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Grupo Peugeot na França registra 6 suicídios neste ano
Cinco trabalhadores trabalhavam em uma mesma unidade da montadora européia; três deles se suicidaram em maio
Motivo da 6ª morte não foi explicado; sindicato pede que suicídio do funcionário seja qualificado como acidente de trabalho
NATHALIE BRAFMAN
DO "MONDE"
Um operário da fábrica da
Peugeot-Citroën em Mulhouse
(na região francesa da Alsácia)
se enforcou na última segunda-feira, elevando para cinco o número de suicídios de funcionários dessa unidade e para seis o
total no grupo desde o início do
ano. Em Mulhouse trabalham
cerca de 10,5 mil pessoas.
Segundo uma fonte sindical,
o funcionário, de 55 anos, teria
se enforcado com um objeto
que serve para serrar peças.
Chamado Mario, ele trabalhava
havia 29 anos na PSA.
Esse suicídio ocorre após a
primeira reunião, em 11 de julho, da célula interna de reflexão, constituída por psiquiatra
e assistentes sociais, destinada
a prevenir os suicídios e da qual
participam a direção e os sindicatos. E duas semanas depois
da implementação pela direção
do grupo PSA de uma linha telefônica gratuita de escuta psicológica, que funciona 24 horas, sete dias por semana e permite que os empregados da
montadora dialoguem.
Acidente de trabalho
Por enquanto são ignoradas
as causas do suicídio. O empregado não deixou uma carta no
local de trabalho explicando
seu gesto. O sindicato CGT já
pediu que o suicídio seja qualificado como acidente de trabalho. Ainda estão em curso investigações sobre os outros casos de suicídio.
Segundo Vincent Duse, delegado da CGT no comitê da empresa da fábrica de Mulhouse,
"esse homem podia ter problemas pessoais, mas o fato de a
morte ocorrer no local de trabalho basta para nos indagarmos sobre as condições de trabalho impostas pela PSA".
"Está na hora de a direção tomar as medidas necessárias para que essas tragédias parem.
Em nome da corrida pela rentabilidade, metas e prazos, as
condições de trabalho são muito difíceis. Além disso, o plano
de gestão provisional dos empregos e dos cargos vai agravar
ainda mais a situação. Sem contar que, no fim de julho, 500
contratos provisórios não serão renovados", afirmou Duse.
Na oficina de ferragens da fábrica em Mulhouse, onde três
outros assalariados se suicidaram em maio no local de montagem dos chassis, uma tarefa
dura, as equipes estão sendo reduzidas. "Há não muito tempo
éramos 2.000, em breve seremos 500. Não é de surpreender
que as condições de trabalho se
degradem"", disse um operário.
À preocupação ligada à produção acrescenta-se a degradação do ambiente. "Hoje, cada
operário compete com seu vizinho. Os lugares de convívio foram suprimidos e estamos
constantemente sob o olhar do
chefe, que também está sob
pressão, deve-se admitir", lamenta Bruno Lemerle, delegado da CGT em Sochaux.
Plano de emergência
No início de junho, o sindicato propôs um plano de emergência para a saúde dos funcionários, que prevê principalmente a generalização na produção do sistema "dez minutos
de pausa por hora", um controle ambulatorial das queixas psicológicas e o fim imediato das
pressões sobre os doentes, que
assumem a forma de convocações ou o envio de cartas da direção por "absenteísmo pessoal
incompatível com a organização industrial" -a CGT teria
reunido 150 delas-, assim como telefonemas e visitas indesejadas às residências dos trabalhadores.
"Até hoje, infelizmente, a direção não deu uma resposta séria a nossas propostas. A criação da linha direta não é suficiente. Queremos que uma firma externa especializada em
dificuldades no trabalho também venha às fábricas."
Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES
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