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EFEITO GREENSPAN
Segundo relatório, elevação da taxa do Fed provocaria desvalorização de ativos e traria pressões inflacionárias
Juro maior nos EUA afeta emergente, diz BC
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um aumento dos juros nos Estados Unidos deve trazer pressões
inflacionárias para os países
emergentes, segundo avaliação
feita pelo Banco Central.
A análise foi divulgada ontem,
um dia depois de o Copom (Comitê de Política Monetária do BC)
ter decidido manter os juros básicos da economia em 16% ao ano.
"A conseqüência [do aumento
dos juros norte-americanos] para
os países emergentes seria a desvalorização de seus ativos e da
moeda local, com o concomitante
surgimento de pressões inflacionárias", diz o BC.
A afirmação consta no "Relatório de Estabilidade Financeira",
documento divulgado semestralmente que faz uma avaliação do
sistema financeiro nacional.
No entanto, a análise não menciona especificamente o Brasil
nem informa se a perspectiva de
elevação dos juros do Fed (o BC
americano) influenciou a decisão
anunciada pelo Copom na quarta-feira. Há dois meses a taxa Selic
é mantida em 16% ao ano.
O presidente do Fed, Alan
Greenspan, tem sinalizado um
aumento dos juros para moderar
o forte crescimento dos EUA verificado desde 2003.
Fluxo de capitais
Para o BC, um juro maior nos
EUA teria "efeito significativo no
fluxo de capitais para países
emergentes", pois tenderia a fazer
com que investidores transferissem aplicações de países em desenvolvimento para os EUA, onde passariam a ser mais rentáveis.
Para o BC, a saída de capitais levaria a uma elevação na cotação
do dólar nos emergentes, o que
pressionaria a inflação.
Na ata da reunião de maio do
Copom, o BC avaliava que os efeitos de uma alta dos juros nos EUA
tenderiam a se dissipar no médio
prazo. A de junho será divulgada
na próxima semana.
Bancos públicos
O documento divulgado ontem
pelo BC também mostra que os
bancos públicos são os que obtêm
a rentabilidade mais elevada entre
as instituições financeiras do país.
De acordo com o levantamento,
o lucro acumulado pelos bancos
estatais no segundo semestre de
2003 representa um retorno de
23,5% sobre seu patrimônio líquido. Nos bancos privados nacionais, essa proporção ficou em
16%, e nos estrangeiros, em 10,1%.
Segundo o diretor de Fiscalização do BC, Paulo Sérgio Cavalheiro, os bancos estatais conseguem
rentabilidade maior porque aplicam mais recursos em títulos públicos. Do total de títulos detidos
pelo sistema financeiro, 53,2% estão nas mãos de bancos controlados pelo governo.
Já a baixa rentabilidade alcançada pelos bancos privados seria resultado das elevadas aplicações
que essas instituições fazem no
mercado de câmbio. Com a queda
do dólar ocorrida no ano passado,
os ganhos desses bancos também
se reduziram.
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