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Congresso ameaça propostas de Obama
Reforma enfrentará resistência até de democratas e será alvo de lobby do setor financeiro para evitar maior intervenção do Estado
Para republicano, plano "cria ciclo de novos socorros a empresas com problemas'; medidas também dividem opiniões de economistas
DE NOVA YORK
Ambicioso e vendido ao público como alternativa para evitar a repetição dos eventos que
levaram o mundo à chamada
Grande Recessão, o novo plano
de regulamentação do governo
Obama será alvo de intenso
bombardeio de lobistas e de
parlamentares durante sua tramitação no Congresso.
Até o seu lançamento, o secretário do Tesouro dos EUA,
Timothy Geithner, e o principal assessor econômico da Casa
Branca, Lawrence Summers,
conseguiram "blindar" relativamente o conjunto de propostas trabalhando em um grupo
fechado, sujeito somente a algumas opiniões externas de
convidados.
No Congresso dos EUA, diferentemente do Brasil, o lobby é
uma atividade aberta e emprega centenas de profissionais
bem remunerados para defender os interesses de suas respectivas indústrias.
Duas das organizações mais
influentes nos Estados Unidos,
a American Bankers Association (a Febraban local) e a Câmara de Comércio dos EUA
(uma espécie de CNI/Fiesp
norte-americana), devem encabeçar a lista de posições contrárias por representarem as
empresas diretamente afetadas
pelas mudanças.
Dentro do próprio Congresso, porém, há parlamentares
democratas (do partido de
Obama) que já se opõem abertamente ao aumento da regulação, embora as maiores críticas
venham da ala republicana, de
oposição ao governo.
Scott Garrett, republicano e
integrante do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos
Representantes, disse ontem
que, "como foi apresentado, o
plano não ataca diretamente as
grandes questões e perpetua o
passado. Na prática, ele cria um
ciclo de novos socorros a empresas com problemas".
Já o presidente da mesma comissão, o democrata Barney
Frank, afirmou que o pacote é
um "passo importante" no sentido de proteger a economia
norte-americana.
Entre economistas e grandes
investidores, o conjunto de medidas foi recebido com opiniões
divergentes.
"O plano é consistente. Infelizmente as pressões políticas
impediram que o governo consolidasse a questão regulatória
em poucas mãos. De qualquer
maneira, o país estará melhor
que hoje se as propostas forem
aprovadas", disse Douglas
Elliott, do "think tank" Brookings Institution.
"Em nossa visão, esse plano é
tão negativo quanto a indústria
financeira temia que fosse. O
plano deve ser modificado radicalmente à medida que transitar lentamente pelo Congresso.
Esperamos uma avalanche de
notícias nas próximas semanas
e meses. Isso dará bastante espaço para que os lobbies do setor modifiquem as propostas",
diz Jaret Seiberg, da empresa
de investimentos Concept Capital.
(FCZ)
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