São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EFEITO GREENSPAN

Segundo relatório, elevação da taxa do Fed provocaria desvalorização de ativos e traria pressões inflacionárias

Juro maior nos EUA afeta emergente, diz BC

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um aumento dos juros nos Estados Unidos deve trazer pressões inflacionárias para os países emergentes, segundo avaliação feita pelo Banco Central.
A análise foi divulgada ontem, um dia depois de o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) ter decidido manter os juros básicos da economia em 16% ao ano.
"A conseqüência [do aumento dos juros norte-americanos] para os países emergentes seria a desvalorização de seus ativos e da moeda local, com o concomitante surgimento de pressões inflacionárias", diz o BC.
A afirmação consta no "Relatório de Estabilidade Financeira", documento divulgado semestralmente que faz uma avaliação do sistema financeiro nacional.
No entanto, a análise não menciona especificamente o Brasil nem informa se a perspectiva de elevação dos juros do Fed (o BC americano) influenciou a decisão anunciada pelo Copom na quarta-feira. Há dois meses a taxa Selic é mantida em 16% ao ano.
O presidente do Fed, Alan Greenspan, tem sinalizado um aumento dos juros para moderar o forte crescimento dos EUA verificado desde 2003.

Fluxo de capitais
Para o BC, um juro maior nos EUA teria "efeito significativo no fluxo de capitais para países emergentes", pois tenderia a fazer com que investidores transferissem aplicações de países em desenvolvimento para os EUA, onde passariam a ser mais rentáveis.
Para o BC, a saída de capitais levaria a uma elevação na cotação do dólar nos emergentes, o que pressionaria a inflação.
Na ata da reunião de maio do Copom, o BC avaliava que os efeitos de uma alta dos juros nos EUA tenderiam a se dissipar no médio prazo. A de junho será divulgada na próxima semana.

Bancos públicos
O documento divulgado ontem pelo BC também mostra que os bancos públicos são os que obtêm a rentabilidade mais elevada entre as instituições financeiras do país.
De acordo com o levantamento, o lucro acumulado pelos bancos estatais no segundo semestre de 2003 representa um retorno de 23,5% sobre seu patrimônio líquido. Nos bancos privados nacionais, essa proporção ficou em 16%, e nos estrangeiros, em 10,1%.
Segundo o diretor de Fiscalização do BC, Paulo Sérgio Cavalheiro, os bancos estatais conseguem rentabilidade maior porque aplicam mais recursos em títulos públicos. Do total de títulos detidos pelo sistema financeiro, 53,2% estão nas mãos de bancos controlados pelo governo.
Já a baixa rentabilidade alcançada pelos bancos privados seria resultado das elevadas aplicações que essas instituições fazem no mercado de câmbio. Com a queda do dólar ocorrida no ano passado, os ganhos desses bancos também se reduziram.


Texto Anterior: Sucessão: Cláudio Vaz apresenta chapa para a Fiesp
Próximo Texto: Trecho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.