São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 2006

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Credores rejeitam oferta e Varig pode falir

Empresas de leasing foram as responsáveis pela recusa da proposta da VarigLog; decisão dependerá da Justiça do Rio

Aprovação da oferta pela assembléia era condição necessária para que a companhia aérea fosse levada a leilão amanhã

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

Os credores da Varig rejeitaram a proposta da VarigLog em assembléia e as alterações no plano de recuperação da empresa. As empresas de leasing foram as responsáveis pela rejeição do plano. Os principais credores, como estatais e o Aerus, fundo de pensão dos funcionários, haviam aceitado a proposta.
A aprovação em assembléia era uma condição necessária para que a companhia aérea fosse levada a leilão amanhã. Sem a anuência dos credores, a Varig está próxima da falência.
A companhia aérea vai tentar reverter a decisão na Justiça do Rio. O argumento é que uma parte significativa das empresas de leasing vendeu seus créditos ao banco JP Morgan.
Segundo o presidente da Varig, Marcelo Bottini, a venda não foi informada com antecedência à companhia e, caso a Varig não honrasse as dívidas, as empresas votariam contra a proposta.
Nas assembléias anteriores, as empresas de leasing optaram pela abstenção. Segundo credores ouvidos pela Folha, os arrendadores de aeronaves chegaram à conclusão de que a falência seria mais lucrativa. As empresas de leasing estão divididas em duas classes de credores: classe 2 (com garantias) e classe 3 (sem garantias). Na classe 2, as alterações no plano de recuperação foram rejeitadas por 94,4% dos presentes, mas por apenas 5,8% do volume de créditos. Na classe 3, a proposta foi vetada por 57,1% dos presentes e por 18,8% do total dos créditos.
Para a Varig, as empresas lançaram mão de um artifício de multiplicação dos votos. "A GE Capital é representada na classe 2 por 17 diferentes empresas, apesar de ser o mesmo credor", afirmou Fábio Carvalho, advogado da Varig.
Antes do anúncio do resultado, a VarigLog e o Sindicato Nacional dos Aeronautas protocolaram um pedido de anulação dos votos de algumas empresas de leasing, alegando que elas não informaram com antecedência que já tinham vendido seus créditos a uma instituição financeira.

Alerta
"O resultado que tivemos hoje [ontem] está motivado pela negativa da GE em votar positivamente no plano de recuperação. A GE está dividida em várias pequenas empresas e por voto em cabeça inviabilizou o resultado. Se a Varig falir, a responsável é a GE", disse Bottini.
Em seu último relatório de acompanhamento da Varig, a Deloitte, administradora judicial da empresa, mencionava que, sem a venda para um investidor interessado, a companhia não conseguiria manter as operações até agosto. Com base no alerta da administradora, a Justiça pode decretar a falência da aérea.
Se a oferta tivesse sido aceita, as operações da empresa iriam a leilão amanhã, com lance mínimo de US$ 24 milhões (R$ 52,8 milhões). O comprador poderia adquirir as concessões, as aeronaves e o programa Smiles. Segundo a Varig, o leilão ainda não está suspenso.
As operações da Varig têm sido mantidas à custa de uma linha de crédito oferecida pela VarigLog no valor de US$ 20 milhões (R$ 44 milhões). Desse total, a Varig já havia recebido US$ 13 milhões (R$ 28,6 milhões) até a última quinta-feira.


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