desindustrialização" e câmbio.
"Há setores do empresariado que
estão chiando, porque estão perdendo. Você falou da indústria têxtil. Parte vai dançar, outra não vai",
dizia FHC a esta Folha em 1996,
outra era de euforia, real forte e capitais "sobrantes" no mundo.
Delfim Netto comentaria assim
a entrevista de FHC: "Interessante
não é que "alguns vão dançar e outros não", mas quem determina
quais serão os expulsos do baile! Se
a resposta for o "mercado" que determina quem "vai dançar", cabe a
pergunta: "Quem faz o mercado"?
Se a resposta for o "Estado", temos
aí o grande demiurgo da realidade.
Se a resposta for "ninguém", porque
o mercado seria produto de uma
ordem natural endógena que gera
eficiência e justiça, estamos no pleno reino da fantasia...".
"O Estado construiu um mercado viesado contra dançarinos nacionais e tenta justificar-se em nome de um "mercado abstrato" que
seria obra do Espírito Santo. Como
é possível imaginar que com câmbio sobrevalorizado, um sistema
tarifário irresponsável e mutante e
a maior taxa real de juros do mundo possa se falar no "mercado" como selecionador dos vencedores?"
Difusão, desindustrialização
Leitores pediram dados sobre o índice de difusão do crescimento na
indústria, citado ontem na coluna.
O índice associa a taxa de setores
industriais que cresceram em certo
ano ao crescimento total da indústria. É um modo de observar quantos setores industriais ficam para
trás, um meio simples de captar sinais de "desindustrialização".
Em anos de forte alta de indústria e PIB, o índice tende a ser alto:
muitos setores industriais crescem
(vide 2004). Ocorreria o inverso
em anos de PIB baixo (vide 1992).
Pelo gráfico, 2006 ficou na zona do
medíocre, onde por ora está 2007.
vinit@uol.com.br
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