São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Argentina anuncia pacote para reduzir importações

Medidas visam controlar as compras principalmente da China; Brasil não será afetado

Superávit na balança comercial argentina caiu 22% neste ano; boa parte dessa redução se deveu ao comércio com país asiático

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

Em meio à crise financeira mundial, que atinge fortemente a Argentina também por preocupações com a diminuição dos superávits fiscal e comercial, o governo argentino anunciou ontem um pacote de medidas alfandegárias para inibir importações, principalmente de origem chinesa.
Entre as medidas anunciadas estão licenças não-automáticas de importação para material usado na indústria de calçados, normas de segurança adicionais e dupla inspeção de qualidade para rodas e pneus e aduanas especiais para controlar o ingresso de têxteis, calçados, brinquedos, bicicletas, produtos de informática e eletrônica, relógios e ferramentas.
A licença não-automática é um mecanismo que obriga os importadores a pedir autorização do governo para comprar determinado produto.
O principal alvo das medidas são as importações chinesas. O governo inclusive adotará medidas exclusivamente contra os produtos que vêm do país asiático, como verificação das faturas com a alfândega chinesa para evitar subfaturamento.
O ministro da Economia, Miguel Peirano, reconheceu que as restrições não afetarão só a China. "As medidas são gerais. Obviamente, como a maioria das importações vem da China, vai haver impacto maior sobre essas importações".
As medidas da Argentina não terão impacto para o Brasil, de acordo com Carlos Cavalcanti, da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). "Esses mecanismos de controle já haviam sido adotados pela Argentina para o Brasil desde 2003 para produtos importantes do comércio bilateral, como eletroeletrônicos, calçados e confecção. Ou seja, o Brasil já sofre esse controle", afirmou.
Com as medidas, o governo argentino pretende frear a diminuição do superávit na balança comercial, que, no primeiro semestre deste ano, baixou 22% (as importações subiram 24%, o dobro das exportações) e somou US$ 5,1 bilhões, contra US$ 6,3 bilhões no mesmo período de 2006. Boa parte disso se deve ao comércio com a China, responsável por 10% das importações argentinas.
Além de melhorar a balança comercial, o governo argentino quer assim incentivar a indústria nacional a produzir mais e gerar mais empregos, sabendo que seus produtos enfrentarão menos concorrência.


Colaborou a Reportagem Local


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