São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2007 |
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Brasil segue Índia na exportação de serviço
Venda externa de serviço de tecnologia de informação deve chegar a US$ 1 bi neste ano, contra US$ 800 mi em 2006
CLÁUDIA TREVISAN DA REPORTAGEM LOCAL Marina Teixeira da Costa, 24, bate cartão todos os dias na IBM de Hortolândia, a 105 km de São Paulo, mas trabalha de fato para a IBM do Canadá. De sua mesa, se comunica com os canadenses por e-mail ou comunicadores via internet e emite faturas de serviços educacionais prestados a milhares de quilômetros de distância, que são automaticamente enviadas aos clientes da empresa. Tudo em inglês. Formada em história, Marina faz parte do crescente número de brasileiros que começam a trilhar o caminho que os indianos percorreram a partir dos anos 90 e que os levou à liderança no mercado de exportação de serviços e tecnologia. Hortolândia é sede de um dos quatro Global Delivery Services (GDS ou entrega global de serviços) que a IBM tem no mundo e é o segundo maior, depois do da Índia. De 2004 a 2006, o número de funcionários na unidade passou de 1.714 a 5.832, 71% deles têm diploma universitário. Neste ano, o número subiu para 7.000. De lá, a IBM presta serviços para 40 países, incluindo o Brasil, em quatro idiomas -português, inglês, espanhol e francês. Além de serviços de escritório, como emissão de faturas que Marina faz, a empresa presta serviços de operação para "data center" e desenvolvimento de programas de computador. Por enquanto, a exportação representa 30% do faturamento da unidade, mas o percentual deve chegar a 50% em pouco tempo, avalia a empresa. Yahoo Apontada como uma "estrela em ascensão" no mercado mundial de TI (tecnologia da informação) pela IAOP (Associação Internacional de Profissionais de "Outsourcing", na sigla em inglês), a Ci&T aumentou suas exportações no ano passado em 250%, bem acima do ritmo total de 42% de expansão no faturamento. A companhia, que tem o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) entre seus sócios, presta serviços a dez empresas nos EUA e a uma na Europa. Em 2006, as exportações representaram 17% de sua receita de R$ 43 milhões. A meta é chegar a 40% em três anos, diz César Gon, presidente da Ci&T, que tem 450 funcionários. Entre os clientes da empresa fora do país estão a Yahoo e a Johnson & Johnson, para as quais atua no desenvolvimento de mídias digitais, especialmente as que permitem interação com o usuário. "O Brasil está fazendo um esforço tardio, mas coordenado, para entrar nesse mercado. Acredito que em 2007 o setor deve ter o maior aumento nas exportações dos últimos anos", afirma Gon. Maior empresa de capital nacional do setor de TI, com faturamento de R$ 500 milhões em 2006, a Politec aposta que as exportações vão se acelerar a partir de agora e chegar a 50% de seu faturamento. Por enquanto, apenas 150 dos 6.500 profissionais da empresa trabalham na prestação de serviços de tecnologia a empresas sediadas no exterior. Entre elas, estão as japonesas Mitsubishi e Sumitomo. Para atender a ambas, a Politec criou grupos de profissionais que falam japonês e receberam treinamento em etiqueta dos negócios do país asiático. Humberto Luiz Ribeiro, vice-presidente da Politec, diz que pesaram na escolha de uma empresa brasileira os laços gerados pela imigração japonesa, a possibilidade de recrutar pessoas que falam japonês e a forte presença de multinacionais do Japão no Brasil. A equipe da Politec ainda tem pessoas que falam chinês, alemão, francês e inglês. Sua especialidade é a sustentação e a manutenção de sistemas de informática, a partir de seus computadores no Brasil. Fundada em Goiânia (GO) há 37 anos, a empresa tem 15 unidades no país e prefere instalar-se em cidades médias, de baixa renda per capita, carência de emprego e oferta de mão-de-obra com boa formação. Nesse perfil estão Taquaritinga, em São Paulo, e Campina Grande, na Paraíba, que têm universidades de formação em tecnologia. Com menores salários, a empresa reduz seus custos e eleva sua competitividade. Indianos A aposta no Brasil como plataforma de exportação de serviços é feita inclusive por empresas indianas, no momento em que o mercado do país asiático dá sinais de saturação. A TCS (Tata Consultancy Services), líder do setor na Índia, se instalou no Brasil em 2002, com o objetivo de explorar o mercado norte-americano. Só no ano passado, a TCS contratou 1.000 pessoas. Hoje tem um quadro de 1.700 funcionários e deve fechar o ano com 2.000. Por enquanto, 90% de seu faturamento ainda vem do mercado interno, mas a meta é elevar a participação das exportações a pelo menos 50%, afirma o diretor da empresa Fernando Graton. "Se esse mercado continua em crescimento e a Índia está "sold out", para onde ele vai? O mundo vê o Brasil como o país com potencial para ocupar esse lugar. Só vamos ficar de fora se não tivermos competência de nos estruturar para ele", disse. Outras vantagens do Brasil em relação à Índia são o fuso horário próximo ao dos EUA, a semelhança entre os processos bancários e a maior identidade cultural, avalia Gabriel Rozman, presidente para Ibero-América da TCS. Rozman diz que a empresa tem 5.000 funcionários na região e pretende elevar o número a 25 mil em cinco anos. "O Brasil será a cabeceira de nosso desenvolvimento na região. O potencial do país para exportar serviços é muito grande." Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Frase Índice |
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