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Argentina anuncia pacote para reduzir importações
Medidas visam controlar as compras principalmente da China; Brasil não será afetado
Superávit na balança comercial argentina caiu 22% neste ano; boa parte dessa redução se deveu ao comércio com país asiático
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
Em meio à crise financeira
mundial, que atinge fortemente a Argentina também por
preocupações com a diminuição dos superávits fiscal e comercial, o governo argentino
anunciou ontem um pacote de
medidas alfandegárias para inibir importações, principalmente de origem chinesa.
Entre as medidas anunciadas
estão licenças não-automáticas
de importação para material
usado na indústria de calçados,
normas de segurança adicionais e dupla inspeção de qualidade para rodas e pneus e aduanas especiais para controlar o
ingresso de têxteis, calçados,
brinquedos, bicicletas, produtos de informática e eletrônica,
relógios e ferramentas.
A licença não-automática é
um mecanismo que obriga os
importadores a pedir autorização do governo para comprar
determinado produto.
O principal alvo das medidas
são as importações chinesas. O
governo inclusive adotará medidas exclusivamente contra os
produtos que vêm do país asiático, como verificação das faturas com a alfândega chinesa para evitar subfaturamento.
O ministro da Economia, Miguel Peirano, reconheceu que
as restrições não afetarão só a
China. "As medidas são gerais.
Obviamente, como a maioria
das importações vem da China,
vai haver impacto maior sobre
essas importações".
As medidas da Argentina não
terão impacto para o Brasil, de
acordo com Carlos Cavalcanti,
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Esses mecanismos de controle
já haviam sido adotados pela
Argentina para o Brasil desde
2003 para produtos importantes do comércio bilateral, como
eletroeletrônicos, calçados e
confecção. Ou seja, o Brasil já
sofre esse controle", afirmou.
Com as medidas, o governo
argentino pretende frear a diminuição do superávit na balança comercial, que, no primeiro semestre deste ano, baixou 22% (as importações subiram 24%, o dobro das exportações) e somou US$ 5,1 bilhões,
contra US$ 6,3 bilhões no mesmo período de 2006. Boa parte
disso se deve ao comércio com
a China, responsável por 10%
das importações argentinas.
Além de melhorar a balança
comercial, o governo argentino
quer assim incentivar a indústria nacional a produzir mais e
gerar mais empregos, sabendo
que seus produtos enfrentarão
menos concorrência.
Colaborou a Reportagem Local
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