|
Próximo Texto | Índice
Folhainvest
Com juro menor, poupança já bate fundos
Análise de 53 fundos mostra que mais da metade perde para poupança em rentabilidade por causa de alta taxa de administração
Para analistas, com queda da Selic ficou ainda mais importante pesquisar taxas dos bancos para decidir qual melhor forma de investir
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos três meses mais
de 1 milhão de cotistas que aplicam em fundos de investimento de curto prazo, de renda fixa
e DI tiveram rentabilidade líquida inferior à da poupança.
A queda da taxa básica de juros e as altas taxas de administração cobradas pelos bancos
nos fundos ao pequeno investidor tiraram a competitividade
dessas aplicações.
A pedido da Folha, o site
Fortuna analisou 53 fundos de
curto prazo, renda fixa e DI,
com aplicação mínima inicial
inferior a R$ 5.000. Entre 12 de
junho e 12 de setembro, mais
da metade deles - 28 fundos
no total- renderam entre
2,11% e 2,67%, já descontada a
taxa de administração.
Após o Imposto de Renda, de
22,5% sobre a rentabilidade, o
ganho líquido ficou entre
1,64% e 2,07%. No mesmo período, a poupança rendeu
2,09%. Sobre as cadernetas não
incidem taxas nem IR. Já nos
28 fundos as taxas administrativas vão de 3,5% a 5,5% ao ano.
"Para empatar com a poupança nesse período, os fundos
teriam de render 2,70% antes
do IR", diz Marcelo D'Agosto,
diretor do Fortuna. Ele aplicou
a alíquota máxima de IR, que
incide no resgate até seis meses
após a aplicação, pois esses são
fundos com grande rotatividade: "Dificilmente o cotista fica
por um prazo longo para usufruir de alíquotas menores de
imposto", disse.
Os 28 fundos que apanharam
da poupança têm patrimônio
líquido de R$ 22 bilhões. São
administrados pelos dez maiores bancos do país: Banco do
Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú, Unibanco,
ABN Amro Real, Santander Banespa, HSBC, Citibank e Safra.
A Folha procurou todos esses bancos, mas só o ABN Amro se manifestou. "Com a queda dos juros, o pequeno investidor que quer obter uma rentabilidade média maior que a da
renda fixa tem outras opções,
como os fundos de ações e multimercados, que aceitam aplicações menores", disse Eduardo Jurcevic, superintendente
de fundos do banco.
Ele admite, entretanto, que
essas opções talvez não agradem ao investidor muito conservador, pois têm maior risco.
Taxas menores
Para André Oda, supervisor
do Labfin (Laboratório de Fundos) da FIA (Fundação Instituto de Administração) e professor da FEA-USP, o processo de
queda da taxa básica de juros, a
Selic, vai obrigar o mercado financeiro a reduzir as taxas de
administração dos fundos,
principalmente as destinadas
ao público do varejo. "Quanto
menor o juro, maior o peso da
taxa de administração", diz.
O consultor Fábio Colombo
diz que agora, mais do que nunca, é preciso pesquisar as taxas
dos fundos antes de investir.
Ele lembra que a partir de 1º
de outubro será possível movimentar os recursos que estavam aplicados em outubro de
2004, quando foi criada a conta
investimento, sem pagar
CPMF.
"O investidor deve conferir a
família de fundos do banco onde aplica e ver se há alguma
oferta de taxa de administração
menor. Se não houver, deve migrar para o banco concorrente",
recomenda Colombo.
Próximo Texto: Mercado fala em mudança de cálculo Índice
|