São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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Após crise, Wolfowitz cai do Bird

Ex-"falcão" de Bush sairá em 30 de junho, devido a aumento concedido à namorada

Os americanos Zoellick, Volcker e Paulson estão entre os cotados para assumir a liderança do organismo multilateral


DA REDAÇÃO

Pouco mais de um mês após o início da polêmica sobre a promoção de sua namorada, o presidente do Banco Mundial (Bird), Paul Wolfowitz, anunciou ontem que deixará o cargo no dia 30 de junho. Ele assumiu o cargo em junho de 2005 e será o presidente que ficará menos tempo na liderança da instituição nos últimos 60 anos.
Em nota, os diretores-executivos do Banco Mundial afirmam que Wolfowitz lhes garantiu que agiu eticamente e de boa-fé "no que ele acreditou ser o mais benéfico para a instituição, e nós aceitamos isso". Eles também disseram que "aceitam" que as outras pessoas envolvidas no caso também agiram eticamente e de boa-fé.
Wolfowitz, por sua vez, também em comunicado, diz que está "agradecido" aos diretores por terem "aceitado" que agiu "de boa-fé e eticamente".
As duas notas apontam que o Bird aceitou pelo menos parte da pressão de Wolfowitz para que o órgão reconhecesse que outras pessoas também falharam no caso -um acordo para uma "saída honrosa".
Na nota dos diretores, eles dizem que uma série de erros foi cometida por "vários indivíduos" e que os sistemas da instituição não se mostraram "robustos para a pressão a que foram submetidos" e que será preciso revisá-los.
Wolfowitz foi o décimo presidente do banco multilateral, criado em 1944 e que financia obras em países pobres e em desenvolvimento. Ele assumiu prometendo mais rigor com a corrupção nos países aos quais empresta dinheiro.
Só Eugene Meyer, primeiro presidente do Bird (assumiu em 1946), ficou menos tempo no cargo: seis meses. O antecessor de Wolfowitz, James Wolfensohn, permaneceu dez anos.
Quando assumiu o Bird, o relacionamento de Wolfowitz com a namorada, Shaha Riza, então funcionária do banco, tornou-se público, e o conselho de ética da instituição recomendou a transferência dela para outro posto fora do Banco Mundial, mas com o salário ainda pago pelo órgão.
Wolfowitz, segundo o comitê de ética do Bird, agiu diretamente na promoção e no aumento salarial de Riza, que foi trabalhar no Departamento de Defesa dos EUA.
Antes de entrar no Bird, Wolfowitz, um dos "falcões" do governo George W. Bush, era o número dois do departamento e foi considerado um dos arquitetos da Guerra do Iraque.
A nota dos diretores diz que o conselho do banco começará "imediatamente" o processo de escolha do sucessor. Tradicionalmente são os EUA que apontam o presidente do Bird.
Vários nomes são especulados pelos jornais. O mais freqüente é o de Robert Zoellick, ex-responsável pelo comércio externo dos EUA e que foi chamado, em 2002, de "sub do sub do sub" pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre os cogitados também aparecem Paul Volcker, ex-presidente do Fed (BC americano), e Henry Paulson, atual secretário do Tesouro dos EUA.


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