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Gravadoras vão processar 20 brasileiros
Associação internacional anuncia ofensiva judicial contra músicas baixadas da internet sem pagamento de direitos
ABPD não divulga nomes dos atingidos, mas diz que cada um tem entre 3.000 e 6.000 músicas e que vai pedir indenização
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A indústria fonográfica
anunciou ontem a intenção de
processar civilmente 20 brasileiros que baixaram gratuitamente músicas pela internet. A
IFPI (Federação Internacional
da Indústria Fonográfica) iniciou ofensiva legal mundial
contra usuários de redes de trocas de arquivos gratuitos.
Pela primeira vez, o Brasil será alvo de ações desse tipo. As
gravadoras pedem indenização, não a criminalização dos
usuários. Segundo Paulo Rosa,
diretor da ABPD (Associação
Brasileira dos Produtores de
Discos), 20 usuários nacionais
serão acionados judicialmente.
Cada um tem entre 3.000 e
6.000 músicas compartilhadas,
disse a ABPD. As identidades
dos denunciados não foram reveladas. No total, a IFPI anunciou mais de 8.000 novos processos em 17 países.
"Queremos combater o roubo do direito autoral e promover o legítimo uso da música
pela internet", disse o inglês
John Kennedy, presidente da
IFPI. A ofensiva tem como objetivo principal combater os
programas de trocas de arquivos, comumente chamados de
"peer-to-peer" (ou P2P). Esse
tipo de software permite aos internautas trocar arquivos on-line de forma rápida, diretamente entre os computadores de
pessoas conectadas, sem passar
por uma máquina central.
"As pessoas têm que entender o que é direito à propriedade. Não vejo diferença entre a
pessoa que troca arquivos gratuitamente pela internet e outra que entra numa loja e rouba
um CD", afirmou o inglês.
De acordo com Rosa, da
ABPD, o mercado musical brasileiro vem sofrendo um ataque
crescente da pirataria on-line
por meio principalmente do
compartilhamento de arquivos
digitais, entre usuários de redes
P2P.
Segundo Rosa, o aumento
das vendas de computadores e
do acesso à internet por meio
de banda larga criam condições
favoráveis aos usuários das redes gratuitas.
Uma pesquisa realizada pela
Ipsos estima que 1 bilhão de
músicas foram baixadas no
Brasil de forma gratuita pela internet em três meses deste ano,
disse Rosa. O perfil do ""baixador" é concentrado nas classes
mais altas (67% integram as
classes A e B) e na faixa de 15 a
24 anos.
No Brasil, a ABPD não descarta a possibilidade de processar menores e seus pais. Ela vai
colocar no seu site uma cartilha
para ""os pais vigiarem os filhos
no computador", alertando sobre os riscos jurídicos e as responsabilidades legais nas quais
os pais podem ser enquadrados.
A IFPI quer que os usuários
baixem músicas só nos 350 sites de música digital considerados legítimos (que cobram por
faixa captada). Dez sites desse
tipo operam no Brasil, com 3
milhões de faixas on-line. Segundo a IFPI, as vendas de música digital totalizaram US$ 1,1
bilhão em receita e 5,5% do total de venda do setor.
O último balanço do mercado fonográfico brasileiro mostrou queda de 12,9% no faturamento total em 2005, e o compartilhamento foi listado entre
as causas.
Em janeiro, a associação da
indústria musical britânica ganhou um processo contra dois
homens que disponibilizaram
milhares de músicas na internet. A corte ordenou que os
dois paguem indenização entre
R$ 6.000 e R$ 20 mil. Os condenados, que não tiveram seus
nomes divulgados, são acusados com outros três de usar
software de P2P para compartilhar 8.906 músicas pela internet. Eles se defenderam dizendo que não sabiam que o ato era
ilegal e que não tiveram nenhum lucro com as músicas.
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