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OPINIÃO
Uma ótima época para ser banqueiro
FLOYD NORRIS
DO "NEW YORK TIMES"
OS ANÚNCIOS de resultados do Goldman
Sachs e do JPMorgan
Chase, bem como a iminente
concordata do CIT Group,
mostram que o momento é ótimo para os banqueiros.
Ao menos se você não tiver
muito lixo tóxico em suas contas. Ou, para ser mais exato, se
puder agir como se não estivesse nessa situação.
O momento é ótimo porque a
concorrência está em queda, e
as margens de lucros, em alta.
Pode-se tomar empréstimos
com garantia do governo
-bem, da FDIC (agência federal garantidora dos depósitos
bancários). Existem alguns incômodos populistas que não
conseguem compreender que
um setor que teria desabado
não fosse a generosidade do governo agora veja motivos para
retornar aos dias de bônus milionários para seus executivos,
mas eles podem ser ignorados.
Um líder sindical que conheço estava resmungando alguma
coisa do tipo "eu também lucraria muito se o Fed [o BC
americano] me emprestasse dinheiro de graça", mas ele está
apenas sendo invejoso.
O CIT, infelizmente, tem
muitos maus empréstimos em
sua contabilidade. E o mesmo
aparentemente se aplica a muitos dos pequenos bancos dos
EUA que sofrem de grande exposição aos imóveis comerciais. Por isso, talvez ainda haja
muito sangue ainda por correr.
O CIT, e os demais bancos
desse tipo, foi irresponsável durante o boom. Provavelmente
não tão irresponsável quanto a
AIG, mas a AIG ao menos teve a
sabedoria de colocar todo o sistema financeiro em risco caso
quebrasse. O CIT é simplesmente insignificante demais
para ser salvo. Agora, o pessoal
da AIG também está recebendo
generosos bônus, o que simplesmente prova que o sucesso
também pode nascer do fracasso (basta que seja um fracasso
suficientemente estrondoso).
Quanto mais pequenas instituições de crédito falirem, melhores as notícias para quem se
mantiver no negócio. Quanto
menor a competição entre os
fornecedores de empréstimos,
melhor a margem de lucro.
Uma área em que existe menos competição é a dos cartões
de crédito. Um artigo do "New
York Times" fala sobre a raiva
dos pequenos comerciantes
quanto à elevação das tarifas
cobradas pelas transações com
cartões de crédito.
Eles querem que o governo
limite as tarifas. Já eu tenho
outra ideia. O ideal seria repassar as tarifas das operadoras de
cartão aos consumidores de
forma clara: o café custaria US$
1,50 em dinheiro e US$ 1,79 se
pago com o cartão. Caso a Visa
ofereça melhor negócio que a
American Express, o café pago
com um cartão Visa custaria
US$ 1,69. Um pouco de concorrência de preços viria a calhar.
Mas não existe muita competição no sistema financeiro
atual. O resgate do governo
americano permitiu que os
bancos se mantivessem à tona.
Mas não os livrou de seus empréstimos problemáticos e outros ativos ruins. Em lugar disso, o Congresso forçou as autoridades regulatórias a permitir
que os bancos declarassem que
os ativos disponíveis em seus
balanços tinham valor muito
superior àquele pelo qual poderiam ser vendidos.
As autoridades regulatórias,
como apontou Jonathan Weil
da agência Bloomberg, ainda
classificam a capitalização do
CIT como suficiente. E o mesmo se aplicava, é claro, ao Lehman Brothers. A lição óbvia a
extrair é que as autoridades regulatórias ou não fazem a menor ideia sobre o que está acontecendo de verdade ou temem
admitir que sabem. De qualquer forma, ser informado de
que um banco está bem capitalizado, hoje em dia, representa
um dado complemente inútil.
Há uma falta de crédito no
mercado, e esse é um motivos
para que os bancos possam cobrar preços tão salgados pelos
empréstimos que oferecem.
Mas essa falta prejudicará qualquer coisa que possa se assemelhar a uma recuperação econômica, o que pode deixar os ativos podres legados pela crise
em posição ainda pior da que
poderiam estar.
Mas não se desesperem. As
grandes bonificações aos funcionários dos bancos podem
ajudar alguns deles a adquirir
aquelas casas imensas que foram construídas exatamente
para pessoas como eles, nos
bons e velhos dias.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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