São Paulo, sexta-feira, 18 de setembro de 2009

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Lucro de bancos cai 24% no 1º semestre

Instituições públicas tiveram recuo maior nos ganhos, mas ampliaram carteira de crédito em ritmo mais forte que o dos bancos privados

Apesar de ser o 9º no ranking do país, Citibank registrou o 4º maior lucro no período, atrás de Itaú-Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o agravamento da crise internacional, o lucro dos bancos que atuam no Brasil teve uma queda de 24,5% no primeiro semestre deste ano, segundo levantamento feito pelo Banco Central com os balanços das cem instituições financeiras que operam no país.
De acordo com o BC, o resultado acumulado entre janeiro e junho foi de R$ 19,3 bilhões, ante R$ 25,6 bilhões registrados no mesmo período de 2008. Os dados mostram que as dificuldades foram enfrentadas tanto por bancos públicos como pelos privados, apesar de a queda ter sido um pouco maior nas instituições estatais.
Os bancos públicos lucraram R$ 5,74 bilhões no primeiro semestre, um recuo de 26,7% na comparação com os primeiros seis meses do ano passado.
No mesmo espaço de tempo, os ganhos das instituições privadas caiu 23,5%, chegando a R$ 13,6 bilhões na primeira metade deste ano.
Os valores se referem apenas às instituições financeiras propriamente ditas. Ou seja, não incluem empresas que prestam outros tipos de serviço financeiro, como seguradoras, administradoras de cartões de crédito e planos de previdência que façam parte do mesmo conglomerado dos bancos.
Itaú Unibanco e Bradesco foram as instituições financeiras que apresentaram os maiores lucros no primeiro semestre, seguidos do Banco do Brasil. O Citibank, apesar de ser apenas o nono maior banco do país no critério de ativos, teve o quarto maior ganho entre janeiro e junho.

Expansão do crédito
Apesar de terem ficado um pouco atrás em termos de lucratividade, os bancos públicos foram os que registraram a maior expansão do crédito, fazendo inclusive com que o Banco do Brasil retomasse o posto de maior instituição financeira do país, ultrapassando o Itaú Unibanco.
Entre setembro de 2008 e julho de 2009, ainda segundo dados do BC, a carteira de crédito dos bancos públicos cresceu 32,9%, enquanto nas instituições privadas de grande porte a expansão foi de 9,1% no mesmo período. Nos bancos pequenos e nos médios, ao contrário, houve ligeiro recuo de 0,3%.
O problema é que maior concessão de empréstimos não significa, necessariamente, maiores ganhos para os bancos. Nessas operações, a rentabilidade depende não apenas dos juros cobrados dos devedores, mas também das taxas pagas para captar recursos no mercado.
Um dos efeitos da crise sobre o sistema financeiro foi justamente o aumento dos custos de captação, já que, diante das incertezas do mercado, muitos investidores passaram a ficar mais cautelosos na aplicação de seu dinheiro.
Isso significa que, para depositar dinheiro numa instituição financeira em um momento de turbulência, esses investidores passaram a pedir juros mais elevados, aumentando os custos dos bancos. No primeiro semestre deste ano, os gastos com captações no mercado feitas pelos bancos chegaram a R$ 81,8 bilhões, um aumento de 28% em relação aos primeiros seis meses de 2008.


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