São Paulo, sexta-feira, 18 de setembro de 2009

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Empresas interessadas no pré-sal doaram R$ 28,5 mi

No Senado, 30% dos senadores receberam financiamento do setor em 2006

Na Câmara, 65 dos 513 deputados receberam doações do setor, inclusive congressistas que integram comissão do pré-sal


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O grupo de empresas diretamente afetado pelos quatro projetos de lei que tratam das regras para a exploração do pré-sal doaram a candidatos, nas eleições de 2006, um total de R$ 28,5 milhões, com destaque para o Senado, onde 30% de sua atual composição recebeu financiamento do setor.
Para efeito de comparação, o valor das doações, legais e registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), representa 27% do que a campanha presidencial de Lula arrecadou naquele ano, mas não inclui as doações que as empresas fizeram de forma oculta. Isso ocorre quando as empresas aproveitam brechas na legislação para doar aos candidatos via comitê único ou partido, o que praticamente impossibilita a ligação doador-candidato.
Além disso, a legislação eleitoral proíbe que empresas estrangeiras, que têm forte atuação no setor petrolífero nacional, façam doações.
No Congresso, o principal beneficiado foi o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que já trabalhou no grupo Shell e foi diretor da Petrobras.
Delcídio recebeu R$ 800 mil da UTC Engenharia. Na lista dos dez senadores com maior financiamento do setor (nas eleições de 2006 e 2002, já que o Senado não coloca todas as cadeiras em disputa a cada eleição), há cinco de partidos governistas e cinco da oposição.
Na Câmara, 65 dos atuais 513 deputados federais receberam recursos do setor, entre eles parlamentares hoje titulares da comissão que tratará do principal projeto do pré-sal, o que define o marco regulatório da exploração, e o ex-ministro Antonio Palocci (PT-SP), relator do projeto do Fundo Social que será abastecido com os recursos da exploração.
O deputado que mais recebeu do setor foi Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), com R$ 300 mil da Unipar (União de Indústrias Petroquímicas). Na lista dos dez mais beneficiados, há oito integrantes de partidos governistas e quatro de oposicionistas.
As empresas que mais doaram foram a Ipiranga, adquirida em 2007 por um grupo de empresas, entre elas a Petrobras, a Egesa Engenharia, a Unipar, a UTC Engenharia e a Braskem.
A Folha tomou como base três fontes para reunir o grupo de empresas diretamente afetado pelos projetos: 1) a lista de empresas qualificadas para a décima rodada de licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo) para exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural; 2) a lista de concessionárias para exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural; e 3) a lista de associados do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
(RANIER BRAGON E FERNANDA ODILLA)


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