São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2001

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Mercado negocia 10 mil toneladas de frutas e hortaliças diariamente

DA REPORTAGEM LOCAL

Subordinada desde 97 ao Ministério da Agricultura, a Ceagesp negocia 10 mil toneladas de frutas, hortaliças, flores e pescados por dia. Abastece 60% da Grande São Paulo e 30% do país. Comercializa ainda 40 mil toneladas de flores por ano.
A companhia tem filiais em 12 cidades do interior do Estado, sendo que duas delas são terceirizadas -em Franca e Araçatuba. As unidades próprias estão em Sorocaba, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Rio Preto, Bauru, Cananéia, Piracicaba, Araraquara e Marília.
Os números da companhia impressionam: 10 mil veículos -sendo 5.000 caminhões- circulam diariamente pelo local, 50 mil pessoas passam por 3.800 empresas permissionárias com 12 mil funcionários, o lixo chega a 100 toneladas por dia.
Criada na década de 60, a Ceagesp nasceu da fusão entre a Ceasa, central de abastecimento, e a Cagesp, que reunia os armazéns.
Para José Roberto Graziano, gerente-geral de entreposto, a economia informal na companhia não é tão expressiva.
Segundo Graziano, as mercadorias clandestinas (sem notas fiscais) são apreendidas e, se não forem regularizadas em um prazo de 24 horas, são doadas às instituições de caridade.
Na Grande São Paulo, a companhia doa 40 toneladas de alimentos in natura por mês para 130 entidades assistenciais. "São sobras de comercialização ou material apreendido", afirma Graziano.
A companhia também tem outros projetos para o interior de São Paulo. Por mês, entrega 6.000 latas de sopas para mais de cem instituições. Cada lata rende 20 refeições. Uma creche para tirar crianças da favela também foi criada pela Ceagesp. Cerca de 300 crianças são atendidas com reforço escolar, serviços médicos, terapia e uma escolinha de futebol.
A Ceagesp é o ganha-pão de milhares de famílias que também vivem ao redor do entreposto. Duas funções chamam a atenção: a de batedor de ripas e a de caça sobras de frutas e legumes.
Os "bate-ripas" cobram geralmente R$ 0,10 para embalar as frutas em uma caixa de madeira, pois é assim que elas precisam chegar aos boxes -antes de serem comercializadas.
Cada batedor consegue fechar 900 caixas por dia, o que lhe dá um rendimento de R$ 90 diariamente. Quem conhece de perto esse trabalho diz que a tarefa não é fácil. No final do dia, os dedos ficam machucados, por isso o trabalho é feito dia sim, dia não.
Da Ceagesp também saem os vendedores de sobras do dia. No final da tarde, pegam as frutas do chão e as arrumam em caixas para revendê-las em bairros da periferia da cidade. Os comerciantes da Ceagesp não vêem essa prática com muito gosto. É que os vendedores de sobras cobram pelas frutas a metade do preço.
"Vendo as sobras em Barueri", diz Daniel Antônio de Oliveira, 40, que ganha R$ 100 por semana. José Petrúcio, 50, montou uma microempresa na favela em que mora para transformar pedaços de madeira recolhidos do chão em caixas, que são compradas especialmente por vendedores de flores. Petrúcio produz até 2.500 caixas por semana. (FF e CR)



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