São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2004

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RECEITA ORTODOXA

Taxa avança para 10,87%, ante 10,11% no mês passado; mercado prevê que Selic seja mantida hoje em 16%

Juros reais crescem desde o último Copom

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os juros reais, de grande importância para as decisões de investimentos privados no país, recuaram um pouco do pico atingido na primeira semana do mês. Mesmo assim, estão acima do nível registrado no período da reunião do Copom do mês passado.
A taxa de juros reais é calculada com base na taxa prefixada para um período de 360 dias e nas expectativas do mercado para a inflação pelos próximos 12 meses. Ontem, a taxa estava em 10,87% ao ano. No último encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), estava em 10,11% anuais.
A manutenção dos juros reais em níveis elevados -em janeiro, por exemplo, estavam em 8,7%- é negativa para a recuperação econômica do país, pois investidores utilizam essa taxa para tomar suas decisões.
O Copom, que é formado por diretores e pelo presidente do BC, anuncia hoje como fica a taxa básica de juros (Selic). O consenso do mercado é que a Selic será mantida nos atuais 16% ao ano.
"Acredito que a Selic permaneça inalterada até o final do ano. Não vejo elementos para fazer a taxa subir ou descer", afirma o economista-chefe do banco Fibra, Guilherme da Nóbrega.
Mesmo quando o BC mantém a Selic estável, os juros reais podem subir por dois motivos: um é a queda na expectativa da inflação, o outro é a elevação das taxas futuras.
No fim de julho, quando o Copom divulgou a ata de sua reunião, as taxas futuras subiram expressivamente, elevando os juros reais -no último dia 5, chegaram a alcançar 10,99%.
Se as taxas reais se mantêm em níveis elevados podem acabar -além de desestimular investimentos- sendo repassadas para os juros finais praticados no mercado (cheque especial, crédito pessoal e desconto de duplicatas).
A última vez em que o Copom decidiu reduzir a taxa de juros foi em abril -na ocasião, a Selic caiu de 16,25% para 16% ao ano.

Pressões futuras
Na opinião de analistas, a evolução do preço do petróleo é fundamental para as próximas decisões do Copom. Isso porque repasses mais fortes dos custos do petróleo para os combustíveis internamente podem pressionar os índices de inflação.
Como o BC trabalha com o sistema de meta de inflação, se ela for ameaçada a autoridade monetária pode optar por voltar a elevar os juros básicos.
"A evolução do preço do petróleo é muito importante e pode criar elementos preocupantes mais para a frente", diz Nóbrega.


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