São Paulo, sexta-feira, 18 de setembro de 2009

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Investidor estrangeiro aponta incertezas

ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

O projeto de exploração do pré-sal expôs ontem a divisão entre investidores internacionais e industriais franceses durante apresentações feitas em Paris pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.
Se entre os potenciais fornecedores o clima era de euforia diante da possibilidade de novos negócios no Brasil, os investidores mantiveram cautela.
Para os investidores, a principal dúvida era sobre as regras para a capitalização da Petrobras e sobre o valor das reservas, ou seja, o preço que será atribuído aos 5 bilhões de barris que serão cedidos pelo governo brasileiro à estatal. "Há ainda muitas incertezas sobre como esses 5 bilhões de barris serão dados à Petrobras. Como será atribuído o preço, o que isso representa exatamente em termos de capital?" , questionou Patrice Lemonnier, gerente de mercados emergentes do banco Crédit Agricole.
Os investidores demonstraram desconfiança em relação às afirmações de Gabrielli de que o risco exploratório no pré-sal seria muito baixo e se mostraram preocupados com relação aos custos de extração. "Sendo uma companhia estrangeira, você vai colocar 70% do dinheiro em um projeto com custos que você não sabe como vão evoluir ? O risco é importante para você botar dinheiro", afirmou Isaac Chebbar, DNCA Finance.
Outras dúvidas ainda foram levantadas sobre o calendário para aprovação dos projetos enviados ao Congresso. Diante das incertezas, a recomendação dos investidores internacionais em Paris era que o melhor a fazer no momento é aguardar. "Temos vontade de investir, de acreditar, mas eu não investiria agora. Esperaria um pouco para ver o que vai acontecer", disse Anne Ulrich, representante de um banco de de investimentos de um dos maiores grupos financeiros franceses.
Aparentemente menos preocupados com o novo marco regulatório do governo brasileiro, os industriais franceses que acompanharam a primeira apresentação de Gabrielli viam o pré-sal como uma oportunidade promissora para novos negócios com o Brasil.
Para Philippe Lecourtier, presidente do conselho de administração da Câmara de Comércio do Brasil na França, não há reticências por parte das empresas francesas, pois sabem que "a Petrobras não apresenta nenhum risco fundamental sistêmico ". Segundo ele, o objetivo é que as parcerias não se limitem à alta tecnologia militar, agricultura ou agroalimentar, mas que também se deem em áreas como petróleo e energia. Durante a visita a Paris, o presidente da Petrobras assinou um memorando de intenções com a petrolífera Total para cooperação em produção, transferência de tecnologia e outras áreas de operação.

Investimentos
Além dos detalhes do pré-sal, Gabrielli apresentou a investidores e empresários o plano de investimentos da estatal para o período 2009-2013 de um total US$ 174 bilhões. Disse que a empresa vai congelar os investimentos internacionais, pois as oportunidades no Brasil são "muito grandes" e rejeitou as críticas de que uma maior participação do estado possa comprometer os investimentos privados. "No mundo, 77% do acesso às reservas mundiais é controlado por empresas que são 100% controladas pelo governo", afirmou.
O presidente da Petrobras voltou a afirmar que a nova proposta do marco regulatório não implica, necessariamente, aumento da participação do governo na Petrobras.


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