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Após crise, Wolfowitz cai do Bird
Ex-"falcão" de Bush sairá em 30 de junho, devido a aumento concedido à namorada
Os americanos Zoellick, Volcker e Paulson estão entre os cotados para assumir a liderança do organismo multilateral
DA REDAÇÃO
Pouco mais de um mês após o
início da polêmica sobre a promoção de sua namorada, o presidente do Banco Mundial
(Bird), Paul Wolfowitz, anunciou ontem que deixará o cargo
no dia 30 de junho. Ele assumiu
o cargo em junho de 2005 e será o presidente que ficará menos tempo na liderança da instituição nos últimos 60 anos.
Em nota, os diretores-executivos do Banco Mundial afirmam que Wolfowitz lhes garantiu que agiu eticamente e de
boa-fé "no que ele acreditou ser
o mais benéfico para a instituição, e nós aceitamos isso". Eles
também disseram que "aceitam" que as outras pessoas envolvidas no caso também agiram eticamente e de boa-fé.
Wolfowitz, por sua vez, também em comunicado, diz que
está "agradecido" aos diretores
por terem "aceitado" que agiu
"de boa-fé e eticamente".
As duas notas apontam que o
Bird aceitou pelo menos parte
da pressão de Wolfowitz para
que o órgão reconhecesse que
outras pessoas também falharam no caso -um acordo para
uma "saída honrosa".
Na nota dos diretores, eles
dizem que uma série de erros
foi cometida por "vários indivíduos" e que os sistemas da instituição não se mostraram "robustos para a pressão a que foram submetidos" e que será
preciso revisá-los.
Wolfowitz foi o décimo presidente do banco multilateral,
criado em 1944 e que financia
obras em países pobres e em
desenvolvimento. Ele assumiu
prometendo mais rigor com a
corrupção nos países aos quais
empresta dinheiro.
Só Eugene Meyer, primeiro
presidente do Bird (assumiu
em 1946), ficou menos tempo
no cargo: seis meses. O antecessor de Wolfowitz, James Wolfensohn, permaneceu dez anos.
Quando assumiu o Bird, o relacionamento de Wolfowitz
com a namorada, Shaha Riza,
então funcionária do banco,
tornou-se público, e o conselho
de ética da instituição recomendou a transferência dela
para outro posto fora do Banco
Mundial, mas com o salário
ainda pago pelo órgão.
Wolfowitz, segundo o comitê
de ética do Bird, agiu diretamente na promoção e no aumento salarial de Riza, que foi
trabalhar no Departamento de
Defesa dos EUA.
Antes de entrar no Bird, Wolfowitz, um dos "falcões" do governo George W. Bush, era o
número dois do departamento
e foi considerado um dos arquitetos da Guerra do Iraque.
A nota dos diretores diz que o
conselho do banco começará
"imediatamente" o processo de
escolha do sucessor. Tradicionalmente são os EUA que
apontam o presidente do Bird.
Vários nomes são especulados pelos jornais. O mais freqüente é o de Robert Zoellick,
ex-responsável pelo comércio
externo dos EUA e que foi chamado, em 2002, de "sub do sub
do sub" pelo então candidato
Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre os cogitados também
aparecem Paul Volcker, ex-presidente do Fed (BC americano),
e Henry Paulson, atual secretário do Tesouro dos EUA.
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