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Aracruz anuncia prejuízo de R$ 1,6 bi e cancela projetos
Operação com derivativos cambiais provocou o rombo no
balanço da companhia e fez empresa suspender nova fábrica
Forte desvalorização do real nas últimas semanas gerou uma perda de R$ 1,95 bilhão à companhia com as operações financeiras
DA REPORTAGEM LOCAL
A operação financeira com
derivativos cambiais deixou
um rombo bilionário no balanço da Aracruz. Como já era esperado, a companhia anunciou
ontem prejuízo de R$ 1,64 bilhão no balanço do 3º trimestre. Como obteve resultado positivo na primeira metade do
ano, a companhia acumula agora um prejuízo líquido de R$
1,21 bilhão.
O resultado levou a empresa
a suspender o projeto de construção da segunda unidade de
celulose em Guaíba (RS) para a
produção de 1,4 milhão de toneladas. A empresa também
cancelou os planos de aquisição
de terras para formação de maciço florestal para a expansão
da Veracel, em parceria com a
Stora Enso.
A contratação de um instrumento de proteção (hedge) no
mercado financeiro tinha como
objetivo defender o caixa da
companhia da desvalorização
do dólar. No balanço divulgado
ontem, a direção da Aracruz
afirma que, desde 2004, a companhia enfrentava elevada valorização do real ante a moeda
norte-americana.
Com receitas atreladas quase
que integralmente ao dólar, a
empresa alegou que precisava
de um instrumento para defender-se da valorização do real.
Ainda segundo a Aracruz, 15%
da dívida e 75% dos custos de
produção eram atrelados ao
real. A valorização da moeda
brasileira, que de maio de 2004
a agosto de 2008 chegou a
106%, comprometia a competitividade da companhia.
Foi em maio de 2004 que a
Aracruz decidiu proteger o caixa com os derivativos cambiais.
O instrumento financeiro funcionou durante muito tempo,
mas conservava um risco com
eventuais inversões de tendência. Foi o que ocorreu com a crise financeira internacional. O
real se desvalorizou rapidamente e a proteção em contratos de dólar tornou-se um pesado custo.
A Aracruz contratou uma
consultoria para avaliar os contratos de derivativos e concluiu
que o custo da desvalorização
seria de R$ 1,95 bilhão. Segundo Felipe Volcato Ruppenthal,
analista da indústria de papel e
celulose da Corretora Geração
Futuro, o valor apurado pela
companhia ainda pode sofrer
alterações ao longo dos próximos 12 meses, a depender da
variação do câmbio. "A liquidação dessa operação ao longo de
um ano pode resultar num custo maior ou menor, vai depender da evolução da taxa de câmbio", diz.
(AGNALDO BRITO)
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