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FMI alerta sobre "grande" ameaça da inflação global
Relatório do Fundo aumenta projeções para alta de preços no mundo em 2008
Por outro lado, previsão de crescimento das economias tem ligeira elevação; no caso dos EUA, entidade já
vê avanço de 1,3% do PIB
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O fantasma da inflação chegou ao Fundo Monetário Internacional. A entidade soltou ontem sua atualização periódica
de perspectivas para a economia mundial em que a alta dos
preços projetada para 2008 e
2009, principalmente nos países emergentes, dá um salto. "A
inflação está crescendo no
mundo", disse Simon Johnson,
diretor de pesquisas do Fundo.
Isso é uma novidade grande, séria e negativa em relação ao relatório de abril."
Ainda assim, o "Cenário Econômico Mundial" revê a previsão de crescimento das economias ligeiramente para cima:
4,1% neste ano e 3,9% no ano
que vem, ou respectivamente
0,4 ponto percentual e 0,1 ponto percentual mais do que no
relatório feito em abril, durante
o Encontro de Primavera do
FMI e do Banco Mundial. "Antes de voltar a se recuperar em
2009, o crescimento global deve se desacelerar significativamente no segundo semestre
deste ano", diz o texto.
Entre as duas avaliações,
houve novas altas do petróleo,
que bateu recordes nas últimas
semanas, dos alimentos e dos
preços das commodities em geral. Assim, agora, a taxa inflacionária nos países avançados
deve ficar em 3,4% em 2008 e
2,3% em 2009, uma alta respectivamente de 0,8 e 0,3 ponto percentual em relação à previsão de abril. Já a das economias emergentes deve chegar a
9,1% neste ano e 7,4% no próximo -saltos, respectivamente,
de 1,7 e 1,8 ponto percentual.
O avanço dos preços previsto
nos emergentes é tal que Johnson sugere alta na taxa básica
das economias desses países
para segurar a inflação. ""Bancos centrais [desses países] devem considerar aumento preventivo dos juros como maneira de evitar que a inflação saia
de controle", disse o economista, em entrevista na sede do
Fundo, em Washington.
O crescimento dos emergentes e em desenvolvimento será
afetado, também. Segundo o
texto do FMI, essas economias
se desaceleram para 6,9% em
2008 e 6,7% em 2009, ante os
8% registrados em 2007.
Mas houve espaço para boas
notícias. Entre os países industrializados destacados pelo relatório, a maior correção positiva na trajetória de crescimento
coube justamente aos EUA,
que passam por grande turbulência econômica. Do 0,5% de
crescimento do PIB projetado
para 2008 no texto de abril,
houve um salto para o 1,3% no
de ontem. Em 2009, o Fundo vê
o país crescendo menos, 0,8%
-mas o índice é um aumento
de 0,2 ponto percentual em relação ao anterior.
Os sinais de otimismo em relação à maior economia do planeta ecoaram em outra sala de
Washington, em reunião realizada poucas horas depois. "Para o setor financeiro como um
todo, vemos claramente o princípio do fim da crise", disse Josef Ackerman, presidente do
banco alemão Deutsche Bank e
do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), a maior associação de
bancos do mundo com mais de
380 membros, em lançamento
de relatório da entidade.
Biocombustíveis
Se há um culpado pela alta
dos preços no relatório do Fundo, ele pode ser encontrado no
anexo "Preços crescentes de
combustível e alimentos - Origens, perspectivas e riscos".
Nele o FMI aponta o dedo para
os biocombustíveis, principalmente o etanol feito a partir do
milho, o mais comum nos EUA.
"A produção do etanol à base
de milho foi responsável por
75% do aumento do consumo
mundial de milho em 2006 e
2007", calcula o texto.
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