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Empresas interessadas no pré-sal doaram R$ 28,5 mi
No Senado, 30% dos senadores receberam financiamento do setor em 2006
Na Câmara, 65 dos 513 deputados receberam doações do setor, inclusive congressistas que integram comissão do pré-sal
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O grupo de empresas diretamente afetado pelos quatro
projetos de lei que tratam das
regras para a exploração do
pré-sal doaram a candidatos,
nas eleições de 2006, um total
de R$ 28,5 milhões, com destaque para o Senado, onde 30%
de sua atual composição recebeu financiamento do setor.
Para efeito de comparação, o
valor das doações, legais e registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), representa
27% do que a campanha presidencial de Lula arrecadou naquele ano, mas não inclui as
doações que as empresas fizeram de forma oculta. Isso ocorre quando as empresas aproveitam brechas na legislação para
doar aos candidatos via comitê
único ou partido, o que praticamente impossibilita a ligação
doador-candidato.
Além disso, a legislação eleitoral proíbe que empresas estrangeiras, que têm forte atuação no setor petrolífero nacional, façam doações.
No Congresso, o principal
beneficiado foi o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que já trabalhou no grupo Shell e foi diretor da Petrobras.
Delcídio recebeu R$ 800 mil
da UTC Engenharia. Na lista
dos dez senadores com maior
financiamento do setor (nas
eleições de 2006 e 2002, já que
o Senado não coloca todas as
cadeiras em disputa a cada eleição), há cinco de partidos governistas e cinco da oposição.
Na Câmara, 65 dos atuais 513
deputados federais receberam
recursos do setor, entre eles
parlamentares hoje titulares da
comissão que tratará do principal projeto do pré-sal, o que define o marco regulatório da exploração, e o ex-ministro Antonio Palocci (PT-SP), relator do
projeto do Fundo Social que será abastecido com os recursos
da exploração.
O deputado que mais recebeu do setor foi Antonio Carlos
Magalhães Neto (DEM-BA),
com R$ 300 mil da Unipar
(União de Indústrias Petroquímicas). Na lista dos dez mais
beneficiados, há oito integrantes de partidos governistas e
quatro de oposicionistas.
As empresas que mais doaram foram a Ipiranga, adquirida em 2007 por um grupo de
empresas, entre elas a Petrobras, a Egesa Engenharia, a
Unipar, a UTC Engenharia e a
Braskem.
A Folha tomou como base
três fontes para reunir o grupo
de empresas diretamente afetado pelos projetos: 1) a lista de
empresas qualificadas para a
décima rodada de licitações da
ANP (Agência Nacional do Petróleo) para exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural; 2) a lista de
concessionárias para exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural; e
3) a lista de associados do IBP
(Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
(RANIER BRAGON E FERNANDA ODILLA)
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