São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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ENERGIA

Estatal obtém desconto de US$ 100 mi para levar 58,6% de empresa argentina

Petrobras paga menos pela Pecom

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

A Petrobras conseguiu reduzir em quase US$ 100 milhões o preço para a compra de 58,6% das ações da Pecom Energia, a segunda maior empresa do setor petrolífero da Argentina.
Ao assinar o acordo de compra preliminar, em julho, a Petrobras previa pagar US$ 1,125 bilhão pelo controle da Pecom. No entanto, o valor foi reduzido para US$ 1,027 bilhão, segundo o contrato definitivo firmado ontem.
O presidente da Petrobras, Francisco Gros, disse que o desconto obtido não reflete a alta do dólar no Brasil -que encareceu o negócio-, mas os resultados da auditoria "mais profunda" realizada nos últimos três meses para avaliar o valor da Pecom.
Do preço total, a Petrobras já pagou US$ 689 milhões em dinheiro à família Pérez Companc, que detinha as ações. Os outros US$ 338 milhões correspondem a bônus entregues à família que vencem em outubro de 2007.
A Petrobras ainda vai precisar obter autorização dos órgãos argentinos de defesa da concorrência para concluir definitivamente a aquisição. Normalmente, esses processos são analisados no país vizinho em até 45 dias, que podem ser prolongados por mais 45 dias sempre que houver a necessidade de fornecer novas informações para avançar na análise.
Segundo Gros, a compra da Pecom deve ser aprovada "em breve" porque, "juntas, as duas empresas não dominam nenhum dos mercados de atuação".
Ele afirmou, no entanto, que o contrato assinado ontem prevê que o negócio será automaticamente desfeito se a aprovação não sair nos próximos 12 meses ou se os órgãos de defesa da concorrência obrigarem a Petrobras a revender "grande parte dos ativos".
"Não é o momento de vender ativos na Argentina, mas de comprá-los. Só concordamos em abrir mão de ativos marginais, e, para isso, já há um valor estabelecido para cada ativo que seja devolvido", explicou.

Sem fusão
A Petrobras não vai promover a fusão da Pecom com outras empresas que possui na Argentina, como a Petroleira Santa Fé e a rede de postos EG3. Com isso, a empresa brasileira não será obrigada a administrar diretamente as dívidas de US$ 2 bilhões da Pecom, que foram renegociadas nos últimos meses e têm agora um prazo médio de vencimento de quatro anos e cinco meses.


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