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Credores rejeitam oferta e Varig pode falir
Empresas de leasing foram as responsáveis pela recusa da proposta da VarigLog; decisão dependerá da Justiça do Rio
Aprovação da oferta pela assembléia era condição necessária para que a companhia aérea fosse levada a leilão amanhã
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Os credores da Varig rejeitaram a proposta da VarigLog em
assembléia e as alterações no
plano de recuperação da empresa. As empresas de leasing
foram as responsáveis pela rejeição do plano. Os principais
credores, como estatais e o Aerus, fundo de pensão dos funcionários, haviam aceitado a
proposta.
A aprovação em assembléia
era uma condição necessária
para que a companhia aérea
fosse levada a leilão amanhã.
Sem a anuência dos credores, a
Varig está próxima da falência.
A companhia aérea vai tentar
reverter a decisão na Justiça do
Rio. O argumento é que uma
parte significativa das empresas de leasing vendeu seus créditos ao banco JP Morgan.
Segundo o presidente da Varig, Marcelo Bottini, a venda
não foi informada com antecedência à companhia e, caso a
Varig não honrasse as dívidas,
as empresas votariam contra a
proposta.
Nas assembléias anteriores,
as empresas de leasing optaram
pela abstenção. Segundo credores ouvidos pela Folha, os arrendadores de aeronaves chegaram à conclusão de que a falência seria mais lucrativa. As
empresas de leasing estão divididas em duas classes de credores: classe 2 (com garantias) e
classe 3 (sem garantias). Na
classe 2, as alterações no plano
de recuperação foram rejeitadas por 94,4% dos presentes,
mas por apenas 5,8% do volume de créditos. Na classe 3, a
proposta foi vetada por 57,1%
dos presentes e por 18,8% do
total dos créditos.
Para a Varig, as empresas
lançaram mão de um artifício
de multiplicação dos votos. "A
GE Capital é representada na
classe 2 por 17 diferentes empresas, apesar de ser o mesmo
credor", afirmou Fábio Carvalho, advogado da Varig.
Antes do anúncio do resultado, a VarigLog e o Sindicato
Nacional dos Aeronautas protocolaram um pedido de anulação dos votos de algumas empresas de leasing, alegando que
elas não informaram com antecedência que já tinham vendido seus créditos a uma instituição financeira.
Alerta
"O resultado que tivemos hoje [ontem] está motivado pela
negativa da GE em votar positivamente no plano de recuperação. A GE está dividida em várias pequenas empresas e por
voto em cabeça inviabilizou o
resultado. Se a Varig falir, a responsável é a GE", disse Bottini.
Em seu último relatório de
acompanhamento da Varig, a
Deloitte, administradora judicial da empresa, mencionava
que, sem a venda para um investidor interessado, a companhia não conseguiria manter as
operações até agosto. Com base
no alerta da administradora, a
Justiça pode decretar a falência
da aérea.
Se a oferta tivesse sido aceita,
as operações da empresa iriam
a leilão amanhã, com lance mínimo de US$ 24 milhões (R$
52,8 milhões). O comprador
poderia adquirir as concessões,
as aeronaves e o programa Smiles. Segundo a Varig, o leilão
ainda não está suspenso.
As operações da Varig têm sido mantidas à custa de uma linha de crédito oferecida pela
VarigLog no valor de US$ 20
milhões (R$ 44 milhões). Desse
total, a Varig já havia recebido
US$ 13 milhões (R$ 28,6 milhões) até a última quinta-feira.
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