São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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Aracruz anuncia prejuízo de R$ 1,6 bi e cancela projetos

Operação com derivativos cambiais provocou o rombo no balanço da companhia e fez empresa suspender nova fábrica

Forte desvalorização do real nas últimas semanas gerou uma perda de R$ 1,95 bilhão à companhia com as operações financeiras


DA REPORTAGEM LOCAL

A operação financeira com derivativos cambiais deixou um rombo bilionário no balanço da Aracruz. Como já era esperado, a companhia anunciou ontem prejuízo de R$ 1,64 bilhão no balanço do 3º trimestre. Como obteve resultado positivo na primeira metade do ano, a companhia acumula agora um prejuízo líquido de R$ 1,21 bilhão.
O resultado levou a empresa a suspender o projeto de construção da segunda unidade de celulose em Guaíba (RS) para a produção de 1,4 milhão de toneladas. A empresa também cancelou os planos de aquisição de terras para formação de maciço florestal para a expansão da Veracel, em parceria com a Stora Enso.
A contratação de um instrumento de proteção (hedge) no mercado financeiro tinha como objetivo defender o caixa da companhia da desvalorização do dólar. No balanço divulgado ontem, a direção da Aracruz afirma que, desde 2004, a companhia enfrentava elevada valorização do real ante a moeda norte-americana.
Com receitas atreladas quase que integralmente ao dólar, a empresa alegou que precisava de um instrumento para defender-se da valorização do real. Ainda segundo a Aracruz, 15% da dívida e 75% dos custos de produção eram atrelados ao real. A valorização da moeda brasileira, que de maio de 2004 a agosto de 2008 chegou a 106%, comprometia a competitividade da companhia.
Foi em maio de 2004 que a Aracruz decidiu proteger o caixa com os derivativos cambiais. O instrumento financeiro funcionou durante muito tempo, mas conservava um risco com eventuais inversões de tendência. Foi o que ocorreu com a crise financeira internacional. O real se desvalorizou rapidamente e a proteção em contratos de dólar tornou-se um pesado custo.
A Aracruz contratou uma consultoria para avaliar os contratos de derivativos e concluiu que o custo da desvalorização seria de R$ 1,95 bilhão. Segundo Felipe Volcato Ruppenthal, analista da indústria de papel e celulose da Corretora Geração Futuro, o valor apurado pela companhia ainda pode sofrer alterações ao longo dos próximos 12 meses, a depender da variação do câmbio. "A liquidação dessa operação ao longo de um ano pode resultar num custo maior ou menor, vai depender da evolução da taxa de câmbio", diz. (AGNALDO BRITO)



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