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Mercado negocia 10 mil toneladas de frutas e hortaliças diariamente
DA REPORTAGEM LOCAL
Subordinada desde 97 ao Ministério da Agricultura, a Ceagesp
negocia 10 mil toneladas de frutas,
hortaliças, flores e pescados por
dia. Abastece 60% da Grande São
Paulo e 30% do país. Comercializa
ainda 40 mil toneladas de flores
por ano.
A companhia tem filiais em 12
cidades do interior do Estado,
sendo que duas delas são terceirizadas -em Franca e Araçatuba.
As unidades próprias estão em
Sorocaba, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Rio Preto, Bauru,
Cananéia, Piracicaba, Araraquara
e Marília.
Os números da companhia impressionam: 10 mil veículos
-sendo 5.000 caminhões- circulam diariamente pelo local, 50
mil pessoas passam por 3.800 empresas permissionárias com 12
mil funcionários, o lixo chega a
100 toneladas por dia.
Criada na década de 60, a Ceagesp nasceu da fusão entre a Ceasa, central de abastecimento, e a
Cagesp, que reunia os armazéns.
Para José Roberto Graziano, gerente-geral de entreposto, a economia informal na companhia
não é tão expressiva.
Segundo Graziano, as mercadorias clandestinas (sem notas fiscais) são apreendidas e, se não forem regularizadas em um prazo
de 24 horas, são doadas às instituições de caridade.
Na Grande São Paulo, a companhia doa 40 toneladas de alimentos in natura por mês para 130 entidades assistenciais. "São sobras
de comercialização ou material
apreendido", afirma Graziano.
A companhia também tem outros projetos para o interior de
São Paulo. Por mês, entrega 6.000
latas de sopas para mais de cem
instituições. Cada lata rende 20
refeições. Uma creche para tirar
crianças da favela também foi
criada pela Ceagesp. Cerca de 300
crianças são atendidas com reforço escolar, serviços médicos, terapia e uma escolinha de futebol.
A Ceagesp é o ganha-pão de milhares de famílias que também vivem ao redor do entreposto. Duas
funções chamam a atenção: a de
batedor de ripas e a de caça sobras
de frutas e legumes.
Os "bate-ripas" cobram geralmente R$ 0,10 para embalar as
frutas em uma caixa de madeira,
pois é assim que elas precisam
chegar aos boxes -antes de serem comercializadas.
Cada batedor consegue fechar
900 caixas por dia, o que lhe dá
um rendimento de R$ 90 diariamente. Quem conhece de perto
esse trabalho diz que a tarefa não é
fácil. No final do dia, os dedos ficam machucados, por isso o trabalho é feito dia sim, dia não.
Da Ceagesp também saem os
vendedores de sobras do dia. No
final da tarde, pegam as frutas do
chão e as arrumam em caixas para revendê-las em bairros da periferia da cidade. Os comerciantes
da Ceagesp não vêem essa prática
com muito gosto. É que os vendedores de sobras cobram pelas frutas a metade do preço.
"Vendo as sobras em Barueri",
diz Daniel Antônio de Oliveira,
40, que ganha R$ 100 por semana.
José Petrúcio, 50, montou uma
microempresa na favela em que
mora para transformar pedaços
de madeira recolhidos do chão
em caixas, que são compradas especialmente por vendedores de
flores. Petrúcio produz até 2.500
caixas por semana.
(FF e CR)
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