São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

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Para Mantega, as empresas precisam exportar mais

DOS COLUNISTAS DA FOLHA

Para justificar a criação do fundo soberano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma que sua grande preocupação é o câmbio. Um dos seus principais objetivos é o de incentivar à exportação. Veja trechos da entrevista:


FUNDO SOBERANO
"O fundo soberano talvez demore um pouco a ser absorvido. Trata-se de estrutura um pouco complexa, difícil de entender. O FMI entendeu rápido. A delegação do FMI se reuniu comigo e elogiou a criação do fundo. No mesmo dia em que criamos nosso fundo, a Índia e o Japão também anunciaram a criação do fundo soberano. Quais os países que têm condições de criar um fundo soberano? Os países que possuem fluxo financeiro externo forte. Não precisa de superávit em conta corrente ou de superávit nominal, como muitos dizem. Nada disso. A Índia, por exemplo, tem déficit primário.
O Brasil tem um fluxo financeiro forte, e isso nos credencia a ter um fundo soberano. Não um fundo como o do Kuait ou o dos Emirados Árabes Unidos, que têm muito petróleo e um saldo fantástico. Cada país tem um objetivo diferente. O nosso objetivo, além da preocupação com o câmbio, é o de criar um fundo anticíclico, uma espécie de reserva de superávit primário. Agora, estamos nos tempos das vacas gordas e o objetivo é acumular reservas para manter um primário elevado no período das vacas magras."

CÂMBIO
"O câmbio apreciado prejudica todo o setor exportador, mas minha grande preocupação é com o setor manufatureiro. Quero que a indústria automobilística exporte mais automóveis, que a indústria aeronáutica exporte mais aviões e que o setor de bens de capital exporte mais. Estou muito feliz em exportar commodities, e estamos ganhando um dinheirão com isso, mas quero exportar também manufaturados e, para isso, o câmbio é fundamental.
O meu objetivo é que as empresas brasileiras tenham pelo menos de 20% a 30% da produção voltada ao mercado externo. As empresas brasileiras precisam investir mais, produzir para o mercado doméstico, mas não perder "market share" [fatia de mercado] lá fora."

CHINA
"A principal vantagem competitiva da China em relação ao Brasil é o câmbio. O preço da mão-de-obra na China está subindo e a produtividade do trabalho deles é muito inferior à nossa. Eles precisam de três trabalhadores quando nós precisamos de um. A produtividade deles é um terço da nossa. Nós ganhamos em tudo deles, menos no câmbio. A nossa moeda é apreciada em cerca de 30%, e a deles, depreciada artificialmente nuns 30%. Essa é a vantagem da China."
(VTF e GB)


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