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Investidor estrangeiro aponta incertezas
ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
O projeto de exploração do
pré-sal expôs ontem a divisão
entre investidores internacionais e industriais franceses durante apresentações feitas em
Paris pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.
Se entre os potenciais fornecedores o clima era de euforia
diante da possibilidade de novos negócios no Brasil, os investidores mantiveram cautela.
Para os investidores, a principal dúvida era sobre as regras
para a capitalização da Petrobras e sobre o valor das reservas, ou seja, o preço que será
atribuído aos 5 bilhões de barris que serão cedidos pelo governo brasileiro à estatal. "Há
ainda muitas incertezas sobre
como esses 5 bilhões de barris
serão dados à Petrobras. Como
será atribuído o preço, o que isso representa exatamente em
termos de capital?" , questionou Patrice Lemonnier, gerente de mercados emergentes do
banco Crédit Agricole.
Os investidores demonstraram desconfiança em relação
às afirmações de Gabrielli de
que o risco exploratório no pré-sal seria muito baixo e se mostraram preocupados com relação aos custos de extração.
"Sendo uma companhia estrangeira, você vai colocar 70%
do dinheiro em um projeto com
custos que você não sabe como
vão evoluir ? O risco é importante para você botar dinheiro", afirmou Isaac Chebbar,
DNCA Finance.
Outras dúvidas ainda foram
levantadas sobre o calendário
para aprovação dos projetos
enviados ao Congresso. Diante
das incertezas, a recomendação
dos investidores internacionais
em Paris era que o melhor a fazer no momento é aguardar.
"Temos vontade de investir, de
acreditar, mas eu não investiria
agora. Esperaria um pouco para ver o que vai acontecer", disse Anne Ulrich, representante
de um banco de de investimentos de um dos maiores grupos
financeiros franceses.
Aparentemente menos preocupados com o novo marco regulatório do governo brasileiro,
os industriais franceses que
acompanharam a primeira
apresentação de Gabrielli viam
o pré-sal como uma oportunidade promissora para novos
negócios com o Brasil.
Para Philippe Lecourtier,
presidente do conselho de administração da Câmara de Comércio do Brasil na França, não
há reticências por parte das
empresas francesas, pois sabem que "a Petrobras não apresenta nenhum risco fundamental sistêmico ". Segundo ele, o
objetivo é que as parcerias não
se limitem à alta tecnologia militar, agricultura ou agroalimentar, mas que também se
deem em áreas como petróleo e
energia. Durante a visita a Paris, o presidente da Petrobras
assinou um memorando de intenções com a petrolífera Total
para cooperação em produção,
transferência de tecnologia e
outras áreas de operação.
Investimentos
Além dos detalhes do pré-sal,
Gabrielli apresentou a investidores e empresários o plano de
investimentos da estatal para o
período 2009-2013 de um total
US$ 174 bilhões. Disse que a
empresa vai congelar os investimentos internacionais, pois
as oportunidades no Brasil são
"muito grandes" e rejeitou as
críticas de que uma maior participação do estado possa comprometer os investimentos privados. "No mundo, 77% do
acesso às reservas mundiais é
controlado por empresas que
são 100% controladas pelo governo", afirmou.
O presidente da Petrobras
voltou a afirmar que a nova
proposta do marco regulatório
não implica, necessariamente,
aumento da participação do governo na Petrobras.
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