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Para Mantega, as empresas precisam exportar mais
DOS COLUNISTAS DA FOLHA
Para justificar a criação do
fundo soberano, o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, afirma que sua grande preocupação é o câmbio. Um dos seus
principais objetivos é o de incentivar à exportação. Veja trechos da entrevista:
FUNDO SOBERANO
"O fundo soberano talvez demore um pouco a ser absorvido. Trata-se de estrutura um
pouco complexa, difícil de entender. O FMI entendeu rápido. A delegação do FMI se reuniu comigo e elogiou a criação
do fundo. No mesmo dia em
que criamos nosso fundo, a Índia e o Japão também anunciaram a criação do fundo soberano. Quais os países que têm
condições de criar um fundo
soberano? Os países que possuem fluxo financeiro externo
forte. Não precisa de superávit
em conta corrente ou de superávit nominal, como muitos dizem. Nada disso. A Índia, por
exemplo, tem déficit primário.
O Brasil tem um fluxo financeiro forte, e isso nos credencia
a ter um fundo soberano. Não
um fundo como o do Kuait ou o
dos Emirados Árabes Unidos,
que têm muito petróleo e um
saldo fantástico. Cada país tem
um objetivo diferente. O nosso
objetivo, além da preocupação
com o câmbio, é o de criar um
fundo anticíclico, uma espécie
de reserva de superávit primário. Agora, estamos nos tempos
das vacas gordas e o objetivo é
acumular reservas para manter
um primário elevado no período das vacas magras."
CÂMBIO
"O câmbio apreciado prejudica todo o setor exportador,
mas minha grande preocupação é com o setor manufatureiro. Quero que a indústria automobilística exporte mais automóveis, que a indústria aeronáutica exporte mais aviões e
que o setor de bens de capital
exporte mais. Estou muito feliz
em exportar commodities, e estamos ganhando um dinheirão
com isso, mas quero exportar
também manufaturados e, para
isso, o câmbio é fundamental.
O meu objetivo é que as empresas brasileiras tenham pelo
menos de 20% a 30% da produção voltada ao mercado externo. As empresas brasileiras
precisam investir mais, produzir para o mercado doméstico,
mas não perder "market share"
[fatia de mercado] lá fora."
CHINA
"A principal vantagem competitiva da China em relação ao
Brasil é o câmbio. O preço da
mão-de-obra na China está subindo e a produtividade do trabalho deles é muito inferior à
nossa. Eles precisam de três
trabalhadores quando nós precisamos de um. A produtividade deles é um terço da nossa.
Nós ganhamos em tudo deles,
menos no câmbio. A nossa
moeda é apreciada em cerca de
30%, e a deles, depreciada artificialmente nuns 30%. Essa é a
vantagem da China."
(VTF e GB)
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