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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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Para Amorim, comércio deve ser o centro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), sem citar nominalmente nenhum país, mandou um recado para os negociadores americanos da Alca: o acordo só será factível se a agenda de negociações não for sobrecarregada com temas que não dizem respeito ao comércio.
"Se tornamos a agenda muito pesada, complicam as negociações. É como um avião com excesso de peso", disse Amorim, durante audiência pública no Congresso Nacional.
O Brasil mudou sua estratégia de negociação na Alca com a chegada ao poder do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo brasileiro agora é negociar quase que somente redução de tarifas e barreiras a produtos importados.
Apenas algumas regras de comércio seriam acertadas na negociação hemisférica. Os temas mais delicados para o país, como compras governamentais, comércio de serviços e investimentos, ficariam na OMC (Organização Mundial do Comércio).
O desejo do Itamaraty também é que o Mercosul negocie os temas de redução tarifária diretamente com os Estados Unidos, em vez de fazê-lo em conjunto com os outros 32 sócios.
Segundo Amorim, a Alca corre o risco de não avançar e repetir o que aconteceu na reunião da OMC, caso se insista numa agenda ampla de negociações.
"Essa lição [manter a agenda de negociação enxuta] foi totalmente aprendida por nós, não sei se o demais aprenderam", afirmou Amorim, ao comentar qual seria o impacto do encerramento das negociações da OMC, em Cancún, na Alca.
Para ele, a tentativa da União Européia de incluir em Cancún temas como investimentos, compras governamentais, facilitação de negócios e políticas de concorrência foi o que impossibilitou um acordo no final da reunião.
O ministro, no entanto, ressaltou que a inexistência de um acordo em Cancún não significava um fracasso. "Não existe nem fracasso absoluto nem sucesso absoluto." Segundo ele, o texto sobre a abertura agrícola do final da reunião, embora insuficiente para as ambições brasileiras, é melhor do que o documento que estava na mesa no início das negociações.


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