São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Congresso ameaça propostas de Obama

Reforma enfrentará resistência até de democratas e será alvo de lobby do setor financeiro para evitar maior intervenção do Estado

Para republicano, plano "cria ciclo de novos socorros a empresas com problemas'; medidas também dividem opiniões de economistas

DE NOVA YORK

Ambicioso e vendido ao público como alternativa para evitar a repetição dos eventos que levaram o mundo à chamada Grande Recessão, o novo plano de regulamentação do governo Obama será alvo de intenso bombardeio de lobistas e de parlamentares durante sua tramitação no Congresso.
Até o seu lançamento, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, e o principal assessor econômico da Casa Branca, Lawrence Summers, conseguiram "blindar" relativamente o conjunto de propostas trabalhando em um grupo fechado, sujeito somente a algumas opiniões externas de convidados.
No Congresso dos EUA, diferentemente do Brasil, o lobby é uma atividade aberta e emprega centenas de profissionais bem remunerados para defender os interesses de suas respectivas indústrias.
Duas das organizações mais influentes nos Estados Unidos, a American Bankers Association (a Febraban local) e a Câmara de Comércio dos EUA (uma espécie de CNI/Fiesp norte-americana), devem encabeçar a lista de posições contrárias por representarem as empresas diretamente afetadas pelas mudanças.
Dentro do próprio Congresso, porém, há parlamentares democratas (do partido de Obama) que já se opõem abertamente ao aumento da regulação, embora as maiores críticas venham da ala republicana, de oposição ao governo.
Scott Garrett, republicano e integrante do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes, disse ontem que, "como foi apresentado, o plano não ataca diretamente as grandes questões e perpetua o passado. Na prática, ele cria um ciclo de novos socorros a empresas com problemas".
Já o presidente da mesma comissão, o democrata Barney Frank, afirmou que o pacote é um "passo importante" no sentido de proteger a economia norte-americana.
Entre economistas e grandes investidores, o conjunto de medidas foi recebido com opiniões divergentes.
"O plano é consistente. Infelizmente as pressões políticas impediram que o governo consolidasse a questão regulatória em poucas mãos. De qualquer maneira, o país estará melhor que hoje se as propostas forem aprovadas", disse Douglas Elliott, do "think tank" Brookings Institution.
"Em nossa visão, esse plano é tão negativo quanto a indústria financeira temia que fosse. O plano deve ser modificado radicalmente à medida que transitar lentamente pelo Congresso. Esperamos uma avalanche de notícias nas próximas semanas e meses. Isso dará bastante espaço para que os lobbies do setor modifiquem as propostas", diz Jaret Seiberg, da empresa de investimentos Concept Capital. (FCZ)


Texto Anterior: Obama lança maior regulação desde anos 30
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.