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Para Amorim, comércio deve ser o centro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), sem citar nominalmente nenhum país, mandou um recado para os negociadores americanos da Alca: o acordo só será factível se a agenda de
negociações não for sobrecarregada com temas que não dizem
respeito ao comércio.
"Se tornamos a agenda muito
pesada, complicam as negociações. É como um avião com excesso de peso", disse Amorim,
durante audiência pública no
Congresso Nacional.
O Brasil mudou sua estratégia
de negociação na Alca com a chegada ao poder do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. O objetivo
brasileiro agora é negociar quase
que somente redução de tarifas e
barreiras a produtos importados.
Apenas algumas regras de comércio seriam acertadas na negociação hemisférica. Os temas mais
delicados para o país, como compras governamentais, comércio
de serviços e investimentos, ficariam na OMC (Organização
Mundial do Comércio).
O desejo do Itamaraty também
é que o Mercosul negocie os temas de redução tarifária diretamente com os Estados Unidos,
em vez de fazê-lo em conjunto
com os outros 32 sócios.
Segundo Amorim, a Alca corre
o risco de não avançar e repetir o
que aconteceu na reunião da
OMC, caso se insista numa agenda ampla de negociações.
"Essa lição [manter a agenda de
negociação enxuta] foi totalmente aprendida por nós, não sei se o
demais aprenderam", afirmou
Amorim, ao comentar qual seria
o impacto do encerramento das
negociações da OMC, em Cancún, na Alca.
Para ele, a tentativa da União
Européia de incluir em Cancún
temas como investimentos, compras governamentais, facilitação
de negócios e políticas de concorrência foi o que impossibilitou
um acordo no final da reunião.
O ministro, no entanto, ressaltou que a inexistência de um acordo em Cancún não significava um
fracasso. "Não existe nem fracasso absoluto nem sucesso absoluto." Segundo ele, o texto sobre a
abertura agrícola do final da reunião, embora insuficiente para as
ambições brasileiras, é melhor do
que o documento que estava na
mesa no início das negociações.
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